Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 20 de janeiro de 2025
O bom, o ruim e o péssimo: anúncios de Trump têm múltiplos aspectos.
Está a América decadente, como ele disse e, se estiver, conseguirá remar contra a corrente de acontecimentos históricos maiores que indivíduos? Vilma Gryzinski:
Primeiro, os assuntos mais comentados: o sutiã de renda de Lauren Sanchez, a mulher de Jeff Bezos, aparecendo bastante sob o blaser branco, e o chapéu de Melania Trump, num modelo azul marinho excessivamente severo que escondeu seu rosto. Segundo, estarão os Estados Unidos em declínio, como proclamam seus inimigos e reiterou o próprio Donald Trump no discurso de posse, prometendo reverter tudo?
Não existem respostas fáceis. Só a “fileira do fundo” do salão da posse indica por si só como as notícias sobre a decadência podem ser algo exageradas. Elon Trump, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Sundar Pichai, Tim Cook – a quantidade de dinheiro, inovação e espírito empreendedor – sem falar na diversidade – retrata como não existe nada nem remotamente comparável em nenhum outro país do mundo.
O melhor do discurso foi evocar a trajetória que conduziu à maior potência da história, através da saga dos cidadãos que “atravessaram desertos, escalaram montanhas, enfrentaram perigos incalculáveis, conquistaram o Oeste selvagem, acabaram com a escravidão, salvaram milhões da tirania, tiraram bilhões da pobreza, dominaram a eletricidade, dividiram o átomo, lançaram a humanidade no céu e puseram o conhecimento humano na palma da mão humana”.
Ruim foi começar a renomear acidentes geográficos, numa atitude mais própria de tiranos convencidos como Hugo Chávez ou Nicolás Maduro. O Golfo do México não precisa – nem pode – ser renomeado Golfo da América. Que diferença faz para a vida dos americanos que o Monte Denali, situado no Alasca, volte a se chamar Monte McKinley (nome do presidente assassinado em 1901)?
É picuinha, do tipo decretar que “só existem dois gêneros, o masculino e o feminino”. Quem estabelece isso é a biologia, não o presidente – e quem contesta está usando a prerrogativa tão celebrada pelos americanos de escolher o próprio destino.
“A América logo será maior, mais forte e muito mais excepcional do que nunca”, proclamou Trump. A ideia de que um homem, sozinho, mude a história é típica da mentalidade dos políticos, uma categoria à qual Trump aderiu já bem entrado em anos. Não é assim que funciona, mas todos vão continuar tentando.
Podem os Estados Unidos “voltar a ser uma nação manufatureira”, utilizando para isso “a maior quantidade de petróleo e gás que qualquer outro país da face da Terra”?
Poderá Trump ser pior do que Joe Biden, idoso, alquebrado, sem energia e, como revelam agora reportagens de jornais que ficaram um bocado de tempo em silêncio, manipulado por um pequeno grupo, incluindo a mulher, Jill, e o filho, Hunter? Irá o novo protecionismo, agora oficialmente apresentado ao mundo, melhorar a situação do país ou criar um ciclo negativo, tão bem conhecido nos trópicos, em que acaba protegido são a incompetência e alguns poucos escolhidos para faturar com as barreiras?
Teremos quatro anos para ver, embora resultados desse tipo costumem aparecer mais depressa. Trump, ao contrário do que tantos imaginam, não é maluco, embora explore essa imagem quando acha conveniente. Tem uma equipe econômica competente e nem que use um chapéu de abas largas como o de Melania deixará de ver o que está funcionando e o que está dando errado. Prometer enriquecer o país com tarifas e taxações sobre produtos importados está definitivamente na segunda categoria.
Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com
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