Foto: (Prefeitura de Aracaju)
Publicado originalmente no site do Portal Alô News, em 19/05/2018
Exclusiva do Alô: a entrevista desta semana é com o
jornalista Ivan valença, novo colunista do Portal Alô News
Nesta entrevista, além de falar sobre sua trajetória
profissional, Ivan Valença aborda as expectativas para a política as eleições
deste ano
Considerado um dos principais representantes do jornalismo
político sergipano, Ivan Valença tem se destacado há mais de 50 anos no estado
pelas suas análises políticas contundentes e pelo estilo original de escrita e
observação dos bastidores políticos.
Movido por um inesgotável sentimento de paixão pela
política, Ivan Valença começou praticamente criança a trabalhar com jornalismo
e a acompanhar de perto o cenário político local. Tendo vivido inúmeras fases
da vida política brasileira, desde ao estabelecimento da ditadura ao último
impeachment de um presidente da república, em 2016, Ivan tem muita história
para contar e experiência de sobra para interpretar as movimentações do
universo político.
A partir da próxima segunda-feira (21), ele estreará uma
coluna no Portal Alô News, onde abordará tanto assuntos ligados à política
sergipana como à nacional. Para falar um pouco sobre essa nova etapa na
carreira, sua história no jornalismo e as perspectivas eleitorais para este ano
Ivan Valença concedeu ao nosso site uma entrevista exclusiva. Confira ela a
seguir:
Alô News (A.N): Ivan Valença, seu nome é o mais lembrado em
Sergipe quando queremos tratar de opinião política na jornalismo local. Nos
conte como despertou o seu interesse pela área e iniciou sua trajetória
profissional.
Ivan Valença (I.V): Comecei a trabalhar no jornalismo em
1958, aos 14 anos de idade entrei na gazeta socialista que depois virou gazeta
de Sergipe, foi minha primeira experiência, quando comecei a assistir com
frequência as sessões da assembleia legislativa, localizada á época em outro
prédio.
Depois de quatro anos, fui destacado para outras áreas e
passei a fazer cobertura policial. Mas achei aquilo muito deprimente e pedi
para voltar à área política. Nesse período passei a escrever na coluna Informe
GS, uma das mais lidas da Gazeta.
Em 1970, saí da Gazeta e fundei o Jornal da Cidade, que no
início tinha apenas oito páginas, mas já era impresso em offset, tecnologia
inédita para o mercado sergipano.
Já na década de 80 montei uma empresa que criava jornais
para vários municípios do interior e mesmo para a capital. Sempre estive na
ativa, desenvolvendo novos projetos e fazendo aquilo que mais gosto, que é
acompanhar a política.
Até que nos anos 90, recebi o convite de um amigo para
produzir o noticiário de um site, posteriormente, ele me concedeu o espaço de
um blog no site, onde tornei a tratar de questões políticas.
(A.N): Nos conte então como foi a sua adaptação ao mundo
virtual, com a popularização da internet. Se dá bem com as tecnologias?
(I.V): Tenho que admitir que me sinto um corpo estranho na
internet, eu prefiro fazer jornalismo de modo tradicional mesmo, no jornal. Eu
mesmo quem digito meus textos, comigo não tem esse negócio de passar pra outras
pessoas. Não sei o que elas podem escrever.
(A.N): O senhor está chegando nesta próxima segunda ao Alô
News, pode adiantar algo a respeito do estilo que adotará nas abordagens
políticas que serão feitas no nosso site?
(I.V): Eu não quero fazer algo igual ao que já escrevo em
outro espaço, mas digo que vai ter algo semelhante sim, que identifique meu
estilo. Vai ser um comentário diário sobre os acontecimentos da política
sergipana e nacional.
(A.N): Como colunista político, o senhor deve incomodar
muitas pessoas, e consequentemente receber críticas. Como lida com isso? Já
chegaram a te processar, por exemplo?
(I.V): De vez em quando cismam e “esculhambam comigo, mas eu
não ligo pra isso. Se eu faço meu comentário, e acredito que estou certo, e
geralmente estou mesmo, eu pouco estou ligando pra o que dizem sobre mim. Não
me omito. Eu já até respondi a processos algumas vezes. Lembro que durante a
época do golpe militar, eu só não fui preso por que segundo um tenente coronel
era o único que fazia o jornal, então me deixaram solto com a ressalva de não
falar nada, de não criticar ninguém.
E aí fui levando, passei aquele período autoritário da
melhor maneira possível.
(A.N): Em Sergipe, o senhor é um dos poucos colunistas que
aborda também questões da política nacional. Como está avaliando o cenário de
disputa para presidente do país?
(I.V): Veja bem, não torço por Bolsonaro, ele é muito
reacionário pro meu gosto. Infelizmente Lula trilhou caminhos errados, e hoje
está na cadeia. Aliás não acredito em uma possível candidatura dele, pois está
preso e é ficha suja, e a lei não contempla candidaturas dessas pessoas.
Só para junho ou julho é que nós poderemos ter uma ideia de
quem pode sentar na cadeira do Palácio do Planalto.
(A.N): E quanto a candidatos mais tradicionais, como Ciro
Gomes, Geraldo Alckmin e Marina Silva. Eles tem alguma chance de ganhar?
(I.V): Veja bem, o Ciro Gomes é muito grosseiro pra o meu
gosto, e Geraldo muito fraco. Não sei ainda como isso vai se resolver, mas a
melhor coisa que existe é o voto na urna, então quando o povo for chamado para
depositar seu voto, no dia 07 de outubro vai sair o nome que vai dirigir o
país.
(A.N): Como o senhor observa essa descrença manifestada
corriqueiramente pela população brasileira com os políticos?
(I.V): Eu não diria que é um fato natural. Mas, eu vejo o
povão voltando a participar com mais intensidade, como já participou aliás na
década de 60. O povo sempre participou de modo sério e incisivo.
É uma pena que quem esteja a frente dessa campanha seja o
Jair Bolsonaro, não acredito nele em hipótese nenhuma. Existem candidatos
melhores, que ainda não foram descobertos como Álvaro Dias e o próprio Ciro
Gomes, apesar de seu jeito grosseiro.
(A.N): Analisando agora Sergipe, como o senhor acha que vai
se desenhar o cenário eleitoral aqui?
(I.V): Tudo leva a crer que teremos três candidatos fortes
ao governo. Belivaldo Chagas pela situação e Eduardo Amorim e Valadares Filho
na oposição. Desses três, quem tem mais chances é Belivaldo, não por ser do
governo, mas porque as campanhas do grupo dele são bem melhores. Não acredito
na eleição de Eduardo Amorim, que é o candidato de um discurso só, o do
Hospital do Câncer, algo pelo qual sou contra, pois ele não sabe o custo disso.
Era melhor que fosse criada uma clínica especializada em oncologia; não que os
sergipanos não mereçam, mas o custo é altíssimo. Já Valadares Filho ainda é
muito inexperiente.
(A.N): É possível que a eleição em Sergipe seja decidida
ainda no primeiro turno?
(I.V): Talvez sim, com a vitória de Belivaldo. Mas não creio
muito nisso, até acho melhor irmos ao segundo turno, já que tudo fica mais às
claras.
(A.N): Acredita que a renovação dos parlamentares estaduais
na Assembleia Legislativa e na Câmara dos deputados vai ser grande?
(I.V): Acredito sim, aqui mesmo na Assembleia a renovação
imagino que ao menos 14 deputados não voltem para a casa. A mesma coisa para os
federais; ao menos quatro não se reelegem.
(A.N): Tem algum fato
específico que induza a essa ampla renovação?
(I.V): Não. Isso é um fato natural; em toda eleição ocorre
isso. Tem deputado aqui que não sabe nem mais como pedir voto.
(A.N): A eleição para
o senado aqui em Sergipe também promete ser muito agitada com grandes nomes na
disputa. De acordo com as movimentações atuais, quais candidatos tem mais
chances de se eleger?
(I.V): Verdade, como são duas cadeiras acho que um já está
praticamente eleito; me refiro a André Moura.
Tem também o nome de Jackson Barreto que saiu muito castigado
do Governo e isso pode acabar pesando contra ele; e não podemos jamais esquecer
de Valadares, que caso se candidate tem boas chances de ganhar, pois o povo
sergipano gosta muito dele
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