sexta-feira, 13 de maio de 2022

Políticos gostam de analfabetos

Publicação compartilhada do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 13 de maio de 2022

Políticos gostam de analfabetos

Isso impacta diretamente o nível de produtividade do país, a renda individual, o desemprego, a criminalidade, a pobreza e, nas eleições, a qualidade do voto. Salim Mattar para a revista Oeste:

O país ainda possui cerca de 11 milhões de analfabetos. Isso é equivalente à população de países como Grécia, Bélgica, Portugal e Suécia. Além disso são aproximadamente 38 milhões de analfabetos funcionais, número superior à população de países como Marrocos, Canadá e Polônia. O analfabeto é aquela pessoa que não tem instrução primária e não sabe ler nem escrever, enquanto o analfabeto funcional não desenvolve habilidades para interpretação de textos nem para fazer as operações de matemática.

Isso impacta diretamente o nível de produtividade do país, a renda individual, o desemprego, a criminalidade, a pobreza e extrema pobreza, a miséria e, nas eleições, a qualidade do voto. O analfabetismo gera exclusão social e retira dessas pessoas a dignidade, dificultando que exerçam o seu pleno papel de cidadania. Muitos brasileiros se sentem constrangidos com essa situação e têm dificuldade de aceitar conviver com isso.

Durante o governo militar, em 1968, foi criado o Movimento Brasileiro de Alfabetização — Mobral —, com o objetivo de erradicar o analfabetismo em substituição ao método utilizado de autoria do controverso Paulo Freire. Esse novo modelo, idealizado para a alfabetização de pessoas com mais de 15 anos, não deu certo, pois era também fortemente influenciado pelas discutíveis teorias de Freire. O objetivo era proporcionar a alfabetização funcional e a educação continuada em cursos especiais.

O Mobral foi efetivamente implementado a partir de 1971, durante o governo Médici. Por mais de uma década, jovens e adultos foram alfabetizados, mas a recessão econômica dos anos 1980 fez com que o programa fosse descontinuado. Após o regime militar, o novo governo do presidente José Sarney, como é usual no Brasil, mudou o nome do Mobral e em 1990 foi definitivamente extinto, deixando milhões de brasileiros analfabetos. Os governos posteriores de Collor, Itamar, Fernando Henrique, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro foram incapazes de eleger a erradicação do analfabetismo como uma das principais prioridades para o país.

Governar é alocar recursos. Os governos citados preferiram investir e realizar outros projetos a erradicar o analfabetismo. Fazer estradas e concursos públicos dá mais voto que alfabetizar pessoas. Não há incentivo algum para que o Congresso ou o governo se dediquem a essa causa que não seja a solidariedade e a fraternidade para com os nossos compatriotas. Os petistas, que nos discursos de campanha falam em ajudar os pobres, quando se tornaram governo por 13 anos e 243 dias, preferiram despejar R$ 500 bilhões dos brasileiros pagadores de impostos em outros países para construir portos, aeroportos, metrô, rodovias e hidrelétricas a erradicar o analfabetismo.

A má alocação dos recursos que pertencem aos pagadores de impostos e são mal administrados pelo governo continua a todo vapor. Recentemente, o Congresso aprovou R$ 21,9 bilhões para a cultura. São R$ 18 bilhões da Lei Aldir Blanc e R$ 3,9 bilhões da Lei Paulo Gustavo. Esquisito, nosso Congresso priorizou a cultura quando ainda temos milhões de analfabetos. O Congresso aprovou também R$ 4,9 bilhões para o fundo eleitoral e R$ 36,4 bilhões em emendas do relator, também denominado de orçamento secreto. Isso é uma clara demonstração do desalinhamento dos interesses e das necessidades da sociedade com os de nossos congressistas. Já o Executivo, para ficar em apenas um exemplo, gastou R$ 22 bilhões para cobrir o rombo do ano de 2021 das estatais ineficientes, que chamam, no linguajar governamental, de dependentes. Estamos falando de R$ 85,2 bilhões, prova de que temos dinheiro sobrando, e daí a má alocação de recursos pelos nossos políticos. Há uma absoluta falta de sensibilidade do Executivo e do Congresso no que se refere aos temas prioritários para o país. Uma pena, pois seria muito melhor aplicar essa dinheirama para erradicar o analfabetismo.

O analfabetismo é um legado dos governos sociais-democratas que permaneceram mais de 30 anos no poder e foram incapazes de resolver esse problema. Durante todos esses anos não faltaram recursos públicos, mas preferiram investir em políticas de transferência de riquezas aumentando impostos, esquecendo-se dos miseráveis e cuidando do bem-estar da classe que vive à custa do Estado.

Políticos, com algumas exceções, gostam de analfabetos, pois não temos visto projetos de lei viáveis, verbas orçamentárias robustas, discursos nas tribunas nem defesa de programas efetivos para a erradicação do analfabetismo. Mas em algum momento surgirá um partido, um governo ou um Congresso com sensibilidade que vão eleger a erradicação do analfabetismo como uma de suas principais prioridades.

Salim Mattar é empresário e presidente do Conselho do Instituto Liberal

Texto r imagem reproduzidos do blog: otambosi.blogspot.com

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