Alessandro Vieira: existem problemas gravíssimos no
Judiciário nacional
Publicado originalmente no site JLPOLÍTICA, em 06 de Fev de
2019
Alessandro Vieira vê como “bem apresentado” seu “cartão de
vista” na 1ª semana de Senado
Coluna Aparte, com Jozailto Lima
Ninguém que analise política com isenção e um mínimo de
justiça pode deixar de reconhecer que a estreia do senador Alessandro Vieira,
Rede/PPS, na sua primeira semana de Senado, foi marcada por traços positivos.
Alessandro Vieira causou, como diriam os colunistas sociais.
Protagonizou, como diria o termozinho xarope da moda dos que usam o feioso
adjetivo empoderado, ou o substantivo empoderamento, da mesma casta.
Desde a sexta e o sábado, Alessandro Vieira enfrentou a
eleição de Renan Calheiros à Presidência do Senado, foi parar na cabeceira da
Mesa da Casa por um bom tempo como escrutinador e ali fez apartes pertinentes.
Venceu, ao ver a vitória de Davi Alcolumbre, DEM.
No começo desta semana, apresentou proposta de uma CPI da
Toga, tomou um sopapo de titela de um membro do STF numa nota em off numa
coluna da Folha de S. Paulo, e promoveu um pisão no pé do governador Belivaldo
Chagas, PSD, por, segundo ele, omissão perante os interesses de Sergipe em
Brasília.
Sem grandes mesuras, é lícito dizer que a estreia de
Alessandro no Senado guarda simetria de surpresa e importância com a sua
espantosa votação de mais de 474 mil votos em outubro. Alessandro Vieira não
está nem aí para notas como a da Folha e se passa por mais feliz do que um
pinto no lixo.
“Acredito que aqui no Senado os testes serão diários. Vamos
ser testados todos os dias e, claro, não vamos ganhar todas. Mas entendo que
nosso cartão de visita naquela sexta, dia 1º, e no sábado, ficou bem apresentado”,
diz ele, em conversa exclusiva com a Coluna Aparte. Vale a leitura.
Aparte - Senador, qual o balanço que o senhor faz dessa sua
quase uma semana no Senado?
Alessandro Vieira - Na medida em que a gente conseguiu
derrotar a candidatura de Renan Calheiros à Presidência do Senado, eu a
considero positiva.
Aparte - Como o senhor mede as suas intervenções no
processo?
AV - Acredito que as minhas posições, como um escrutinador,
na medida das nossas necessidades de garantir que a eleição transcorresse de forma
transparente, foram também positivas. Pudemos atuar de uma forma
verdadeiramente transparente e tomamos providências necessárias, juntamente com
outros senadores que também são estreantes, como o Capitão Styvenson, do Rio
Grande do Norte, a Leila do Vôlei, do Distrito Federal, e a juíza Selma Arruda,
do Mato Grosso. Essa turma exerceu um certo protagonismo para garantir que a
votação tomasse o rumo certo.
Aparte - O senhor considerou tudo aquilo uma espécie de
teste de fogo, tendo oportunidade de peitar figuras experientes, como a do
senador Esperidião Amim, do PP, de Santa Catarina?
AV - Sim, e acredito que aqui no Senado os testes serão
diários. Vamos ser testados todos os dias e, claro, não vamos ganhar todas. Mas
entendo que nosso cartão de vista naquela sexta, dia 1º, e no sábado, ficou bem
apresentado.
Aparte - O senhor andou se queixando em áudio de WhatsApp de
uma certa ausência do Governo de Sergipe em eventos de interesses gerais do
Governo Federal em Brasília. Foram só palavras ao vento ou isso chegou ao
governador Belivaldo Chagas?
AV - Chegou, sim. A minha queixa foi relativa ao convite do
ministro da Justiça, o Sérgio Moro, para a apresentação do Projeto de Lei
Anticrime, que impacta a segurança. Veja: ali o Estado de São Paulo, que tem
uma das melhores seguranças do país, estava na primeira fila. Mas Sergipe não.
Aparte – E isso equivale ao quê?
AV - A minha visão é de que, com certeza, Sergipe erra ao
estar ausente. Quem tem interesse de resolver seus problemas, se mobiliza, se
esforça e participa. Eu acho que existe um espaço para que a gente possa ajudar
Sergipe. Mas as pessoas que estão em postos estratégicos precisam ter boa
vontade.
Aparte - Em síntese, a que se destina a CPI da Toga que o
senhor está articulando no Congresso Nacional na esfera do Poder Judiciário?
AV – O objetivo é o de garantir que a gente possa levar essa
transparência e essa força de investigação a um palácio que falta isso no
Brasil, que é o Palácio da Justiça. As formas de modernização devem chegar a
esse Poder também.
Aparte - Mas o que há de errado com o Poder Judiciário?
AV - Ali existem problemas gravíssimos, como o de pessoas
que entram com processos e demoram de três a quatro anos e não têm uma
resposta, e de outras que entram e têm resposta em 30 minutos. Embora haja
muitas fases que precisam de análises, a diferença de tempo é muito grande. E é
preciso apresentar propostas de mudanças nesses pontos de vista subjetivos e
processuais para impedir que a justiça se processe lenta.
Aparte – É razoável imaginar que no Judiciário haja negócios
não-republicanos com sentenças finais?
AV - Isso é uma coisa que precisa ser apurada, mas o que se
tem são casos comprovados pelo país afora de que qualquer tipo de atividade
humana está sujeita a esse tipo de problema. O que nós queremos é colaborar
para que se chegue à modernização e à transparência de um recanto a que isso
não chegou ainda.
Aparte - O senhor não acha que a ação do Poder Judiciário no
Brasil, sob a Lava Jato nos últimos 4 a 8 anos, tem uma herança muito positiva
para a sociedade?
AV – Acho, sem sombra de dúvidas, e isso se consolida nos
tribunais superiores. A justiça em primeira instância tem sido parte muito
ativa dessa onda moralizante.
Aparte – O senhor considerou grosseria ou extemporaneidade a
comparação feita nesta quarta, 6, na coluna Painel, da Folha, do senhor ao
senador Demóstenes Torres por um ministro do STF - com ele querendo dizer que Demóstenes
terminou caindo depois na desgraça da corrupção?
AV - Cada um tem seus parâmetros e paradigmas. Prefiro
pensar como Rui Barbosa, segundo quem a pior ditadura que existe é a do
Judiciário. É preciso paciência: cada um lida com o que tem.
Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
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