Desigualdade social
Por Luiz Antonio Guerra
Mestre em Sociologia (UnB, 2014)
Graduado em Ciência Política (UnB, 2010)
Apesar de nós brasileiros sermos todos iguais perante a lei,
há profundas desigualdades entre os membros da nossa sociedade. Mesmo com
avanços importantes em termos de distribuição de renda nas últimas duas
décadas, o Brasil continua tendo uma expressiva concentração de riqueza e segue
sendo um dos países mais desiguais do mundo.
Vamos a alguns dados recentes apresentados pela organização
Oxfam Brasil que demonstram a condição de extrema desigualdade social em que
vivemos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Em nível global, apenas
oito pessoas detêm o mesmo patrimônio que a metade mais pobre da população
mundial. No Brasil, a situação é ainda mais acentuada: apenas seis pessoas
possuem a riqueza dos 100 milhões de brasileiros mais pobres. Aqui, os 5% mais
ricos detêm a mesma fatia de renda que os demais 95%.
Desigualdades sociais: um fenômeno complexo
Os dados acima se referem à desigualdade econômica: de
renda, riqueza, patrimônio. Existem, entretanto, várias outras formas de
desigualdades sociais: de gênero, raça, geração, geográfica, acesso a serviços
públicos, etc. Não se pode tratar apenas a desigualdade econômica, por exemplo,
sem pensá-la relacionada a outras formas de desigualdade, pois as diferentes
expressões das desigualdades não se apresentam sempre separadas, mas em muitos
casos se reforçam. Portanto, é preferível falar não em desigualdade social, mas
sim em desigualdades, no plural.
As desigualdades se dão em vários níveis. É grande a
disparidade entre países ricos e pobres; e dentro dos países, entre suas
regiões e estados. Em cada estado, existem grandes diferenças entre os municípios,
nos quais podemos perceber desigualdades entre o meio urbano e rural. E dentro
de cada cidade, temos as áreas nobres e as periferias. Existem ainda outras
formas de desigualdade que geram um abismo social entre os mais diversos
indivíduos, como a discriminação contra mulheres, negros e indígenas. As
desigualdades não podem ser tratadas como um mero problema individual, mas sim
como um complexo fenômeno social com profundas raízes históricas.
Estratificação social
Para descrever as desigualdades existentes entre indivíduos
e grupos nas sociedades humanas, os cientistas sociais se utilizam do conceito
de estratificação social, que se refere a como os membros de uma sociedade se
encontram divididos em “camadas” (ou estratos). É a estratificação social que
vai determinar o acesso a direitos e recursos, benefícios e recompensas, bem
como o modo que se dá a mobilidade de um estrato para o outro. É importante
destacar a característica social da estratificação, para que não confundamos as
desigualdades sociais com as desigualdades naturais. Os seres humanos são muito
diferentes entre si em relação às suas características físicas, tais como sexo,
altura, peso, saúde, cor do cabelo, pele, olhos, etc. Entretanto, as diferenças
naturais entre os indivíduos não são suficientes para explicar as desigualdades
sociais, muito embora possam influenciá-las. Os mecanismos que reproduzem as
desigualdades sociais foram criados pela ação humana e variam de sociedade para
sociedade, de acordo com os valores culturalmente dominantes e critérios
estabelecidos historicamente.
Concluímos, portanto, que a estratificação social de uma
sociedade não é natural e as desigualdades institucionalizadas não são
inevitáveis. São, antes de qualquer coisa, produtos de escolhas políticas que
refletem a desigual distribuição de poder nas sociedades.
Bibliografia:
OXFAM BRASIL. A distância que nos une: um retrato das
desigualdades brasileiras. Relatório publicado em 25 de setembro de 2017.
Texto reproduzido do site: infoescola.com/sociologia
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