domingo, 17 de novembro de 2024

Por que morrem os centros das cidades brasileiras?

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 16 de novembro de 2024

Por que morrem os centros das cidades brasileiras?

 Por Ricardo Nunes *

O Centro da cidade é onde habita o seu coração. É o lugar onde pulsa a sua energia mais antiga de origem e criação. É neste espaço onde os primeiros que chegaram tiveram o sentimento de que ali poderia nascer uma cidade. E ali ela nasceu! A praça, a rua principal, a prefeitura, a igreja, o primeiro casario, o primeiro hotel para acolher os visitantes, o primeiro cinema e a feira compunham este coração pulsante. Daí, como uma teia, a cidade lentamente vai ocupando o seu lugar, crescendo o seu corpo, abraçando em seu seio os que nascem e adotando maternalmente os que lhe chegam. E nessa união de casas, ruas, pessoas, histórias, sentimentos e emoções, a cidade, como casa, abriga o seu povo nas suas igualdades e diferenças. Aí então, passam a viver os conterrâneos. Os que são da mesma terra. Os que nasceram e os que vivem sob a pulsação desse coração que habita o seu Centro. Este Centro guarda para sempre as raízes da história, o orgulho de pertencermos a cidade, o sentimento de ser dela um cidadão. O Centro é a sala de estar da cidade. Onde orgulhosamente recebemos os nossos visitantes.

Ao menos deveria ser assim! Mas no Brasil, infelizmente não o é.

Os Centros das cidades brasileiras, com toda a sua importância histórica, arquitetônica, política, econômica e afetiva tornaram-se um dos piores lugares da cidade. Abandonados pelos governos, entregues as suas próprias sortes , estes Centros são hoje uma extensão da periferia mais pobre da cidade. De dia o comércio popular, informal, caótico e barulhento. De noite trotoir de putas, travestis,rejeitados e sem teto.

Daqui surge a pergunta que há muito me inquieta: por que o mais belo e sentimental lugar da cidade é jogado ao esquecimento e decadência?

Como podemos, como cidadãos filhos dessas cidades deixar que os seus corações parem de bater?

Vivi em Recife por sete anos na década de setenta enquanto cursava a faculdade. Morei muito próximo ao Centro. Na rua do Progresso. Em sete cinemas eu chegava a pé pelas largas calçadas da avenida Conde da Boa Vista. Caminhar era um prazer envolvido pela bela arquitetura de séculos antigos e moderno. O Centro contava a história da origem da cidade. O prazer de caminhar se somava às emoções dos filmes assistidos e aos chopes no bar Savoy, no Mustang e na livraria Livro Sete.

Estive há pouco em Recife, e sozinho decidi caminhar pelo velho Centro em busca dos meus cinemas, dos meus bares e livrarias. O que vi foi algo que não conseguia processar em minha cabeça e no meu coração. Ruas abandonadas. Quase todos os prédios fechados. Cinemas depredados. Rio Capibaribe apodrecido com suas margens tomadas pelo mangue. Desvalidos perambulando por calçadas imundas em busca da vida que perderam. Não era a mesma cidade onde vivi. O Centro do Recife tornou-se, como todos os outros das cidades brasileiras, a extensão de sua periferia mais miserável. Quando o Centro de uma  cidade perde a sua vitalidade, não há dúvida, a cidade esta muito doente. Por que isto acontece?

O Brasil é um pais apartado, dividido entre ricos e pobres. Isto não podemos negar e disto não podemos fugir. Somos duas sociedades distintas: ricos e pobres. Com direitos, leis, territórios, serviços e cultura muito diferentes. Não conseguimos nos libertar da casa grande e da senzala. Estamos divididos por ignorância, preconceitos, intolerância, muros e cercas elétricas. Essas duas sociedades nunca conviveram nem convivem solidariamente. Mesmo sendo uma apenas 20% de toda a população é ela que manda, e a outra forçosamente obedece.

Os Centros sempre foram um grande espaço democrático. Pertenciam e eram usados por toda a população. Comércio, serviços públicos, mercado central, hotéis, transporte urbano, cinemas de rua, chaveiros, sapateiros e todo tipo de serviços que resolvia tudo ou quase tudo para todos. A medida que as cidades crescem, aumenta exponencialmente a população pobre. Com isto, a presença deles nos espaços democráticos das cidades passa a incomodar em certa medida os ricos, que buscam resolver a separação e tem os seus meios econômicos, arquitetônicos e urbanísticos de fazê-lo. Mudam o seu comércio de rua para os bairros onde moram, criam os shopping centers e seus cinemas, levam centros governamentais e hotéis para a sua proximidade, hipermercados substituem o mercado central, e assim largam o Centro aos pobres, que o ocupam e passam a usá-lo cada vez mais, com a ordem natural dos esquecidos. Mesmo sendo os ricos os proprietários de todos os imóveis do Centro, veem nesse mercado pobre mas imenso, a possibilidade de altos ganhos financeiros, sem a necessidade de fazer maiores investimentos em seus prédios decadentes. E assim, muitos ganham muito alugando os velhos casarios que já foram o orgulho da antiga cidade.

Por termos uma elite econômica e política que foca mais no atraso do que na glória do Brasil, em vez de estruturar núcleos de comércio em todos os bairros e preservar o Centro como um patrimônio histórico e artístico de todos, preferem caminhar pelos belos Centros de Buenos Aires, Santiago, Paris e Lisboa, a olhar com sabedoria e orgulho para a sua própria história. Como diz o sociólogo Jessé Souza, é a nossa elite do atraso.

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* É graduado em Arquitetura pela Universidade Federal de Pernambuco(1976), mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente pela Universidade Federal de Sergipe(2005) e especialista em Planejamento Urbano pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas(1983). Foi secretário de planejamento de Aracaju por 8 anos. Atua como arquiteto com ênfase em bioarquitetura, sustentabilidade e ecourbanismo.

Texto e imagem reproduzidos do site: www destaquenoticias com br

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Sobre a destruição de livros


 Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI 12 de novembro de 2024

Sobre a destruição de livros

Eles não estavam destruindo livros por maldade, mas para proteger o Estado de Direito e a população mais vulnerável. Era quase um gesto de amor. Deu no que deu. Luciano Trigo para a Gazeta o Povo:

Em 10 de maio de 1933 ocorreu na Praça da Ópera, em Berlim, a primeira grande queima de livros na Alemanha nazista. Promovido por uma associação de estudantes, com apoio do ministro da Propaganda, Joseph Goebbels, o ato se multiplicou por mais de 30 cidades, nos meses seguintes.

A justificativa era proteger a Alemanha de influências corrosivas de autores subversivos e degenerados, que ofendiam a dignidade da população e minavam as fundações da nova ordem. A lista de livros queimados incluía obras de escritores judeus, por óbvio, mas também de intelectuais socialistas, comunistas, liberais e até pacifistas.

Somente obras alinhadas com a ideologia nazista eram aceitáveis. Livros e autores indesejáveis precisavam ser banidos, porque o regime não tolerava vozes divergentes, percebidas como ameaças. O nazismo dependia do controle absoluto sobre a cultura para ter êxito na construção de um pensamento hegemônico.

Nesse contexto, o ato de queimar livros, como forma de erradicar ideias potencialmente nocivas, fazia parte de uma política mais ampla de censura, que alcançava a manifestação de qualquer opinião ou pensamento que não servisse aos interesses do projeto nazista.

A fogueira de livros foi um ato profundamente simbólico e revelador. Foi o passo inicial para a desumanização e a exclusão de judeus e outros grupos marginalizados da sociedade alemã, bem como para a perseguição brutal aos opositores do regime. O controle simbólico da cultura antecipou, portanto, o extermínio físico dos adversários.

Para justificar as fogueiras de livros, o governo usou a narrativa da proteção aos jovens e outras parcelas vulneráveis da população alemã, que poderiam ser “desviadas” por conceitos perigosos para o desenvolvimento de seu caráter. No evento inaugural, Goebbels fez um discurso inflamado, glorificando a ideia de uma Alemanha recivilizada, digo, purificada pelo Nacional-Socialismo.

Já a partir daquele momento, antes mesmo de Hitler consolidar seu poder, ficava claro que qualquer manifestação crítica ao governo poderia ser interpretada como um ataque ao Estado de Direito e resultar em perseguição ou mesmo prisão. O impacto cultural foi devastador. Nos anos seguintes, muitos escritores foram exilados ou calados, e um vasto corpo da literatura foi banido do território alemão.

O episódio é fartamente conhecimento e documentado, mas um aspecto importante costuma ser omitido nas análises e comentários sobre o tema: o fato de que, aos olhos do regime nazista e no contexto legal e ideológico da época, os livros destruídos eram efetivamente execráveis e degenerados. Quem queimava livros estava do lado da lei. Fora da lei estavam aqueles que os escreviam.

Queimar livros era, assim, a coisa certa a fazer. Não havia que se falar em liberdade de expressão, porque muito mais importante era o combate a ideias nocivas para o povo alemão. A destruição de obras com conteúdo que desagradava ao regime não era, portanto, um ato arbitrário de censura, ao contrário: era uma autodefesa, uma resposta legítima à necessidade de defender a nação e o Estado de Direito daqueles que conspiravam para destruí-los.

O povo alemão não apenas entendeu e aplaudiu, como participou ativamente da censura do bem, tacando fogo em livros de Freud e Marx, Kafka e Thomas Mann, Stefan Zweig e Erich Maria Remarque, e até mesmo Jack London e H.G.Wells, entre muitos outros autores degenerados e moralmente corruptos.

O truque do regime foi apresentar à população as aberrantes fogueiras de livros como imperativos morais benéficos aos seus interesses. E a maior parte da população caiu no truque, legitimando um governo arbitrário e repressivo que acabaria sendo responsável pelo extermínio de milhões de judeus e outras minorias.

Ora, se a lei e a população apoiavam a queima de livros, era evidente que não se tratava de censura, mas de um gesto patriótico, que reforçava o compromisso com os valores do Terceiro Reich em construção. Goebbels reforçou essa ideia ao afirmar que o povo alemão estava “limpando” a nação e mostrando sua lealdade ao regime.

Queimar livros foi um prelúdio da tragédia. Desde então as fogueiras de livros na Alemanha Nazista têm servido como lição e alerta contra o risco da tentação autoritária que pode contaminar governos onipotentes.

Governantes e juízes sem limites podem até ter a convicção de estar fazendo o que é certo. Mas essa convicção não pode bastar, porque é muito fácil elaborar justificativas bonitas e nobres para os atos mais bárbaros, como destruir livros: ameaça à ordem pública, proteção das minorias, etc. Frequentemente, a retórica da virtude é usada para mascarar a intolerância à pluralidade e o desejo de controle.

Foi para evitar que episódios como as fogueiras de livros se repetissem que as democracias modernas desenvolveram sistemas de freios e contrapesos que coibissem abusos. Mas, em diferentes momentos da História, esses sistemas foram corrompidos, enfraquecidos ou simplesmente ignorados. E episódios de destruição ou queima de livros votaram a acontecer, ainda que raramente.

Na História republicana do Brasil, que eu saiba, em apenas três ocasiões a Justiça federal ordenou a destruição de livros (não estou falando apenas de censura, mas da efetiva destruição de livros por ordem da Justiça). As duas primeiras ocorreram em ditaduras. Nos dois casos, alegou-se que o conteúdo poderia ameaçar a ordem pública e valores fundamentais da sociedade.

A primeira ocasião foi o período do Estado Novo (1937-1945), quando Getúlio Vargas implementou uma rígida política de censura. Livros considerados subversivos foram proibidos ou destruídos, com o objetivo de impedir o acesso da população a ideias que confrontassem a ideologia autoritária do governo.

Por ordem da Justiça, muitos livros foram destruídos pela polícia política da época, o DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda. Por exemplo: o “Manifesto Comunista”, de Marx e Engels, e “Mein Kampf”, de Adolf Hitler, bem como romances de Jorge Amado, Graça Aranha e Cyro dos Anjos.

Curiosamente, embora não tenha sido queimado, até mesmo o elogioso livro “Brasil, o país do futuro”, de Stefan Zweig (de novo ele), chegou a ser censurado, por trazer comentários que incomodaram o governo Vargas. Isso porque Zweig fez observações sobre a desigualdade social, a pobreza e os problemas de infraestrutura que contrariavam a narrativa oficial que o Estado Novo queria impor, de um Brasil próspero, coeso e socialmente justo, com todos os indicadores econômicos e sociais excelentes.

Observação importante: no Estado Novo, a liberdade de expressão era oficialmente reconhecida como um direito, mas foi sistematicamente relativizada com a justificativa da proteção da ordem pública e da defesa da moral. O princípio da liberdade de expressão é citado no Artigo 122 da Constituição de 1937, mas com uma pegadinha, que, na prática, autorizava a imposição de restrições cada vez mais severas à sua aplicação:

"É livre a manifestação de pensamento, pela palavra, pelos escritos e pela imprensa, sem dependência de censura, salvo o respeito devido à moral, à ordem pública e à segurança nacional."

Ou seja, o Estado Novo apresentava uma fachada de liberdade, mas, na prática, controlava a narrativa política e suprimia qualquer discurso que ameaçasse a hegemonia do regime. A liberdade de expressão, portanto, existia oficialmente, mas era relativizada e condicionada a limites impostos pela busca do progresso e da justiça social – conceitos amplamente manipulados para justificar a censura e a perseguição de adversários.

Soa familiar?

Continua...

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

As narrativas do tiozão do zap que se explodiu


Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 14 de novembro de 2024

As narrativas do tiozão do zap que se explodiu

Bolsonarismo tenta se descolar de Francisco Wanderley, mas a maioria das mensagens ecoa sua retórica. Felipe Moura Brasil para O Antagonista:

Em mensagens de WhatsApp enviadas a si próprio, Francisco Wanderley Luiz, o ex-candidato do PL que se explodiu na Praça dos Três Poderes após lançar artefatos contra a estátua do Supremo Tribunal Federal, fazia, em resumo, o seguinte:

*comparava a Suprema Corte e a Polícia Federal à SS (guarda de elite de Hitler) e à Gestapo (polícia secreta da Alemanha nazista), dizendo que elas só serviam para “prender velhinhas inocentes” (alegação típica do bolsonarismo, em defesa de réus dos atos de 8 de janeiro de 2023);

*xingava políticos à esquerda (Geraldo Alckmin, FHC, José Sarney) e um apresentador da TV Globo (William Bonner) de “comunistas de merda”;

*afirmava não gostar do número 13, do PT, que “tem cheiro de carniça, igual caxorro [sic] quando morre”, motivo aparente da escolha do dia 13 de novembro para soltar “uns foguetinhos”;

*pedia ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, para (1) acelerar a “operação STORM”, uma ação de combate à pedofilia internacional que só existiu em fake news espalhada por bolsonaristas; e (2) mandar “o FBI aqui pra Ilha de Marajó”, localidade que foi alvo de denúncias bolsonaristas de exploração sexual infantil.

Redes sociais

Nas redes sociais, o ex-candidato do PL ainda seguia Jair Bolsonaro (PL) e uma série de contas de seus propagandistas.

Lá, porém, a claque do ex-presidente (que não deixa de associar à esquerda lulista o autor da facada em Bolsonaro, Adélio Bispo, ex-PSOL) agora tenta se descolar de Francisco Wanderley porque, em uma das mensagens, ele se dirige a “BOLSONARO E LULA” dizendo também em maiúsculas: “SE VOCES AMAM O BRASIL; AFASTEN-SE [sic] DA VIDA PÚBLICA!!! CHEGA DE POLARIZAÇÃO!!! ESTE É O MOMENTO DE VOCÊS PROVAREM QUEM VOCÊS SÃO – O POVO É UM SO POVO!!!”

Esse pedido genérico, em nome do fim de uma “polarização” que o próprio Francisco turbina, obviamente não muda o fato de que as principais narrativas ecoadas nas mensagens de tiozão do zap vêm do bolsonarismo, assim como postagens de Adélio ecoavam o lulismo, o que ficaria mais claro em seus depoimentos.

Oportunistas, impostores ou malucos

Eu, Felipe, alertei em 18 de outubro de 2018, ainda na corrida eleitoral daquele ano, contra malucos que poderiam barbarizar:

“Todo líder popular atrai, além de pessoas de bem, uma porção de oportunistas, impostores ou malucos, que podem praticar barbaridades mais cedo ou mais tarde. A diferença é que há líderes que as incentivam e outros que as desestimulam e repudiam”, escrevi no então Twitter, na ocasião.

Defendi há mais de seis anos, portanto, que eles fossem desestimulados pelo líder popular que os atraiu. Agora é tarde para posar de pacifista e lamentar outro ato bárbaro como “fato isolado”.

Como ilustram as falas do ministro do STF Alexandre de Moraes, que aproveitou as explosões para novamente posar de defensor da democracia e defender a regulamentação das redes sociais, recriminando o “gabinete do ódio”, o bolsonarismo é, como defini em 2021, a melhor cortina de fumaça do sistema. E continua sendo até hoje, dessa vez com o agravante da fumaça literal.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

Gabi Entrevista Marcelo Rubens Paiva - (dividido em 4 Partes)


De Frente com Gabi - Entrevista com Marcelo Rubens Paiva 

Canal do SBT, no YouTube, em 6 de junho de 2013

Marília Gabriela recebe o escritor e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva. Trinta anos atrás ele ganhou o Brasil publicando o livro "Feliz Ano Velho", um best-seller que narra sua juventude e o acidente que o deixou tetraplégico. Marcelo já escreveu e dirigiu inúmeros espetáculos teatrais e chegou ao  seu décimo livro publicado, "As Verdades Que Ela Não Diz".

quarta-feira, 13 de novembro de 2024

'Apoie a abolição da Escala 6×1', por Emerson Sousa

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 13 de novembro de 2024

Apoie a abolição da Escala 6×1

Por Emerson Sousa*

Estando na fase de coleta de assinaturas, tramita na Câmara de Deputados uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), de autoria da Deputada Erika Hilton (PSOL-SP), que acabaria com a arcaica e carcomida escala de 6 dias de trabalho por 1 de descanso.

Ainda sem número, a PEC alteraria o inciso XIII do ART. 7° da CF88 e estabeleceria uma jornada de trabalho de 36 horas semanais, com 4 dias de atuação e 2 dias de descanso remunerado.

Segundo a referida parlamentar, a iniciativa “…reflete um movimento global em direção a modelos mais flexíveis aos trabalhadores, reconhecendo a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado de trabalho e à demanda por melhor qualidade de vida dos trabalhadores e dos seus familiares“.

 E, olha só… pode não parecer, mas essa é uma das sugestões mais importantes deste início de século a transitar pelo legislativo federal brasileiro.

Isso porque, desde a própria promulgação da Constituição Cidadã de 1988, a legislação trabalhista não recebia tão importante reforço.

Com a instituição da Jornada de 4 dias, o Brasil teria mais um mecanismo para enfrentar o Desemprego Estrutural causado pelo Desenvolvimento Tecnológico. Isso porque novos postos de trabalho seriam criados para atender as horas não cobertas pelas jornadas dos postos já ocupados, após a instalação desse novo expediente de trabalho.

A Jornada de 4 dias também seria um catalisador para o processo de erradicação da pobreza, uma vez que a ampliação de postos de trabalho criaria um contexto virtuoso de geração de emprego e renda, dado que as novas contratações ampliaram o mercado consumidor brasileiro e essas novas admissões resultariam em mais pessoas com disposição para comprar.

E essa mesma ampliação também serviria para potencializar o Empreendedorismo nacional, uma vez que os custos médios de se empreender seriam reduzidos, por conta do aumento de pessoas com renda disponível para consumir.

Ou seja, os investimentos produtivos teriam uma maior chance de darem certo porque, simplesmente, haveria mais pessoas para comprar, principalmente, nos municípios do interior do país, onde o Comércio responde por boa parte dos empregos gerados.

Com mais pessoas empregadas, o dinheiro circularia mais facilmente.

E tais efeitos seriam mais intensos nos segmentos de Lazer, Educação, Cultura e Turismo.

Sim, também tem isso: as pessoas passariam a ter mais tempo para viver as suas vidas e apreciar seus familiares e suas amizades.

A semana de 4 dias também seria uma barreira contra o avanço da precarização do mercado de trabalho, já que a mão-de-obra tenderia a ser menos depreciada num ambiente em que ela seria alvo de uma maior procura.

 Afinal, com a abolição da Escala 6×1, as pessoas não teriam que se submeter a qualquer oferta degradante de trabalho como forma de garantir a sua sobrevivência.

Também seria possível minorar o grau de iniquidade de nossa vergonhosa estrutura de distribuição de renda, em virtude da valorização da mão-de-obra.

Com o aumento da demanda pela força de trabalho, os rendimentos tenderiam a se apreciar e uma grande parcela da renda, que hoje fica nas mãos de alguns poucos bilionários e rentistas, seria redistribuída em favor de quem realmente gera a riqueza: Trabalhadores e Empreendedores.

A abolição da Escala 6×1 também serviria para desarmar a bomba previdenciária sobre a qual o país está assentado, haja vista que, com o aumento da oferta de trabalho, mais pessoas passarão a contribuir para a Previdência Social.

E, de quebra, ainda vai aliviar o peso orçamentário das rubricas da Assistência Social, já que mais pessoas passariam a ter um contrato formal de trabalho.

E não há, de maneira alguma, razão concreta para se alegar que essa medida iria “quebrar” a economia brasileira. Pois, por conta dos seus efeitos distributivos, medidas similares a esta que estamos a discutir mais dinamizaram o nosso circuito produtivo do que o emperraram.

O fim da Escravidão não “quebrou” o país, o advento da CLT não “quebrou” o país, a instituição do Salário-Mínimo não “quebrou” o país, a criação do 13º Salário não “quebrou” o país, a constitucionalização dos Direitos Trabalhistas não “quebrou” o país, a proibição do Trabalho Infantil não “quebrou” o país, o estabelecimento da aposentadoria rural não “quebrou” o país.

 Nada disso contribuiu para inviabilizar a economia nacional, muito pelo contrário. Foi todo esse arcabouço protetivo que deu condições de o Brasil reduzir sensivelmente os nossos níveis de indigência social.

Dessa forma, procure uma forma de apoiar a proposta da Deputada Erika Hilton.

Divulgue a ideia, manifeste a sua aprovação e, se possível, entre em contato com a bancada federal do teu estado para que a sua integralidade não só assine a proposta, mas também se comprometa com a sua rápida aprovação.

Quanto mais rápido vier a abolição da Escala 6×1, mais rápido o país terá condições de atingir o Pleno Emprego e potencializar o seu crescimento.

Abolição da Escala 6×1: apoie esta causa!

* É doutor em Administração e Mestre em Economia.

Texto e imagem reeproduzidos do site: www destaquenoticias com br

Deputado Federal Pastor Henrique (Fim da Escala 6x1)

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Histórico: após 169 anos, Aracaju elegeu a primeira prefeita

Legenda da foto: Emília se tornará a primeira mulher a comandar a capital do Estado

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 30 de outubro de 2024

Histórico: após 169 anos, Aracaju elegeu a primeira prefeita

Por Tanuza Oliveira* 

O tema de hoje não poderia ser outro além da eleição de Emília Corrêa para a Prefeitura de Aracaju. Ela será a primeira mulher a comandar a capital do Estado, após 169 anos de criação. É um feito. Um marco. E merece ser registrado. 

Emília chegou até aqui depois de três mandatos de vereadora e uma quase vitória para o parlamento federal - ela obteve mais de 50 mil votos, embora não tenha sido eleita. Além disso, é defensora pública há mais de 30 anos e comunicadora de Radio e TV desde 1998. 

Emília liderou as pesquisas durante todo o processo eleitoral e a vitória dela confirmou que os aracajuanos desejavam de fato ter, pela primeira vez, uma mulher prefeita.

Como dissemos na coluna passada, obviamente essa conquista perde um pouco de representatividade quando se trata de uma mulher bolsonarista, que até então não defendeu os direitos femininos.

Quando entrevistamos as então candidatas, Emília falou sobre esse processo. “Eu acredito que as mulheres têm uma representatividade numérica na população que nos respalda a ocupar qualquer espaço. Somos tão capazes quanto os homens, não é apenas por ser mulher que as pessoas devem eleger uma prefeita”, afirmou, à época. 

Isso porque, para a então vereadora, não bastava ser mulher, tinha que ser alguém que estivesse preparada, com história, reputação ilibada e sobretudo que pensasse no melhor para a sociedade e transformasse essas ações em prol do povo. 

“É essa mulher que torço que esteja à frente de qualquer espaço que leve a responsabilidade e o peso de representar a força da mulher”, disse Emília, que também afirmou que “mudaria esse modelo propagandista e resolveria de fato os problemas da saúde, educação, transporte público e, quanto às mulheres, buscaria a viabilidade de um programa específico para promoção da saúde feminina”. Agora é esperar pra ver. 

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* A articulista é jornalista profissional.

Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica com br

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Carlos Tramontina ENTREVISTA Marco Antônio Villa

'Morte e sumiço de Rubens Paiva'

Legenda da foto: Rubens Paiva, Eunice e os cinco filhos

Artigo compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 10 de novembro de 2024

Morte e sumiço de Rubens Paiva

Artigo de Marcos Cardoso*

O assassinato de Rubens Paiva foi um episódio emblemático da ditadura militar instituída há 60 anos com o golpe de 1° de abril – sim, no dia da mentira e não na véspera. A confirmação da morte e desaparecimento do corpo só aconteceu em 2014, culminando a luta da vida de Eunice Paiva, a viúva.

Por obra e graça da Comissão Nacional da Verdade chegou-se ao conhecimento do que sucedeu a partir da prisão do ex-deputado, no dia 20 de janeiro de 1971, quando nunca mais foi visto, vivo ou morto. A verdade só aflorou após 43 anos.

Flagrado por agentes da Aeronáutica ao receber correspondência de exilados políticos brasileiros no Chile, Rubens Paiva foi levado de sua casa no Leblon para a carceragem do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica), que funcionava na 3ª Zona Aérea, no Aeroporto Santos Dumont. Ali mesmo começou a ser torturado, segundo relatos obtidos.

Armados de metralhadoras, os militares não apresentaram mandado de prisão, mas permitiram que ele trocasse de roupa e saísse guiando o próprio carro. A mulher, Eunice, e a filha mais velha, Eliana, de 15 anos, também foram sequestradas. A adolescente foi libertada no dia seguinte. Eunice ficou 15 dias presa, incomunicável e sem nenhum contato com o marido.

No dia seguinte, 21 de setembro de 1971, o ex-deputado foi transferido para o Departamento de Operações de Informações (DOI) do 1º Exército, na Rua Barão de Mesquita, Tijuca, Zona Norte, onde não resistiu a novas e mais violentas sevícias.

Aquele a quem cabia atestar se os presos ainda suportavam tortura, o tenente-médico psiquiatra Amilcar Lobo, disse em depoimento que o viu “moribundo, uma equimose só e roxo da raiz dos cabelos às pontas dos pés”.

O então capitão Rubens Paim Sampaio, do Centro de Informações do Exército (CIE), foi o chefe da equipe responsável pela recepção e interrogatório de Rubens Paiva no DOI, segundo o então coronel Ronald José Motta Baptista de Leão, ex-chefe do Pelotão de Investigações Criminais (PIC) e responsável pela carceragem.

Leão afirmou à Comissão Nacional da Verdade que o viu pendurado num pau de arara e que chegou a dar um tapinha no traseiro do preso, despretensiosamente dizendo “que bunda gorda, deputado”.

O brigadeiro João Paulo Burnier, golpista de 1964 morto no ano 2000, comandava a Base Aérea do Galeão, mas não foi denunciado pela morte de Rubens Paiva. O general José Antônio Nogueira Belham, que comandava o DOI-I e admitiu ter inventado a suposta fuga de Rubens Paiva, e mais quatro oficiais foram denunciados pelo assassinato. Quase todos já morreram e ninguém jamais foi condenado.

Abrir a barriga

A versão da ditadura sobre a morte de Paiva que perdurou por mais de quatro décadas é que ele teria sido resgatado por seus companheiros quando mostrava à polícia um endereço onde poderia estar vivendo um “terrorista” que trazia correspondência de exilados chilenos. Os militares sempre sustentaram que, na madrugada de 22 de janeiro de 1971, um capitão (depois general reformado Raymundo Ronaldo Campos) e dois sargentos conduziam o ex-deputado em um Fusca para reconhecer a “casa suspeita”.

No Alto da Boa Vista, continua o teatrinho, o veículo do Exército foi fechado por outros dois carros e cerca de oito supostos guerrilheiros atacaram e incendiaram o Fusca. No entanto, o depoimento de Raymundo de Campos desmonta a história oficial. O general reformado assegurou diante dos integrantes da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro que a versão não passou de uma encenação.

E a última farsa desse teatro dantesco foi enfim descortinada quando o coronel reformado Paulo Malhães revelou a verdade sobre a ocultação dos restos mortais de Rubens Paiva, dois anos depois do assassinato no calabouço do DOI-I.

Intimado pela Polícia Federal, ele prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade sobre a ocultação de restos mortais de vítimas da ditadura. O oficial não confirmou ter dado solução final às ossadas do ex-deputado. Mas a fala anterior dele foi tão convincente que não tem como não acreditar que de fato foi o encarregado de solucionar a “cagada” feita pelos seus colegas, sendo obrigado a desenterrar os restos mortais e sumir com eles, jogando-os ao mar.

Malhães não negou que era um dos carrascos da Casa da Morte de Petrópolis, onde adversários do regime eram torturados, mortos e tinham os corpos mutilados e jogados num rio. As barrigas eram cortadas, os corpos eram colocados em sacos com pedras, para que não flutuassem.

Em depoimento à Comissão da Verdade do Rio, ele descreveu a “técnica” para ocultar cadáveres como “um estudo de anatomia”. Como jogar na água e não flutuar? Dedos das mãos e arcadas dentárias eram arrancados para evitar identificação.

“De qualquer maneira você tem que abrir a barriga, quer queira, quer não. É o primeiro princípio. Depois, o resto é mais fácil. Vai inteiro. Eu gosto de decapitar, mas é bandido aqui”, disse, referindo-se à Baixada Fluminense, onde mora.

O então coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Pedro Dallari, disse que o depoimento confirma que o desaparecimento de presos foi uma política de Estado na ditadura militar. “Não tenho dúvida de que esses atos aconteciam com o conhecimento e o aval da cúpula do regime. Esses homens agiam com respaldo institucional”, afirmou.

Mas não é só isso. O depoimento do coronel é uma mostra do nível de perversidade a que chegaram militares e outros agentes da repressão não só ao torturar, mas ao desaparecer com os corpos. Para a ex-ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, “o depoimento do coronel mostrou que a ditadura valeu-se de psicopatas”.

À Comissão da Verdade do Rio, e com um orgulho contido, Malhães detalhou como desaparecia com os corpos das vítimas da Casa da Morte, centro de tortura de onde saiu apenas uma sobrevivente, Inês Etienne Romeu, integrante da organização VAR-Palmares.

Ainda estou aqui

Rubens Beirodt Paiva tinha então 41 anos, era industrial, engenheiro civil formado em 1954 na Escola de Engenharia da Universidade Mackenzie, São Paulo, seu Estado natal (nasceu em Santos, no ano de 1929). Foi vice-presidente da União Estadual dos Estudantes. Foi engenheiro construtor de Brasília, deputado federal pelo Partido Trabalhista Brasileiro, cassado e exilado em 1964.

Na Câmara, destacou-se pela defesa de bandeiras nacionalistas. Quando sobreveio o golpe militar de 1964, ele era vice-presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que apurava o recebimento de dólares pelo Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), fachada utilizada pela CIA para financiar a desestabilização do governo João Goulart.

Retornando do exílio, Rubens Paiva passou a atuar na resistência à ditadura, escondendo militantes perseguidos, ajudando-os a sair para o exterior e enviando denúncias de tortura para organismos internacionais de defesa dos direitos humanos. Tinha cinco filhos, dentre eles o escritor Marcelo Rubens Paiva, autor de livros, peças de teatro e roteiros de cinema, que se notabilizou pelos livros autobiográficos “Feliz ano velho” (1982) e “Ainda estou aqui” (2015), base do roteiro do filme que retrata a mudança drástica na vida de Eunice Paiva e seus cinco filhos após o desparecimento de Rubens Paiva.

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Texto publicado em 2014 e agora atualizado.

* É jornalista.

Texto e imagem reproduzidos do site destaquenoticias com br

domingo, 10 de novembro de 2024

Para onde Emília Correa levará os aracajuanos?

Texto compartilhado do site DESTAQUE NOTÍCIAS, de 9 de novembro de 2024

Para onde Emília Correa levará os aracajuanos?

Por Afonso Nascimento*

Durante o regime militar, Aracaju teve sete (7) prefeitos, todos “biônicos” (não eleitos), todos de direita a serviço dos generais, todos da ARENA. Godofredo Diniz Gonçalves (sem formação superior, Atheneu, deposto pelos militares em março de 1964), João Alves Bezerra (escolaridade desconhecida), Gileno da Silveira Lima (dentista), José Teixeira Machado (escolaridade desconhecida), Cleovansóstenes P. Aguiar (médico), João Alves Filho (engenheiro civil), Heráclito Rollemberg (advogado) e José Carlos Teixeira (contador sem diploma superior). Esse último foi o Ulisses Guimarães sergipano. Defendeu o fim da ditadura e eleições diretas, até ter a chance de ser prefeito sem o voto popular.

Em seguida vieram os dez (10) prefeitos eleitos pelo voto popular, todos de esquerda moderada. Com a exceção de João Alves (filhote da ditadura), eles pertenceram aos grupos de Jackson Barreto, Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira (que tem uma fase de esquerda e outra fase de direita). Aqui estão eles: Jackson Barreto (PMDB), Viana de Assis (PMDB), Wellington Paixão (PSB), Jackson Barreto (PDT), José Almeida Lima (PDT), João Augusto Gama (PMDB), Marcelo Déda (PT), Marcelo Déda (PT), Edvaldo Nogueira (PCdoB), João Alves Filho (DEM), Edvaldo Nogueira (PCdoB) e Edvaldo Nogueira (PDT).

É a fase de ouro dos prefeitos formados em Direito pela Universidade Federal de Sergipe, excluídos o engenheiro João Alves e Edvaldo Nogueira, o único com educação secundária. Alguns com histórico de luta contra a ditadura militar e ligações com o PCB. Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira tiveram dois mandatos incompletos de prefeito.

E, agora, pela primeira vez, os aracajuanos elegeram uma prefeita bolsonarista e evangélica. Emília Correa, defensora pública e advogada, graduada pela UNIT. Será neoliberal na economia e extremista de direita na política. O desafio de Emília Correia é provar que não é extrema-direita. Minha “previsão” é a seguinte. O seu secretariado será recheado de bolsonaristas civis e militares, egressos da UNIT, pastores, empresários da política. Fará um governo sem maioria na Câmara de Vereadores? Firmará acordo com a UNIT para oferecer cursos de qualificação para funcionários públicos municipais; acordo com o hospital da UNIT para prestação de serviços médicos à prefeitura. Construirá várias escolas cívico-militares. As emissoras de TV e rádios e jornalistas “amigos” receberão boas verbas de publicidade. Dará cargos a cabos eleitorais do interior em Aracaju ou não, em preparação para a eleição de 2026. Estudantes de Direito da UFS dizem que é impossível ela cumprir a sua “proposta” sobre o IPTU. Os quadros técnicos da UFS não serão aproveitados, talvez exceto alguém na procuradoria-geral de Aracaju.

Fonte: Wikipedia

* É professor de direito da Universidade Federal de Sergipe.

Texto reproduzido do site: www destaquenoticias com br

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

De Musk a Putin, quem ganha e quem perde com a eleição de Trump

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 7 de novembro de 2024

De Musk a Putin, quem ganha e quem perde com a eleição de Trump.

Nada é garantido com o presidente reeleito, mas, sob a luz do momento, dá para fazer um balanço da montanha-russa que chacoalhará o mundo. Vilma Gryzinski:

Elon Musk – agora chamado de Elon por todos os republicanos, implicando intimidade – fez a aposta mais alta em Donald Trump. A recompensa que receberá pode também ser sua maldição: a tarefa de cortar gastos supérfluos num governo que tem orçamento de mais de seis trilhões de dólares por ano.

No momento, ele está coberto de glória por ter apostado no cavalo ganhador quando parecia que havia um impulso quase suicida nesse risco por causa dos grandes contratos que tem com o governo, desde a mais remota antena do Starliink até as naves espaciais que transportam astronautas. Vai acabar entrando em conflito com Trump por incompatibilidade de egos cósmicos? Muita gente tem motivos para apostar no choque dos titãs.

Também na coluna dos ganhadores: Joe Rogan, o fenômeno do podcast: o que fez com Trump teve mais de 40 milhões de visualizações, muito além do que qualquer canal de televisão possa alcançar. Também apostou alto e declarou apoio a Trump um dia antes da eleição. Poderia destruir sua credibilidade, o patrimônio dos comunicadores que, uma vez perdido, não consegue ser recuperado.

Aliás, os podcasts em geral mostraram que são um novo agente no grande jogo da política. Por influência do filho de 18 anos, Barron, Trump deu longas entrevistas a personalidades desse mundo que certamente desconhecia até então. Por causa do formato, estava mais relaxado e revelou aspectos humanos de sua personalidade. A Theo Von (não sabem quem é? Vá para a lista de Joe Biden), falou longamente sobre o irmão, Fred, piloto comercial que morreu de alcoolismo. O entrevistador discutiu seu próprio vício em drogas e Trump fez indagações pertinentes, mostrando interesse e empatia, uma qualidade praticamente inexistente em sua persona pública.

NEGOCIADOR DE ACORDOS

Vladimir Putin está também entre os ganhadores por causa da inexplicável simpatia que Trump mostra por ele. Consequentemente, perde a Ucrânia, dependente da ajuda americana para a guerra na qual entra com as vidas cortadas e os Estados Unidos com as armas.

Trump, lamentavelmente, não parece entender a importância da ordem internacional – criada pelos Estados Unidos – em que a invasão de um país independente que não representa risco nem cometeu agressões contra o invasor tem que ser combatida com todas as forças.

Correm boatos sobre um esboço de plano de paz que seria apresentado pelo novo governo: congelamento da situação atual e negociação sobre um futuro em que a Ucrânia não entraria na Otan e a Rússia garantiria a não-agressão. Os europeus pagariam a conta da reconstrução. Aliás, no mundo Trump os europeus também têm que assumir sua parte nos gastos da Otan.

Mesmo com a desordem introduzida pela invasão russa, muitos ainda não cumprem o compromisso de gastar pelo menos 2% do orçamento em defesa. Trump, que vê seu papel como presidente essencialmente como o de um negociador de acordos mais favoráveis aos Estados Unidos, não se conforma com uma situação que remete aos tempos da Guerra Fria, quando convinha aos americanos erguer as barreiras militares que segurariam uma invasão soviética na Europa. Funcionou muito bem, mas Trump acha que não há sentido em continuar a pagar a conta.

FÔLEGO PARA A ARGENTINA?

Se Vladimir Putin está entre os ganhadores, seu xará Volodymyr Zelensky pode ser um dos perdedores. A nova corrente isolacionista que domina uma parte do Partido Republicano o coloca, equivocadamente, como um aproveitador que só sabe arrancar dinheiro e armas dos patronos ocidentais. É errado, mas é como pensam os defensores dessa escola, pela qual Trump manifesta crescente simpatia.

Outros ganhadores: Viktor Orbán, o líder húngaro de direita que foi aliado de primeira hora, e Javier Milei. Como sempre, a Argentina está precisando de dinheiro e um novo pacote do FMI, apesar do histórico de calotes, injetaria os dólares que dariam um fôlego extra a seu programa ultralibertário. Trump se comoverá com a situação do admirador declarado ou manterá a posição de que o dinheiro americano – como o maior cotista do FMI – não deve ser desperdiçado?

Perdedor feio: o desatinado governo britânico de Keir Starmer. Estreando internacionalmente na categoria erros não necessários, o Partido Trabalhista de Starmer decidiu mandar cem militantes para fazer campanha por Kamala Harris. A total falta de noção mostra como os britânicos estão mal arranjados. Imaginem a situação contrária: o Partido Republicano mandando um batalhão para atuar do lado dos conservadores britânicos. Pois é, ninguém do governo de Starmer calculou o tamanho da besteira.

O Irã ocupa um lugar de honra na lista dos perdedores – e mais ainda se Mike Pompeo for secretário da Defesa. Ele está na lista de potencial vítima de assassinato do serviço secreto iraniano, por causa de seu papel no primeiro governo Trump, inclusive quando Qassem Soleimani, o chefe das operações externas do Irã, foi pulverizado por um míssil americano no Iraque. Quando Joe Biden exercia pressão forte sobre Israel para que, num ataque de retaliação, as instalações nucleares iranianas não fossem bombardeadas, convulsionando ainda mais o Oriente Médio, Trump comentou: “Mas não é exatamente a primeira coisa que eles deveriam explodir?”.

PENSANDO EM 2028

No plano interno, um grande ganhador é J.D. Vance, o vice que foi muito criticado, até dentro do Partido Republicano, e agora automaticamente se qualifica para disputar a candidatura presidencial de 2028 – como no Brasil, assim que acaba uma eleição, toda a classe política já começa a pensar na próxima. Irá Vance ter um papel menos que figurativo no novo governo?

Outro nome que desponta como integrante do próximo governo é Howard Lutnick, dono da megacorretora Cantor Fitzgerald.

Sua história é impressionante. No 11 de Setembro, ele só chegou atrasado porque estava levando o filho para o primeiro dia de aula no maternal. O primeiro avião dos terroristas da Al Qaeda atingiu em cheio os três andares da corretora. Quem não morreu no impacto e no consequente incêndio não conseguiu descer. Foram mais de 570 mortos, inclusive o irmão de Lutnick. O próprio bilionário correu para o local e só escapou do desabamento da segunda torre porque se jogou debaixo de um carro.

Também cotado para o Tesouro é Jamie Dimon, o guru do JP Morgan, embora as simpatias não exteriorizadas por Kamala – e a campanha feita pela mulher dele em favor da candidata derrotada – possam atrapalhar. Ou John Paulson, outro da categoria de bilionário do mercado financeiro, antenado em cortar impostos e desregulamentar a economia. Ele vazou estar “interessado”.

É cogitado também o nome de Vivek Ramaswamy, talvez como secretário do Interior, com a espinhosa missão de controlar a imigração clandestina. Vivek, como passou a ser chamado por causa do sobrenome indiano complicado, também vai querer disputar a candidatura presidencial em 2028.

Secretário de Estado: os senadores Marco Rubio, que seria um pesadelo para Cuba, e Bill Hagerty.

Integrar um gabinete Trump sempre é uma atividade de alto risco. Muitos trumpistas queimaram o filme no primeiro governo e talvez isso vá se repetir, especialmente com nomes estelares como Elon Musk, Jamie Dimon ou Robert Kennedy Jr., que largou a própria candidatura independente para apoiar Trump, em troca de mexer na saúde pública em questões vitais como vacinação e até a colocação de flúor na água – ele é contra ambas, uma garantia de que encontrará enorme oposição.

E HÁ ESPERANÇA PARA NÓS?

E o Brasil, como fica? Tomar conta dos próprios assuntos – e assuntos importantes, como o aumento do dólar, que empobrece o país inteiro – teria sido aconselhável, embora não obrigatório, principalmente para quem está numa posição interna perdedora e precisa faturar com o próprio público partidário. Apoio de última hora à candidata perdedora entra na categoria dos erros opcionais.

Qualquer sobretaxa, obviamente, prejudica as exportações para os Estados Unidos – 19 bilhões de dólares no primeiro semestre.

Isso abre caminho a um raciocínio sinuoso: se as sobretaxas gerais prometidas por Trump aumentarem os preços nos Estados Unidos, pressionando a inflação, Jerome Powell (o presidente do Federal Reserve que ele odeia) terá de subir a taxa de juros, atraindo investimentos que por aqui gorjeiam e enfraquecendo ainda mais o real. A saída é uma economia interna fortalecida pelos conhecidos parâmetros da estabilidade.

Mas isso parece ser como esperar um Trump doce e meigo que não liga nem um pouquinho para a aliança antiocidental que pretende substituir o dólar como moeda de troca. Essa sim vai ser uma briga daquelas.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

Entenda como retorno de Trump à presidência... impacta o Brasil

Publicação compartilhada do site da REVISTA REALCE, de 6 de novembro de 2024 

Entenda como retorno de Trump à presidência dos Estados Unidos impacta o Brasil

Vitória do republicano deve trazer mudanças significativas em questões econômicas, políticas e ambientais para o país.

A vitória de Donald Trump nos Estados Unidos, conquistando seu segundo mandato como presidente, tem grande potencial para impactar diretamente o Brasil em questões econômicas, políticas e ambientais, além de fortalecer pautas da direita e extrema-direita, segundo especialistas.

Em seu plano de governo, o republicano promete elevar impostos sobre produtos importados e incentivar o uso de petróleo, gás e carvão. Ele também afirma que vai “proteger a liberdade de expressão online,” restringir direitos de pessoas trans e impor um “plano agressivo” contra a entrada de imigrantes.

Com relação às importações, Trump pretende implementar uma tarifa mínima de 10% sobre todas elas, o que afetaria setores brasileiros como agronegócio, ferro e aço.

Além disso, a alta do dólar, intensificada por essas medidas, pode levar o Brasil a enfrentar mais inflação e maiores taxas de juros para conter os preços, conforme indicam especialistas.

Por falar em dólar, com a notícia da eleição de Trump, ele disparou, subindo cerca de 1,4% em relação a uma série de moedas, e causando um impacto em escala global. No Brasil, a moeda foi de R$ 5,74 para R$ 5,86 por volta das 9h da manhã, maior valor desde 2020, durante a pandemia da covid-19.

Apesar dessas projeções, os analistas destacam que a extensão do impacto da agenda de Trump dependerá do que o presidente eleito de fato implementar e das respostas dos países afetados.

Politicamente, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e conservadores veem o resultado como um impulso para fortalecer a oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a direita em direção às eleições de 2026.

Texto e imagem reproduzidos do site: revistarealce com

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Ex-democrata, astro da TV e falas polêmicas: a trajetória de Donald Trump

Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO, de 6 de novembro de 2024 

Ex-democrata, astro da TV e falas polêmicas: a trajetória de Donald Trump, republicano eleito presidente dos EUA

Com cinco filhos, Trump entrou na política já pela presidência. Antes, expandiu negócios imobiliários do pai e ficou famoso ao estrelar 'O Aprendiz' na TV. Foi processado 5 vezes e acusado outras 18 de crimes sexuais. Ele nega.

Por Luisa Belchior, g1

Foi com Roy Cohn, o polêmico advogado que representou mafiosos de Nova York e é considerado o grande mentor de Donald Trump, que o ex-presidente dos Estados Unidos aprendeu o lema que desde então vem guiando sua trajetória: "sempre clame vitória, jamais admita a derrota". Eleito para um segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, conforme projeção da Associated Press desta quarta-feira (6).

Trump, de 78 anos, aplicou o ensinamento não só ao contestar sua derrota nas urnas na eleição presidencial dos Estados Unidos em 2020, que perdeu para Joe Biden, mas também quando conseguiu convencer credores a perdoarem a maior parte de uma dívida de US$ 900 milhões que fez na década de 1990.

Hoje, o republicano tem uma fortuna estimada em cerca de US$ 6,5 bilhões (cerca de R$ 32 bilhões), fruto de seu conglomerado de empresas que inclui redes de hotéis, resorts, cassinos e campos de golfes dentro e fora dos Estados Unidos. E de uma carreira como personalidade da TV, que o alçou à fama antes de se tornar presidente dos EUA, em 2017.

Mas a trajetória de Trump para voltar à Casa Branca na eleição presidencial da terça-feira (5) também abarca processos judiciais, 18 denúncias de crimes sexuais, três casamentos, cinco filhos, dez netos, uma mudança de partido e muitas falas polêmicas — só nesta campanha eleitoral, ele disse que deve prender adversários políticos e colocar o Exército atrás de cidadãos dentro e fora dos EUA e prometeu a maior deportação de imigrantes na história de seu país.

Relembre, abaixo, parte da trajetória:

Ao contrário do que já disse algumas vezes, Donald Trump não construiu sua fortuna do zero. Seus primeiros passos e milhões de dólares foram proporcionados por seu pai, Fred Trump, filho de um imigrante alemão que investiu no incipiente mercado imobiliário de Nova York na década de 1950.

Fred Trump escolheu Donald, o quarto dos cinco filhos que teve, como seu sucessor na carreira. Descartou as duas filhas meninas, e o filho mais velho, Fred Jr., morreu de um ataque cardíaco associado ao alcoolismo.

Após se formar em economia na Universidade da Pensilvânia, em 1968, ele assumiu oficialmente a imobiliária da família.

Seu primeiro passo foi tentar ampliar os negócios do pai, focados em residências para famílias brancas no Queens, bairro de Nova York onde o ex-presidente nasceu, em 1946, viveu durante a infância e a adolescência.

Trump filho queria construir prédios altos em Manhattan e hotéis, campos de golfe e cassinos fora dos EUA. Para isso, pegou um empréstimo de cerca de US$ 500 milhões de seu pai, segundo o jornal "The New York Times", e foi se firmando no mercado imobiliário da cidade ao longo da década de 1970 com construções que ele sempre batizava com o sobrenome da família.

Em 1980, veio seu primeiro processo judicial: foi acusado de discriminar famílias negras em aluguéis de apartamentos em um de seus prédios. Trump, que herdou uma empresa focada em famílias brancas, negou, mas o caso ganhou repercussão, e ele foi, então, em busca de um nome forte para sua defesa.

Bateu na porta do advogado Roy Cohn, uma das figuras mais polêmicas da história recente dos Estados Unidos que acabou por se tornar o grande mentor de Trump e responsável por moldar a personalidade política do então jovem empreendedor.

"Ele me procurou dizendo: você parece ser maluco como eu e também é 'antiestablishment'", disse o próprio Cohn.

Roy Cohn foi advogado de grandes mafiosos de Nova York, sempre defendendo seus clientes em entrevistas à imprensa, o que o tornou um rosto conhecido. Também muito influente entre artistas, políticos e empresários, ele respondeu como réu em processos por acumular dívidas milionárias e manipular provas e comprar falsos depoimentos em julgamentos.

Um dos casos mais emblemáticos foi o do casal Ethel e Julius Rosemberg, judeus nova-iorquinos que foram para a cadeira elétrica acusados de serem espiões da União Soviética durante a Guerra Fria. A testemunha-chave do processo depois confessou ter sido forçada por Cohn a mentir.

O advogado também assessorou o senador Joseph McCarthy na caça aos comunistas que marcou a década de 1950 nos EUA. E liderou ataques e caças a homossexuais.

No processo em que foi acusado de discriminar famílias negras, Trump chegou a um acordo, mas, seguindo o lema de Cohn, declarou vitória alegando que em nenhum momento reconheceu culpa e acusou o governo de perseguição, seguindo a estratégia de ataque que marcaria o resto de sua carreira profissional e política.

Foi também com a ajuda de Cohn que o hoje candidato republicano construiu a Trump Tower, sua famosa torre residencial em Manhattan onde tem uma de suas residências, nos três últimos andares — atualmente, Trump vive com a família em uma mansão de 126 quartos no complexo residencial de Mar-a-Lago, na Flórida, do qual também é o dono.

A torre de Nova York foi construída parcialmente com aço, uma indústria dominada na época por mafiosos que Roy Cohn representava.

Eleições americanas: conheça a trajetória de Donald Trump

Embates na Justiça

Mas este não foi o único embate de Trump com a Justiça. Décadas mais tarde, depois de o magnata virar presidente e deixar a Casa Branca, começou sua maior batalha com os tribunais.

Em 2023, ele virou réu em quatro processos diferentes, com 91 acusações no total. E mesmo que seja reeleito este ano, o republicano não se livrará dos casos — ele continuará tendo de ir a julgamento e pode até governar atrás de grades, se for condenado à prisão em algum deles.

Se reeleito, ele será o primeiro presidente já condenado na Justiça da história dos EUA.

Apenas um dos processos já foi julgado, e o republicano foi condenado. Em maio de 2024, Trump se tornou o primeiro ex-presidente a ter uma condenação.

No caso, cuja sentença ainda não foi definida, a Justiça considerou Trump culpado de fraude contábil ao declarar como gasto de campanha um pagamento feito à ex-atriz pornô Stormy Daniels. O dinheiro, segundo a acusação, foi pago para comprar o silêncio de Daniels, com que Trump teria tido um caso extraconjungal durante a campanha presidencial de 2016, da qual ele saiu vencedor.

Daniels prestou depoimento durante o julgamento e não só confirmou que, de fato, teve um "encontro sexual" com Trump, o que o ex-presidente nega, como também deu uma enxurrada de detalhes sobre o episódio.

No relato, a ex-atriz-pornô contou que aceitou ter a relação sexual, mas afirmou que havia um "jogo de poder". Disse que o então empresário encostou, sem roupas, contra a porta do quarto do hotel e lhe falou: "Esta é a única forma de você conseguir sair do estacionamento de trailers", onde Daniels morava à época.

O processo não envolveu crime de natureza sexual, mas Trump foi acusado por outras 18 mulheres de crimes sexuais — três deles estupros — segundo um levantamento da rede de TV norte-americana ABC. Ele nega todos.

Em um dos casos, a suposta vítima era uma menina de 13 anos, que relatou ter sido estuprada na década de 1990 por Trump e pelo bilionário Jeffrey Epstein, acusado de tráfico sexual e que morreu na prisão enquanto aguardava julgamento.

A denúncia foi retirada meses depois, e a menina nunca mais falou com a imprensa.

Três casamentos, cinco filhos

Não foi a primeira vez que o republicano foi acusado de estupro. Sua primeira esposa, Ivana Trump, de quem ele se divorciou na década de 1990, disse logo após a separação ter sido estuprada pelo ex-marido.

No entanto, Ivana, que nasceu na República Tcheca e morreu em 2022 em Nova York, também não levou a acusação adiante e nunca mais mencionou o caso, e a investigação foi arquivada. Promotores de Nova York suspeitam que houve um acordo secreto entre os dois, que foram casados por 13 anos e tiveram três filhos: Donald Jr., Ivanka e Eric.

Trump tem outros dois filhos, frutos de duas relações diferentes: Tiffany, do casamento com sua segunda esposa, a atriz e modelo Marla Maples, e Barron Trump, seu caçula e único filho com sua atual esposa, a ex-modelo Melania Trump.

De origem eslovena, Melania é casada há mais de 20 anos com Trump. Os dois se conheceram durante uma festa em Nova York em 1998. Ela participou pouco da campanha do marido, e ficou na residência da família em Nova York a maior parte do tempo.

Como primeira-dama, durante a gestão de Trump entre 2017 e 2021, também manteve a discrição e deu poucas entrevistas, embora acompanhasse com frequência o marido em eventos e viagens internacionais.

Personalidade da TV

"O Aprendiz" mostra como Donald Trump se transformou em um grande empresário

Foi também com a ajuda de seu mentor Roy Cohn que o então magnata migrou para a TV, já nos anos 2000.

Cohn, bem relacionado com a mídia local, intermediou para que o então magnata conseguisse fechar um contrato para estrelar o programa "O Aprendiz", reality show no qual Trump escolhia um participante para trabalhar com ele — os outros todos eram "demitidos".

E, apesar de que imprimia o sobrenome de seu pai em todas as suas construções, o nome Trump se consolidou como marca empresarial com o programa, que durou 14 temporadas e foi exportado para diversos outros países, inclusive o Brasil.

Além de alçar seu nome de forma nacional, a carreira na TV também salvou Trump de dívidas que ele havia acumulado em suas empresas, apesar dos milhões que herdou do pai.

Ele mesmo disse, em uma entrevista à apresentadora norte-american Ellen DeGeneres, que, antes do contrato com o reality show, estava negativo em US$ 900 milhões (cerca de R$ 5,1 bilhões).

"Um dia estava na rua com minha esposa e apontei para um morador de rua e disse: ele tem mais dinheiro que eu", disse o republicano.

Carreira política

Pode ser difícil de acreditar, mas Donald Trump já foi um militante do Partido Democrata, que hoje enfrenta nas urnas.

O atual candidato republicano não só mudou de lado à medida em que foi se envolvendo mais com temas políticos como também empurrou sua atual sigla ainda para uma direita mais radical.

"Em Nova York, praticamente todo mundo era democrata", explicou o agora republicano em uma entrevista à CNN em 2015, um ano antes de se tornar presidente. Trump entrou na política em 2016 já no posto máximo de seu país — a presidência foi seu primeiro cargo.

Trump venceu a eleição presidencial de 2016 contra a candidata democrata Hillary Clinton usando mensagens populistas de direita que repercutiram nos estados indecisos do centro-oeste dos EUA.

Quando assumiu o governo, transformou parte do discurso radical em ação: logo no começo de sua gestão, iniciou a construção de um polêmico muro em algumas áreas da fronteira entre EUA e México — mas o projeto foi abandonado e ainda está sem conclusão.

Ele também retirou os EUA de uma série de tratados e acordos internacionais.

Um deles foi o acordo nuclear histórico entre EUA e Irã que seu antecessor, o democrata Barack Obama, havia conseguido costurar. Trump aplicou uma série de sanções ao país rival, que retomou seu programa nuclear e, atualmente, ameaça usá-lo para fins militares, em meio às tensões com Israel.

Ele também repetiu, ao longo dos quatro anos, ameaças de que retiraria os EUA da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), alegando que outros países membros, principalmente os europeus, deveriam aumentar seus gastos militares para engordar o arsenal da aliança.

Esse é um argumento que o republicano mostrou não ter abandonado: em um ato de campanha neste ano, disse que não defenderá um país membro da aliança caso ele seja atacado pela Rússia -- a Otan prevê defesa imediata a qualquer país membro que seja atacado ou invadido.

Trump usou o mesmo pressuposto, o de que os EUA pagam mais que outros países, para também abandonar o Acordo de Paris sobre as mudanças climáticas, alegando que as metas impostas aos norte-americanos eram muito altas. A retirada do acordo do clima foi uma das maiores polêmicas da gestão do republicano, que passou a presidência negando o aquecimento global.

Em paralelo, o ex-presidente conseguiu entregar uma série de vitórias para a ala mais conservadora do Partido Republicano no período. Ele nomeou três juízes da Suprema Corte, impulsionou cortes de impostos favoráveis a empresas e revogou uma série de regulamentações governamentais.

Seus quatro anos à frente da Casa Branca foram permeados ainda por dois impeachments — processo que, nos EUA, não significa que o presidente deve deixar seu cargo —, críticas por sua gestão na pandemia e, nos últimos dias, uma insurreição no Capitólio dos EUA.

Invasão ao Capitólio

A cartada final da gestão de Trump ocorreu depois das eleições de 2020, quando ele perdeu para Joe Biden. O republicano — repetindo o lema de seu mentor de "sempre clamar vitória" — contestou o resultado das urnas, que disse ter sido fraudado.

Meses antes do pleito, ele já vinha falsamente semeando dúvidas sobre a integridade da eleição de 2020, diante da indicação de pesquisas de que estava atrás do democrata.

Em 6 de janeiro de 2021, dias antes da posse de Biden, ele fez um discurso em Washington em que incitou apoiadores a impedirem a certificação do novo governo. Horas depois, centenas de pessoas invadiram o Capitólio — o prédio onde funciona o Legislativo dos Estados Unidos, em um episódio que ficou conhecido como um dos principais golpes contra a democracia norte-americana.

Trump depois negou ter incitado a invasão e disse que a invasão representou um "dia do amor" em que "nada de errado" aconteceu.

Texto reproduzido do site: g1 globo com/mundo

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

O eleitorado consolida sua preferência à direita

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 29 de outubro de 2024

O eleitorado consolida sua preferência à direita

O Brasil sai das urnas com uma política mais pragmática e menos polarizada, uma esquerda em crise e dependente de Lula e uma direita fortalecida em busca de um líder para 2026. Editorial do Estadão:

Sem grandes surpresas, o segundo turno das eleições municipais consolidou o cenário político desenhado no primeiro: a revitalização da política tradicional; uma direita robustecida, mas fracionada; uma esquerda em crise; e o desgaste das duas lideranças dominantes em âmbito nacional, o presidente Lula da Silva e, sobretudo, o ex-presidente Jair Bolsonaro.

No cômputo geral, candidatos radicais foram rechaçados, interesses locais e referendos sobre gestão prevaleceram e o centro, tanto em sua faceta ideologicamente moderada quanto em sua faceta fisiológica, triunfou. A maior expressão disso foi o desempenho do PSD, primeiro colocado, com 887 prefeituras, e do MDB, com 853.

Em certo sentido, os partidos do Centrão voltaram às suas origens de contraponto ao progressismo na Constituinte de 1988. Em outro sentido, essa volta foi abastecida pelo fortalecimento desses partidos no Congresso, munidos de multibilionários fundos eleitorais e, sobretudo, emendas parlamentares. O número de prefeitos reeleitos foi o maior dos últimos 20 anos, chegando a 80%. Nas 112 cidades mais contempladas com emendas, a taxa foi de 93,7%. As emendas cumpriram sua função de capilarizar a dominância desses partidos, e a contrapartida será seu fortalecimento no Congresso.

A expressão mais eloquente da crise de representatividade da esquerda foi a desidratação no Nordeste, onde perdeu metade das capitais, ficando com apenas duas. Em número de prefeituras, o PT ficou em 9.º lugar, atrás até do moribundo PSDB. O maior vencedor no campo progressista, o PSB, ficou em 7.º lugar. No geral, mesmo com a máquina do Executivo nacional, foi o pior resultado da esquerda desde a redemocratização.

A pauta da inclusão social foi incorporada por outros espectros e a credibilidade da esquerda para implementá-la foi irremediavelmente maculada pela corrupção e pela recessão na gestão lulopetista de Dilma Rousseff. As políticas assistencialistas já não são novidade e carecem de combustível por causa do aperto fiscal. Faltam ideias para atender às preocupações da população com a segurança e seus desejos de empreender. Um protagonista novo, como João Campos (PSB), reeleito no Recife, ainda é só uma promessa. Em São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), mesmo com o apoio do PT e recursos de campanha dez vezes maiores, perdeu sua segunda disputa consecutiva. Com praticamente o mesmo número de votos de 2020, Boulos perdeu em quase todos os distritos e se revelou um candidato de nicho, com um teto intransponível.

Nas disputas entre o PT e o PL, de Jair Bolsonaro, o PL, em geral, levou a melhor. Mas, como cabos eleitorais, Lula e Bolsonaro mais perderam do que ganharam. Lula, seja porque já não tem o mesmo vigor, seja porque está mais preocupado em projetar sua imagem no exterior, seja para não bater de frente com partidos que formam a sua base, não entrou a fundo nas disputas. Mas o maior derrotado foi Bolsonaro. Quase todas as suas apostas malograram – assim como as tentativas de retaliar moderados como o PSD. Em seu próprio partido, prevaleceu a ala pragmática comandada pelo presidente Valdemar Costa Neto. Os principais postulantes da direita para a Presidência em 2026 – os governadores Tarcísio de Freitas (SP), Ronaldo Caiado (GO) e Ratinho Jr. (PR) – emplacaram candidatos com apoio marginal de Bolsonaro ou até contra ele, como (veladamente) em Curitiba e (explicitamente) em Goiânia. Um candidato como Pablo Marçal mostrou que pode abocanhar votos do bolsonarismo dito “raiz” mesmo à revelia de Bolsonaro.

Olhando para 2026, Lula sempre será um candidato forte. Mas está envelhecido, em idade e ideias. Em termos partidários, encaminha-se para a disputa em “esplêndido isolamento” e sem aquela que foi sua principal alavanca em 2022: a contenção de Jair Bolsonaro. As moedas de troca com um Centrão robustecido em âmbito regional e no Legislativo federal minguaram, e esse grupo está sempre pronto para migrar para onde estiverem as preferências do eleitorado. Neste momento, elas apontam para a direita. Mas ainda falta uma liderança capaz de representá-las em âmbito nacional.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com 

sábado, 2 de novembro de 2024

Direita e esquerda

Legenda da imagem: Pintura mostrando a Tomada da Bastilha, um marco da Revolução Francesa, contexto de surgimento dos termos direita e esquerda. (Foi durante a Revolução Francesa, que se espalhou com a Tomada da Bastilha, que os termos direita e esquerda surgiram).

Publicação compartilhada do site MUNDO EDUCAÇÃO UOL

Direita e esquerda

Direita e esquerda são termos usados para classificar o pensamento político de uma pessoa, de um grupo de pessoas ou de instituições.

Direita e esquerda são termos utilizados para classificar a posição política e ideológica de pessoas, partidos e outras instituições. Além da direita e da esquerda, também existe o espectro político de centro, em que a pessoa ou instituição defende de forma equilibrada propostas de esquerda e de direita. Ademais, podemos classificar ainda a forma de pensar das pessoas e instituições como de centro-esquerda ou centro-direita.

A esquerda defende que a sociedade seja mais igualitária, com menos desigualdade social. Para atingir tal objetivo, a esquerda propõe que o Estado seja forte, realizando investimentos e controlando a economia. Também defende impostos altos, principalmente dos mais ricos, para que o governo garanta o bem-estar das pessoas.

Já a direita defende a liberdade individual, a livre iniciativa e que os impostos sejam pequenos ou mesmo que eles não existam. Acredita-se ainda que o Estado não deve interferir na economia e que esta se regula através da livre concorrência entre as empresas privadas.

Resumo sobre direita e esquerda

Direita e esquerda são termos usados para classificar o pensamento político de uma pessoa, de um grupo de pessoas ou de instituições.

Os termos esquerda e direita surgiram durante a Revolução Francesa, quando dois grupos políticos opostos se formaram na Assembleia francesa.

A esquerda defende a diminuição da desigualdade social por meio de maior intervenção do Estado na economia, com maiores impostos para garantir o bem-estar das pessoas. Possui caráter liberal.

A direita defende a liberdade individual, a livre iniciativa e a não interferência do Estado da economia, que se regula através da livre concorrência entre as empresas privadas. Possui caráter conservador.

Atualmente existe grande divisão no Brasil e no mundo causada por atritos entre pessoas e partidos de esquerda e direita.

No Brasil, Lula é considerado um influente político de esquerda e Jair Bolsonaro é considerado um influente político de direita.

O que é direita e esquerda na política?

Esquerda e direita são termos usados para classificar as posições políticas de uma pessoa, de um grupo de pessoas ou de instituições. Atualmente, no mundo tudo, as diferenças entre esquerda e direita ocorrem em diversos campos, como economia, costumes, política migratória, política de segurança, direitos humanos, direitos trabalhistas, religião, entre muitos outros.

Origem dos termos direita e esquerda

A origem dos termos direita e esquerda está ligada à Revolução Francesa. No século XVIII, a França foi governada por três reis absolutistas, Luís XIV, Luís XV e Luís XVI. Luís XVI herdou uma França com grande desigualdade social, com nobres vivendo em palácios enquanto milhões de membros do chamado Terceiro Estado viviam na miséria nas ruas de Paris e outras cidades francesas.

Para piorar a situação, os membros da nobreza e da Igreja não pagavam impostos enquanto os membros do Terceiro Estado pagavam pesados impostos. Faziam parte do Terceiro Estado diversos grupos sociais, como camponeses, trabalhadores urbanos, pequenos comerciantes, sans culotes e profissionais liberais. Também faziam parte do Terceiro Estados os burgueses, grupo formado por ricos comerciantes, banqueiros e empresários de diversos ramos.

Em 1789, após o agravamento da crise política, uma revolução se iniciou em Paris, a qual ficou conhecida como Revolução Francesa, com o povo invadindo a Bastilha, a prisão onde alguns inimigos de Luís XVI estavam presos. Além de libertarem os presos, os revolucionários conseguiram armas, munição e pólvora na prisão.

O rei acabou sendo guilhotinado pelos revolucionários, acusado de traição ao povo francês. Sua esposa, Maria Josefina, também foi guilhotinada. Para governar a França, uma assembleia foi formada por deputados eleitos por aqueles que podiam votar.

As pessoas eleitas para a Assembleia formaram diversos grupos, criando partidos, cada um deles com uma visão diferente sobre como a França deveria ser governada durante o processo revolucionário. Na assembleia, do lado direito da mesa diretora se sentaram membros de um grupo político que ficou conhecido posteriormente como “girondino”. Já do lado esquerdo, sentaram-se membros de um grupo político que ficou conhecido posteriormente como “jacobino”.

Os girondinos eram considerados conservadores, não desejando mudanças tão radicais na França, aceitando inclusive uma monarquia constitucional, tipo de monarquia em que o rei tem pouco poder. Já os chamados jacobinos defendiam mais mudanças na França, como a proclamação de uma república, o fim da escravidão nas colônias francesas e o direito ao voto para todos os homens franceses. Foi nesse contexto de conflito entre jacobinos e girondinos que os termos direita e esquerda surgiram.

Após a Segunda Guerra Mundial, com a Guerra Fria, as disputas entre esquerda e direita se aprofundaram, levando a guerras, guerras civis, revoluções e massacres por todo o globo.

O que a esquerda e a direita defendem e quais são suas diferenças?

Primeiro temos que entender que existem diferentes grupos de esquerda e diferentes grupos de direita, com grupos mais moderados e grupos mais radicais dos dois lados. Cientes disso, podemos estabelecer algumas diferenças gerais entre o que a esquerda e a direita defendem de maneira ampla. Como veremos, as principais diferenças entre esquerda e direita são econômicas, políticas e culturais:

Economia: a direita defende o liberalismo econômico – pensado por Adam Smith, economista e filósofo –, em que o Estado tem pouca participação na economia e deve ser pequeno, ou seja, ter poucas empresas e funcionários públicos. Por sua vez, a esquerda defende forte participação do Estado na economia, tendo ele uma função social, sendo que o Estado deve garantir direitos como saúde, educação, emprego e moradia para a população.

Ainda na economia, a esquerda defende que os trabalhadores tenham assegurados seus direitos trabalhistas, como salário-mínimo, férias, décimo terceiro salário, jornada de trabalho diária de oito horas, entre outros. A esquerda argumenta que trabalhadores bem pagos ampliam o mercado consumidor, aumentando a produção e melhorando a economia. Já pessoas e instituições de direita argumentam que os direitos trabalhistas aumentam o custo da mão de obra, fazendo com que os empresários invistam menos, causando prejuízos à economia.

“Pauta de costumes”: as pessoas de esquerda são geralmente favoráveis à legalização de algumas drogas, do casamento homoafetivo, da legalização do aborto e são contra a posse e porte de armas por pessoas que não são das forças de segurança. Já a direita é contrária a essas propostas da esquerda. Vale lembrar que é uma análise geral e que muitas pessoas e instituições podem ser, por exemplo, consideradas de direita e defender o aborto ou a legalização das drogas, ou ainda uma pessoa ou instituição de esquerda ser contrária à descriminalização ou legalização das drogas.

Movimentos sociais: são de esquerda diversos movimentos sociais e grupos identitários, como o movimento negro, movimento feminista, ambientalista, LGBT, indígena, movimentos que lutam pela reforma agrária, entre outros. Existem também movimentos sociais ligados à direita, como movimento armamentista, anti-imigração e em defesa da família tradicional.

Pena de morte: a maioria das pessoas de esquerda é contra a pena de morte e defende que as pessoas que cometem crimes devem ser reeducadas e reintegradas à sociedade. Já a maioria das pessoas de direita defende a pena de morte, a prisão perpétua e trabalhos forçados para os prisioneiros.

Problema das drogas: geralmente a esquerda considera o problema das drogas como um caso de saúde pública, sendo que os viciados devem ser tratados e reintegrados à sociedade. A direita encara as drogas como uma questão de segurança pública, sendo que a principal estratégia para reduzir o problema é o combate, pelas forças de segurança, ao tráfico e ao uso de drogas. 

Esquerda e direita no mundo

A China é o maior exemplo de um país de esquerda na atualidade. Desde a Revolução Chinesa, ocorrida em 1949, o país vive em uma ditadura socialista controlada pelos membros do Partido Comunista Chinês. O país conseguiu muitos avanços econômicos nas últimas décadas, tornando-se a segunda maior economia do planeta, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo dados do Banco Mundial, a China retirou da pobreza 760 milhões de pessoas nas últimas quatro décadas, correspondendo a 75% das pessoas que saíram da pobreza no mundo todo nesse período.|1| Mas, por outro lado, o país vive em uma ditadura unipartidária, não existe liberdade para greves e manifestações políticas contrárias ao governo, existe censura e o país é acusado inúmeras vezes de violar os direitos humanos.

Nos Estados Unidos, a esquerda e a direita são bem demarcadas nos partidos políticos. Embora nos Estados Unidos existam dezenas de partidos, apenas dois deles, de fato, concorrem às eleições presidenciais nos Estados Unidos: o Partido Republicano, de direita, e o Partido Democrata, de esquerda. Atualmente Donald Trump é o principal representante do Partido Republicano e da direita do país. As principais lideranças do Partido Democrata atualmente são Joe Biden, Kamala Harris e Barack Obama.

Na Inglaterra, a esquerda e a direita também são bem demarcadas nos partidos políticos. No país, o Partido Conservador é o principal partido de direita e o Partido Trabalhista é o principal de esquerda.

A esquerda usa os países nórdicos, como a Noruega, Suécia e Finlândia, como exemplo de sucesso da esquerda no mundo. Nesses países o Estado tem grande participação da economia. Para se ter uma ideia, na Finlândia 25% de todos os trabalhadores do país trabalham para o Estado. Na Dinamarca são 28%; na Suécia, 29%; e na Noruega, 31%.|2| Nos países nórdicos os impostos são extremamente altos, chegando a 56,5% dos rendimentos da pessoa, como no caso da Noruega.|3| Mas o Estado retribui com serviços públicos que estão entre os melhores do mundo, garantindo a qualidade de vida das pessoas e colocando os países nórdicos entre aqueles com IDH mais alto no mundo.

A direita usa o caso da Suíça, Nova Zelândia e Austrália para comprovar a eficácia das propostas da direita. A Suíça, por exemplo, possui um dos impostos mais baixos do mundo, variando entre 11,7% e 21,6% dos rendimentos da pessoa.|4| Pagando menos impostos, a maior parte da população pode pagar por bons serviços privados, graças à livre concorrência e a lei da oferta e da procura. Assim como os países nórdicos, a Suíça tem um dos melhores IDHs do mundo.

Esquerda e direita no Brasil

Atualmente no Brasil o principal líder da esquerda é Luís Inácio da Silva, conhecido popularmente como Lula. Outros políticos de esquerda famosos no Brasil são Sâmia Bonfim, Guilherme Boulos, Manuela d’Ávila, Maria do Rosário, Marcelo Freixo e Randolfe Rodrigues.

Por sua vez, o principal líder da direita no país atualmente é Jair Messias Bolsonaro. Também são políticos de direita Carla Zambelli, Sérgio Moro, Eduardo Bolsonaro, Romeu Zema, Tarcísio de Freitas, entre muitos outros.

Texto e imagem reproduzidos do site: mundoeducacao uol com br