segunda-feira, 27 de agosto de 2018

'Querem sacrifícios só dos mais pobres e aumentam os próprios salários'

Marina Silva se reuniu neste domingo com moradoras do bairro
do Capão Redondo, na zona sul de São Paulo
Foto: Renato Biazzi/TV Globo

Publicado originalmente no site do G1/SP., em 26/08/2018 

Marina critica setores públicos que 'querem sacrifícios só dos mais pobres e aumentam os próprios salários'

Candidata da Rede citou Judiciário como setor indiferente à crise. Em conversa neste domingo (26) com grupo de mulheres da periferia de SP, ela prometeu manter poder aquisitivo do salário mínimo.

Por André Biazzi, TV Globo, São Paulo

A presidenciável da Rede, Marina Silva, criticou neste domingo (26), em São Paulo, o que ela classificou de indiferença de setores públicos com a crise econômica do país para aumentar os próprios salários. Ela citou os poderes Judiciário e Legislativo como exemplos de segmentos que "querem sacrifícios só dos mais pobres".

A candidata ao Palácio do Planalto afirmou que, se eleita, vai manter o poder aquisitivo do salário mínimo. A atual regra de reajuste do salário mínimo obedece a uma fórmula que leva em consideração o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes e a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano anterior.

Essa fórmula vale até 2019. Portanto, o novo presidente da República terá de definir o formato de correção do salário mínimo a partir de 2020.

Marina visitou nesta manhã o bairro do Capão Redondo, na zona sul da capital paulista. A ex-ministra participou, ao longo de quase três horas, de uma roda de conversa na casa de uma moradora do bairro da periferia paulistana junto com outras mulheres do Capão Redondo.

As participantes eram, na maioria, negras e microempresárias – sendo que algumas delas fazem parte de coletivos –, todas interessadas em conhecer as propostas dos candidatos a presidente para melhorar as condições de vida na periferia.

“Nós vamos trabalhar para que o país volte a crescer, a ter investimentos, recuperar o emprego e que as pessoas possam ter salários justos e salários dignos. Numa situação de crise como a que estamos vivendo, assumimos o compromisso de manter o poder aquisitivo do salário mínimo", declarou Marina aos jornalistas em uma entrevista concedida no Capão Redondo.

"E com justa razão, a comunidade fez a crítica a aqueles segmentos que querem sacrifícios só dos mais pobres e aumentam os seus próprios salários, como tivemos no Legislativo e no Judiciário”, complementou a candidata da Rede.

No início deste mês, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram incluir no orçamento de 2019 a previsão de reajuste salarial de 16,38% para eles próprios. O saláriso dos magistrados da Suprema Corte, que atualmente é de R$ 33,7 mil, poderá ultrapassar R$ 39 mil a partir do ano que vem, se for aprovado pelo Congresso Nacional.

Já o salário mínimo, que hoje é de R$ 954, pode ter reajuste de 5,03% em relação ao valor atual, passando para R$ 1.002 para 2019. O novo valor, calculado com a fórmula vigente de reajuste do salário mínimo, foi proposto pelo governo federal no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do ano que vem, que ainda não foi aprovado pelos congressistas.

Moradoras do Capão Redondo relataram durante conversa com Marina Silva 
problemas para ter acesso a medicamentos e médicos nas UBSs e se queixaram 
de preconceito da polícia e do Judiciário contra negros 
Foto: Renato Biazzi/TV Globo

Preconceito contra negros

Em meio à conversa com o grupo de moradoras do Capão Redondo, Marina Silva ouviu relatos de dificuldades das mulheres em obter crédito e problemas para ter acesso a medicamentos e médicos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), além de queixas de preconceito da polícia e do Judiciário contra negros.

Ao comentar as queixas das empreendedoras da periferia, a candidata da Rede criticou a abundância de crédito para empresários corruptos, citando como exemplo Eike Batista, que foi condenado a 30 anos de prisão pela Lava Jato por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Ela também reclamou dos juros altos disponíveis no mercado para microempresários.

A presidenciável defendeu o cadastro positivo como forma de aumentar a competição dos bancos e gestões para aumentar o microcrédito.

Texto e imagens reproduzidos do site: g1.globo.com/sp

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