terça-feira, 7 de junho de 2022

'Bem longe dos Bolsonaristas', por Paulo Roberto Dantas Brandão

Imagem reproduzida do site pcdob.org.br e postada pelo blog, para ilustar o presente artigo

Postagem compartilhada do Perfil do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão, de 15 de maio de 2022

Bem longe dos Bolsonaristas
Por Paulo Roberto Dantas Brandão

Não sou petista.  Jamais votei no PT ou em Lula.  Duvidava da competência da turma do PT, porque acreditava que eles nada entendiam de economia e muito menos de administração pública.  Acho que eles erraram feio nos dois governos de Lula e Dilma.  Mas o maior erro foi no alcance à coisa pública.  Os petistas que se achavam os únicos honestos na política brasileira erraram onde menos podiam.  Os responsabilizo pelo resultado: Bolsonaro e o aflorar de todo o reacionarismo da classe média brasileira (que só esperava um motivo para externa-lo).  Nas eleições passadas cometi um erro.  Após no primeiro turno ter votado em Alkimin, no segundo resolvi votar em branco.  Não era possível votar em Bolsonaro.  Mas votar em Haddad me parecia muito difícil.  Foi um erro.  Deveria ter votado no petista e tentar evitar o que está ai.

Mas não posso olvidar algumas virtudes essenciais.  O PT no poder não atentou contra a democracia e as instituições.  Por exemplo, Dilma poderia utilizar do mesmo subterfúgio de Bolsonaro, e conceder a graça a todos os petistas que andaram como réus nos tribunais.  Não o fez.  Como não deveria ter feito.  Quando o Supremo considerou que a nomeação de Lula como ministro com o intuito de dá-lo privilégio de foro especial, tudo foi aceito.  Já Bolsonaro usou claramente a Graça ao deputado Daniel Silveira, com claro desvio de finalidade, e até hoje o caso está pendente.

Tenho raiva de Bolsonaro por me fazer votar pela primeira vez no PT e em Lula.  Mas o que me faz não votar no Bolso, é todo o seu conjunto da obra.  Não aceito o ataque às instituições e à democracia.  Isso põe em risco a estabilidade do país.  Não aceito essa política beligerante de eleger inimigos a cada momento.  Não aceito o exaltar de torturadores, nem o saudosismo de uma das épocas mais negras da história do país.

Não acho que os militares são tutores da sociedade, posto que portam as armas que são dos cidadãos.  Georges Clemenceau, premier francês durante a I Guerra Mundial já disse que “há a sociedade civil fundada na liberdade, e a sociedade militar fundada na obediência;  quem deve seguir a obediência não pode ser tutor da liberdade”.

Sou um defensor da liberdade de expressão, meus trinta anos de jornalismo não podiam me levar a outro rumo.  Mas não se pode confundir crime com liberdade de expressão.  Não se pode utilizar as redes sociais para pregar mentiras e sepultar reputações, e achar que isso é liberdade de expressão.  Não se pode insuflar a violência impunemente (como descreve Jamil Chade num excelente artigo no UOL).  Não se pode pregar o uso indiscriminado de armas: querem o quê?  Uma matança?

Não creio nos extremismos, muito menos nas formas de fascismo que estão querendo implantar.  Tais formas de governo apenas privilegiam os medíocres, como os que pululam e infestaram esse governo desde o seu início.  Democratas, verdadeiros democratas, não podem apoiar esse governo, nem pensar em votar pela reeleição do Bolsonaro.

Por seu turno o PT deve estar consciente que o voto em Lula não é, nem por longe, um apoio ao projeto petista, como bem chamou a atenção o ex-senador Cristovam Buarque em um belo artigo “O Brasil é maior que isso”, que republiquei no Face há alguns dias.  Há uma massa de cidadãos, talvez até a maioria dos que votarão em Lula, que não estão aderindo aos projetos do seu partido.  Penso que Lula já percebeu isso ao convidar Geraldo Alckmin para ser seu companheiro de chapa.  Acho que Lula, que é muito mais inteligente que a maioria dos seus comandados, percebeu que terá que fazer um governo de unidade nacional.  Um governo de transição, para se chegar a uma nova realidade política em 2026.  Marina Silva já externou essa opinião.

A chamada terceira via, uma das minhas esperanças, cometeu o erro fatal de colocar Bolsonaro e Lula no mesmo balaio.  Não podia.  Ao contrário do Bolso, Lula jamais atacou a democracia, seus pecados foram outros.  Bolsonaro é o cara a ser derrotado, seus pecados são muito maiores.

Por tudo isso voto em Lula.  Primeiro para tirar a democracia do perigo.  Segundo, para livramos o país desse mar de mediocridade em que foi levado.  Terceiro, para preservar as instituições.  Quarto, porque acredito que o país não aguentará mais quatro anos nesse desgoverno.

Estou consciente que se Lula e os petistas acharem que a vitória foi deles, e não dessa frente de salvação do pais, estarei na oposição logo em janeiro.  Mas sempre longe dos bolsonaristas.

Texto reproduzido do Perfil da Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão

Um comentário:

  1. Publicação compartilhada do Perfil do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão, de 7 de junho de 2022

    Voto útil
    Por Paulo Roberto Dantas Brandão

    Desde que escrevi um artigo dizendo que apesar de nunca ter votado no PT, nas próximas eleições vou votar em Lula, tenho recebido algumas manifestações interessantes. Entre elas, como exceções, algumas agressões.
    Tenho amigos em todos os lados. Aliás, tenho mais amigos que votam em Bolsonaro do que os que pensam como eu. Só tenho tentando manter distância dos bolsominions, os ultra partidários de Bolsonaro que se tornaram intragáveis. Mas as agressões têm vindo de gente que mal conheço, ou que apenas são “amigos” das redes sociais que nunca vi pessoalmente.
    Já sai de grupos do WhatsApp de gente muito amiga, sempre por motivos relevantes. Por exemplo, em alguns deles fizemos um pacto de não falar em política, já que as posições estavam extremadas e o ambiente rapidamente transformava-se em tóxico. Respeitei cerimoniosamente o silêncio político nesses grupos. Mas quando alguns voltaram a falar de política com força total, me senti traído e pulei fora. Óbvio que antes escrevi copioso protesto.
    O mais interessante tem sido ultimamente um movimento de alguns amigos eleitores de Bolsonaro, que não sei se numa ação concertada ou espontânea. Acho que espontânea, apesar da coincidência, afinal quem sou eu para ser alvo de uma ação coordenada. Mas a coincidência das abordagens me deixaram curioso.
    O fato é que amigos, em momentos diversos, chegam para mim com o argumento que não devo votar em Lula. O papo é o mesmo: “tudo bem que não vote em Bolsonaro. Vote em fulano”. Normalmente o fulano é um candidato sem qualquer viabilidade, sem qualquer chance de vitória. Já pediram até para votar em Ei ei Eimael.
    Ultimamente alguns amigos empresários insistem para que vote num candidato do Novo, que eu nem sei o nome. Que desconheço completamente. Insistem dizendo que é um bom sujeito. De bons sujeitos e bem-intencionados, aprendi que o inferno está cheio. Um amigo querido apelou: vote em qualquer um, menos em Lula, por favor. Não sei se senti em desapontá-lo.
    Estou ficando cansado de explicar que a prioridade é tirar Bolsonaro. Que votar em um candidato que não tenha viabilidade é beneficiar o nosso “absurdo-presidente”. Que torci por uma terceira via que se mostrou inviável, e cujos integrantes além de não se unirem num nome comum, cometeram erros crassos desde o começo.
    Assim, o voto em Lula é a única forma viável de derrotar Bolsonaro. Isso é o que importa agora. O resto, a gente vê depois. O Brasil não aguenta mais quatro anos desse desgoverno.

    Texto reproduzido do Perfil do Facebook/Paulo Roberto Dantas Brandão

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