Marina Silva se reuniu neste domingo com moradoras do bairro
do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo
Foto: Renato Biazzi/TV Globo
Publicado originalmente no site do G1/SP., em 26/08/2018
Marina critica setores públicos que 'querem sacrifícios só
dos mais pobres e aumentam os próprios salários'
Candidata da Rede citou Judiciário como setor indiferente à
crise. Em conversa neste domingo (26) com grupo de mulheres da periferia de SP,
ela prometeu manter poder aquisitivo do salário mínimo.
Por André Biazzi, TV Globo, São Paulo
A presidenciável da Rede, Marina Silva, criticou neste
domingo (26), em São Paulo, o que ela classificou de indiferença de setores
públicos com a crise econômica do país para aumentar os próprios salários. Ela
citou os poderes Judiciário e Legislativo como exemplos de segmentos que
"querem sacrifícios só dos mais pobres".
A candidata ao Palácio do Planalto afirmou que, se eleita,
vai manter o poder aquisitivo do salário mínimo. A atual regra de reajuste do
salário mínimo obedece a uma fórmula que leva em consideração o resultado do
Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes e a variação do Índice Nacional
de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior.
Essa fórmula vale até 2019. Portanto, o novo presidente da
República terá de definir o formato de correção do salário mínimo a partir de
2020.
Marina visitou nesta manhã o bairro do Capão Redondo, na
zona sul da capital paulista. A ex-ministra participou, ao longo de quase três
horas, de uma roda de conversa na casa de uma moradora do bairro da periferia
paulistana junto com outras mulheres do Capão Redondo.
As participantes eram, na maioria, negras e microempresárias
– sendo que algumas delas fazem parte de coletivos –, todas interessadas em
conhecer as propostas dos candidatos a presidente para melhorar as condições de
vida na periferia.
“Nós vamos trabalhar para que o país volte a crescer, a ter
investimentos, recuperar o emprego e que as pessoas possam ter salários justos
e salários dignos. Numa situação de crise como a que estamos vivendo, assumimos
o compromisso de manter o poder aquisitivo do salário mínimo", declarou
Marina aos jornalistas em uma entrevista concedida no Capão Redondo.
"E com justa razão, a comunidade fez a crítica a
aqueles segmentos que querem sacrifícios só dos mais pobres e aumentam os seus
próprios salários, como tivemos no Legislativo e no Judiciário”, complementou a
candidata da Rede.
No início deste mês, os ministros do Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiram incluir no orçamento de 2019 a previsão de reajuste
salarial de 16,38% para eles próprios. O saláriso dos magistrados da Suprema
Corte, que atualmente é de R$ 33,7 mil, poderá ultrapassar R$ 39 mil a partir
do ano que vem, se for aprovado pelo Congresso Nacional.
Já o salário mínimo, que hoje é de R$ 954, pode ter reajuste
de 5,03% em relação ao valor atual, passando para R$ 1.002 para 2019. O novo
valor, calculado com a fórmula vigente de reajuste do salário mínimo, foi
proposto pelo governo federal no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias
(LDO) do ano que vem, que ainda não foi aprovado pelos congressistas.
Moradoras do Capão Redondo relataram durante conversa com
Marina Silva
problemas para ter acesso a medicamentos e médicos nas UBSs e se
queixaram
de preconceito da polícia e do Judiciário contra negros
Foto: Renato
Biazzi/TV Globo
Preconceito contra negros
Em meio à conversa com o grupo de moradoras do Capão
Redondo, Marina Silva ouviu relatos de dificuldades das mulheres em obter
crédito e problemas para ter acesso a medicamentos e médicos nas Unidades
Básicas de Saúde (UBSs), além de queixas de preconceito da polícia e do
Judiciário contra negros.
Ao comentar as queixas das empreendedoras da periferia, a
candidata da Rede criticou a abundância de crédito para empresários corruptos,
citando como exemplo Eike Batista, que foi condenado a 30 anos de prisão pela
Lava Jato por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ela também reclamou dos
juros altos disponíveis no mercado para microempresários.
A presidenciável defendeu o cadastro positivo como forma de
aumentar a competição dos bancos e gestões para aumentar o microcrédito.
Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/sp
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