segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

ABI: Associação Brasileira de Incoerência

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 29 de dezembro de 2024

ABI: Associação Brasileira de Incoerência.

Apoio de entidade de imprensa no Brasil à eleição farsesca de Maduro subverte os princípios do jornalismo. Lygia Maria para a FSP:

Uma imprensa livre é condição sine qua non para a democracia. Não à toa, é um dos setores que mais sofre repressão na vigência de regimes autoritários. Assim, jornalistas que apoiam ditaduras são como cordeiros celebrando o próprio abate. E, por incrível que pareça, eles existem, como mostra a Associação Brasileira de Imprensa (ABI).

A entidade, por meio de sua Comissão de Relações Internacionais, foi um dos 19 signatários de uma carta enviada a Lula (PT) solicitando que o governo brasileiro reconheça a eleição de Nicolás Maduro na Venezuela.

Mas Maduro é um ditador. O pleito realizado em 28 de julho foi uma farsa. Ao assinar o documento, portanto, a ABI achincalha não só a atividade jornalística como os direitos humanos.

Em 2012, um ano antes de o caudilho chegar ao poder, a colocação do país no ranking mundial de liberdade de imprensa da organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) era a já preocupante 117ª. Em 2023, despencou para a 156ª —numa lista de 180 nações.

Para compor a nota final, a RSF avalia cinco indicadores (político, econômico, legislativo, social e de segurança). No primeiro, que trata do respeito à autonomia dos veículos ante pressões do Estado e de outros atores políticos, a Venezuela está na 170ª posição.

A brutalidade de Maduro é notória. O Tribunal Penal Internacional levantou mais de 1.500 denúncias de abusos das forças de segurança. Relatório da ONU revelou tortura, desaparecimentos, assassinatos e centenas de presos pelo regime, inclusive menores de idade, entre setembro de 2023 e 31 de agosto de 2024.

Tanto a ONU como o Carter Center apontam que a alegada vitória de Maduro carece de credibilidade. Dados analisados pelo Carter Center mostram que seu adversário, Edmundo González, obteve muito mais votos.

A carta assinada pela ABI até deturpa informações, ao dizer que González reconheceu o resultado do pleito, quando na verdade ele afirma ter sido coagido a acatá-lo para poder sair do país.

É surreal que a Associação Brasileira de Imprensa respalde tantas violações ao jornalismo e à democracia. Por tal feito, já pode ser chamada de Associação Brasileira de Incoerência.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

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