Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 15 de fevereiro de 2025
É preciso acabar com o show de horrores do Hamas
Estados Unidos devem propor dois cenários para Gaza: destruição do Hamas ou exílio de seus líderes. Breth Stephens, do NYT, com tradução para o Estadão:
No sábado, 8, homens armados do Hamas exibiram três reféns israelenses extremamente magros em um vídeo de propaganda, no qual foram forçados a agradecer aos seus sequestradores antes de serem entregues à Cruz Vermelha.
Um dos reféns, Eli Sharabi, descobriu em seu retorno a Israel que sua esposa, Lianne, e suas filhas adolescentes, Noiya e Yahel, haviam sido assassinadas no 7 de Outubro.
Foi um ato grotesco, de partir o coração. Outros reféns, segundo o The New York Times, passaram o cativeiro amarrados, torturados, privados de comida e sem atendimento médico para ferimentos de estilhaços e outras lesões. Alguns mal viram a luz do sol em quase 500 dias.
Na segunda-feira, 10, o Hamas anunciou que estava adiando a libertação de mais reféns, sob o argumento de violações israelenses do acordo de cessar-fogo. Horas depois, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou que o caos vai se instalar se o Hamas não libertasse todos os reféns restantes, e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, alertou que Israel retomaria combates intensos caso os reféns não fossem libertados.
Trump também ameaçou cortar a ajuda dos EUA à Jordânia e ao Egito se eles se recusassem a aceitar refugiados de Gaza, acrescentando que esses refugiados talvez não tenham o direito de retornar à Faixa de Gaza.
As ameaças do presidente são tardias, mas necessárias. Qualquer um que ache que o Hamas pode continuar torturando israelenses, oprimindo palestinos e permanecendo no poder em Gaza, livre para um dia incendiar a região novamente, precisa ser demovido dessa ideia.
Isso vale especialmente para Estados árabes como Catar e Egito, que dependem da proteção e dos recursos dos EUA, mas ainda assim abrigam líderes do Hamas e não impediram que o grupo se armasse até os dentes antes do 7 de Outubro.
Para onde vamos a partir daqui?
O governo dos EUA deve apresentar à região uma escolha entre duas opções possíveis.
A primeira é que os civis de Gaza deixem o território, principalmente em direção ao Egito, para que o Hamas e seu labirinto de túneis possam ser destruídos por uma nova ofensiva israelense sem risco para vidas inocentes.
Israel não deve reocupar a Faixa de Gaza, e o retorno desses civis não pode ser permanentemente proibido. No entanto, esse retorno deve depender de eles renunciarem ao Hamas e de um programa para tirar o Hamas de Gaza, que impeça ex-membros do grupo terrorista de ocupar cargos políticos e que revele publicamente o aparato de repressão do grupo contra os moradores comuns de Gaza.
A segunda opção é que os líderes do Hamas sejam forçados ao exílio por seus patrocinadores, permitindo que os moradores de Gaza reconstruam suas vidas sob uma liderança melhor.
Isso aconteceu em 1982, quando o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, e seus seguidores foram forçados a deixar o Líbano para o exílio em Túnis, na Tunísia. O exílio é um destino muito mais brando do que os cruéis governantes do Hamas merecem, mas é uma alternativa que poupa muito derramamento de sangue.
A escolha deve ser clara. Governos que se opõem firmemente à primeira opção, por razões práticas ou éticas, devem trabalhar ainda mais para garantir que a segunda ocorra. O que não podem fazer é aceitar um status quo em que Gaza permaneça indefinidamente sob o controle do Hamas e Israel continue sob constante ameaça.
Algo semelhante ocorreu há cinco anos. Em janeiro de 2020, durante seu primeiro mandato, Trump apresentou um plano de paz para o Oriente Médio que foi amplamente rejeitado. Em troca de um Estado palestino geograficamente reduzido e com soberania limitada, o plano dava a Israel controle sobre uma Jerusalém unificada e o vale do rio Jordão, além de permitir que mantivesse todos os assentamentos na Cisjordânia. Os líderes palestinos rejeitaram a proposta imediatamente. Outros a descartaram como “um documento político de um presidente no meio de um processo de impeachment”, conforme reportado pelo The New York Times na época.
Graffiti em muro de separação em Belém, na Cisjordânia retrata a Faixa de Gaza. Trump apresentou plano para local que inclui expulsão de palestinos
Netanyahu aceitou o acordo e foi além: ameaçou anexar as partes da Cisjordânia que o plano previa que permaneceriam sob controle israelense, independentemente do que os palestinos fizessem. Isso causou uma crise —e criou uma oportunidade.
Em 2020, os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein concordaram em normalizar relações com Israel em troca do abandono da anexação.
Se a tragédia de Gaza algum dia for resolvida, isso provavelmente acontecerá por meio dessa mesma combinação de ameaças poderosas, retórica agressiva e diplomacia indireta —mas de forma muito mais rápida.
O Catar, que abriga uma enorme base aérea dos EUA e depende dos americanos para sua segurança, pode pressionar o Hamas prendendo seus líderes, que atualmente vivem luxuosamente no emirado, e cortando seus fundos. O Egito, cuja dívida externa disparou nos últimos anos, pode pressionar o Hamas permitindo a entrada de moradores de Gaza e cortando o acesso do grupo ao território. Ambos os países podem hesitar, mas são vulneráveis à pressão do governo dos EUA.
Depois, há o Irã, o principal patrocinador do Hamas, que agora parece interessado em uma diplomacia com os Estados Unidos devido às perdas militares de seus aliados no Líbano e na Síria e ao colapso quase total de sua economia. Teerã também pode ser pressionado a exigir que o Hamas liberte os reféns e deixe Gaza — desde que a pressão dos EUA seja credível, severa e imediata.
Isso vai funcionar?
Nada é garantido. Os reféns correm sério perigo, independentemente de a trégua de seis semanas continuar ou a guerra recomeçar. Os civis de Gaza, usados por muito tempo como escudos humanos pelo Hamas, permanecem em risco, não importa o que aconteça.
Mas o que já ficou claro é que esperar que o Hamas se comporte de maneira diferente do que tem demonstrado —como um grupo terrorista bárbaro— não funcionará.
Trump pode estar errado sobre muitas coisas, mas está certo sobre esta: este show de horrores chamado Hamas precisa acabar.
Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com
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