quarta-feira, 20 de julho de 2022

Bolsonaro apresenta a embaixadores o "brienfing" do golpe

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 19 de julho de 2022

Bolsonaro apresenta a embaixadores o "brienfing" do golpe

Bolsonaro não está investido da atribuição de brincar de tanque, como se os militares lhe devessem obediência pessoal. Sua condição é institucional, e a relação de hierarquia se dá no limite da lei. Guilherme Macalossi para a Gazeta:

O que transcorreu no Palácio do Planalto nesta última segunda-feira (18) não pode ser enquadrado apenas como mais uma patuscada de Jair Bolsonaro. O que ele fez, afinal, foi converter a sede do governo em um bunker de sua guerra permanente contra o sistema eleitoral. Uma estrutura pública foi usada para que o presidente enlameasse a imagem do país ante uma plateia de dignatários e representantes de dezenas de nações. Menos, é claro, pelo conteúdo de suas supostas revelações e mais pelo papel criminoso que o mandatário protagonizou.

Diante de um telão em que se lia a palavra “brienfing”, Bolsonaro vituperou contra as urnas eletrônicas e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O apreço pela língua inglesa só não era menor que apreço pela democracia. As provas que prometeu não passavam do velho conjunto de notícias falsas já repetidas ad nauseam ao longo de seu mandato. Todas elas já devidamente respondidas e desmentidas. A única coisa inédita em seu pronunciamento foi a tentativa de criar um caso internacional.

Em uma situação normal, o evento de segunda resultaria em um processo de impeachment. Mas Bolsonaro sabe que isso está descartado. Atua dessa forma porque se sente confortável politicamente para tanto. Sua ousadia é proporcional a sua blindagem. Conta com a inação do procurador-geral da República, com a cumplicidade gananciosa do presidente da Câmara dos Deputados e, talvez o mais grave de tudo, com a convicção de que pode acionar as Forças Armadas para fazer valer sua vontade.

“Será que se esqueceram que sou o chefe supremo das Forças Armadas?”, questionou. Bolsonaro não está investido da atribuição de brincar de tanque, como se os militares lhe devessem obediência pessoal. Sua condição é institucional, e a relação de hierarquia se dá no limite da lei. Para lembrar Mark Milley, as Forças Armadas servem à Constituição, e ao chefe de Estado como enquanto ente institucional. Elas não são subalternas da arruaça. Ao menos não deveriam ser.

A gravidade do ocorrido no Planalto ganha força porque novos personagens se incorporaram à trama de contestação das eleições. Destaque para o ministro Ciro Nogueira, da Casa Civil, e para o General Luis Carlos Gomes Mattos, presidente do Superior Tribunal Militar (STM). Presentes na ocasião, deixaram suas respectivas digitais na cena do crime. É a primeira vez que o centrão toma parte nessa história, e o silêncio de Arthur Lira é suficientemente revelador. Quanto ao referido militar, apenas se junta ao grupo oriundo da caserna que, liderado pelo ministro da Defesa, se tornou esteio desse conspiracionismo perigoso.

Em uma coluna anterior publicada aqui na Gazeta do Povo, escrevi que o caminho disruptivo estava sendo construído de forma “desassombrada”, e que “ninguém terá o direito de se dizer surpreso” caso cheguemos ao limite da contestação. Bolsonaro não dá margem para dúvidas, e agora dezenas de embaixadores são testemunhas de suas intenções. Ele apresentou ao mundo o ‘brienfing’ do golpe.

2 comentários:

Jair Rousseff disse...

Quando você acha que já viu todo tipo de briefing errado na vida...

Garanto que não fui só eu a me surpreender. Esperava que Bolsonaro contasse ao menos uma mentira nova. Mas não! Ele reincidiu nas velhas, já devidamente desmoralizadas. Como se viu, na conversa com os embaixadores, Bolsonaro sugere que está apenas defendendo a democracia. Nunca a pistolagem antidemocrática, que se fantasia de verde-amarelo, chegou tão longe. Nesta segunda, no pronunciamento que fez a embaixadores — não foi uma reunião —, cometeu o mais escancarado crime de responsabilidade, além de violar o Código Penal. Mas, para delírio da malta bolsonarista, seu Mito estava lá todo combativo, no melhor estilo "Steve Bannon". E a vergonha a que submeteu o país nessa reunião?#elasimeelesnão

terça-feira, julho 19, 2022 

Anônimo disse...

Segundo o Sensacionalista, "o Tiozão do zap chama embaixadores para espalhar fake news!"

terça-feira, julho 19, 2022 

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi.blogspot.com

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