sábado, 10 de novembro de 2018

Joedson Telles ENTREVISTA João Fontes


 Publicado originalmente no site Universo Político, em 27/10/2018 

“A dívida pública é alta, 100 mil crianças fora da escola, falta segurança, saúde é esse caos…”

João Fontes lista demandas que aguardam o governador eleito e faz balaço das eleições

Por Joedson Telles

Ex-deputado federal pelo PT, o eterno e inquieto político João Fontes faz um balanço das eleições 2018, ajuíza sobre o futuro de políticos e partidos em Sergipe e alerta ao futuro governador sobre demandas urgentes. “Um Estado que tinha uma dívida de R$ 700 milhões, hoje, tem uma dívida de R$ 7 bilhões. A dívida pública é alta, precisa ser resolvido isso. Temos 100 mil crianças fora da escola, a falta de segurança é grande em nosso estado, a saúde é esse caos que está aí, um hospital que nem começou ainda. A infraestrutura do Brasil e do nosso estado é ruim. A BR 101 inacabada, no caso de Sergipe e as BRs estaduais destruídas. Aracaju hoje tem uma malha asfáltica muito ruim. O Estado sempre colaborou com a Prefeitura de Aracaju, e hoje o Estado não tem dinheiro para investimento, está com um gargalo muito grande de cargos comissionados. A gente espera que o próximo governador possa sanear as contas públicas e ajudar o Estado a sair desse gargalo que aí se encontra”, diz. A entrevista:

Qual o balanço que João Fontes faz das eleições presidenciais e das eleições de Sergipe?

A eleição presidencial acaba com um ciclo de 16 anos do PT. Dilma sofreu impeachment em 2016, teve seu mandato cassado pelo Congresso Nacional, naquela sessão final onde o ministro Lewandowski fatiou o artigo 52 da Constituição para afastar Dilma da Presidência. A Constituição diz claramente que o presidente afastado fica inabilitado para qualquer função pública durante o período de oito anos. Fizeram aquela lambança, naquela articulação Lewandowski, Renan, Kátia Abreu e outros, e conseguiram deixar Dilma elegível. Dilma foi candidata a senadora pelo estado de Minas Gerais e perdeu a eleição. É um ciclo que se acaba do PT porque praticamente a eleição está delineada e todas as pesquisas mostram vitória de Bolsonaro, em torno de 20 milhões de votos, e isso é dito por todos os analistas que esta eleição ele deve acabar com este ciclo. As eleições de Sergipe trouxeram novidade. Houve uma repetição de 1998. foi a primeira vez que tivemos uma eleição para governador com três candidatos competíeis (Albano, João Alves e Valadares) , foi pra o segundo turno Albano e João Alves e Valadares ficou em terceiro lugar com pouco mais de 113 mil votos. Se repetiu agora, mas a gente já sabia lá atrás das dificuldades que qualquer partido tem em Sergipe para ganhar uma eleição majoritária sem ter um agrupamento político forte. As oposições se dividiram em Sergipe, patrocinado pelo senador Valadares, em função de uma briga pela vaga ao Senado. Até o ano passado, nesse mesmo período, André Moura, o senador Amorim e Valadares Filho viajavam pelo estado onde Eduardo seria candidato ao governo, Valadares Filho vice e ficou nesta composição. Em janeiro, quando André Moura decidiu ser candidato a senador, o senador Valadares não queria abrir mão de sua candidatura e deu prioridade a candidatura e implodiu as oposições. Fica agora o segundo turno com Valadares Filho e Belivaldo, e as pesquisas têm mostrado que, no geral, há uma folga em torno de 15% para o candidato Belivaldo. Valadares Filho no segundo turno ficou muito sozinho. Quase todo o agrupamento que apoiou Amorim no primeiro turno foi para Belivaldo, um grupo isolado da Rede apoiou Valadares Filho, especialmente o delegado Alessandro, o deputado Gerogeo Passos, a deputada (eleita) Kitty Lima, e alguns outros membros do partido. Na realidade, quem acompanha a política de Sergipe viu o sumiço na eleição do candidato que concorreu ao Senado na chapa de Valadares, Henri Clay. O grupo do PT ligado a Rogério e Ana Lúcia votou em Rogério e em Henri Clay, que teve uma votação de 109 mil votos, face esse apoio do agrupamento do PT que jogou os votos para ele. Outro fato interessante é que as composições que foram feitas pelo PSB em Sergipe forma todas erradas. O PSB trouxe pra chapa de deputado federal Fábio Henrique, que é do PDT, o PSB vai ficar em Sergipe sem senador e sem deputado federal. O deputado estadual Luciano Pimentel foi muito mal votado. Esperava em torno de 25 mil votos e teve um pouco mais de 17 mil. Foi o que salvou o PSB. A vaga de deputado federal foi entregue para Fábio Henrique, que também no segundo turno sumiu da eleição. Vamos ter muitas mudanças daqui pra frente, porque o PSB foi o grande derrotado desta eleição. As oposições foram derrotadas, particularmente o agrupamento que estava junto. A sociedade percebeu nesta eleição em Sergipe que os agrupamentos políticos do estado eram os mesmos. Todos eles estiveram juntos em 2010 disputando a eleição contra João Alves Filho, articulado por Marcelo Déda, que estava junto com Jackson, com o PT, com os irmãos Amorim, com os Valadares. São todos filhotes de uma mesma barriga política e a sociedade percebeu claramente, mesmo com o desgoverno de Jackson, com um dos piores índices dos últimos tempos, servidores com salários atrasados, a educação que Jorge Carvalho disse que era um inferno. Passamos a ter um dos piores índices da segurança pública e também com a saúde, com aquele caso que ficou conhecido no Brasil como a inauguração fake do centro de nefrologia.

O que esperar de um possível governo de Bolsonaro ou de uma volta do PT com. Haddad?

A eleição de presidente está praticamente definida. A eleição de Jair Bolsonaro se resume por uma frase de um jornal italiano que diz que a direita volta no Brasil porque a esquerda do Brasil é ridícula. Acho que esta eleição está sendo plebiscitária. O povo está votando contra o PT plebiscitariamente, contra um partido que não fez sua auto-crítica, que Lula continua dizendo, mesmo preso, que não merecia isso. STF vem dizendo desde a ação penal 470, do mensalão, que o PT montou a quadrilha mais sofisticada do mundo para assaltar os cofres públicos. Vários ministros disseram isso naquele julgamento, e em especial o ministro sergipano, Carlos Ayres de Brito, que na época presidiu o processo. Pela primeira vez também é que no programa do PT falam claramente que pretende, se eleito Haddad, fazer uma nova Constituição no modelo dos conselhos populares da Venezuela. Dirceu, que é lamentável que está solto porque é um condenado em segunda instância, e pela articulação dos ministros Lewandowski, Toffoli e Gilmar Mendes soltaram ele, e ele disse abertamente que o PT vai chegar ao poder e tomar o poder. O grande erro do PT foi querer exercer o poder pelo poder e pra isso fez tudo que podia fazer. Essa eleição consagra Lava Jato. A luta contra a impunidade. Estamos vedo preso Lula, Geddel,Eduardo Cunha, breve teremos preso Temer, provavelmente Aécio, o Azeredo está preso em Minas Gerais. Grandes figuras perderam esta eleição, a exemplo de Dilma, Cristovam Buarque perdeu no Distrito Federal, Eunício perdeu a eleição no Ceará. Vários caciques políticos ficaram fora desta eleição. É um fato novo na eleição de 2018. Jair Bolsonaro no governo é uma incógnita. Ele é muito despreparado, candidato de ideias ocas e não está disparado nas pesquisas de forma arrasadora pelas bobagens que ele falou ao longo do tempo e da pífia atuação na Câmara dos Deputados. É um candidato limitado, mas que deverá montar um grupo para governar o país. Despreparados eram Lula e Dilma também. Vamos esperar e torcer para que as coisas no Brasil mude a partir de janeiro. Um país com 14 milhões de desempregados, que não cresce, o único país da América Latina que tem esses índices bizarros e não aproveitou a bolha econômica do mundo. O Brasil precisa se reencontrar com a história. Volta a direita porque a esquerda no Brasil é muito ruim.

E em Sergipe? Como imagina a continuidade da gestão Belivaldo Chagas ou um novo governo com Valadares Filho?

Aqui em Sergipe, pelas pesquisas que estão aí, parece que temos nesta eleição um fato interessante. São dois filhos políticos do senador Valadares. Belivaldo e Valadares filho são da mesma barriga política, da mesma cidade de Simão Dias. Simão Dias parece que tem vocação para fazer governador nos últimos tempos. Tivemos Valadares, Marcelo Déda, Belivaldo é o atual governador e os dois candidatos agora são dois filhos políticos de Valadares. Um original e um genérico, e falo isso com todo carinho. Todo mundo sabe que Belivaldo foi aliado de Valadares durante muitos anos, foi indicado vice-governador duas vezes pelo senador Valadares. São dois políticos que sempre estiveram juntos e a disputa é muito mais por uma questão de administração, do perfil melhor. Eles estavam juntos há bem pouco tempo. Belivaldo conseguir descolar da imagem negativa do governo Jackson Barreto. Por mais que o candidato Valadares Filho tente associar Belivaldo ao ex-governador Jackson Barreto, Belivaldo passa para a sociedade que é diferente de Jackson, de quem resolve as coisas e parece que isso está dando certo. É uma história mais ou menos parecida com a briga de Caim e Abel, Esaú ou Jacó, pra ver quem Isaque iria abençoar para dar continuidade ao povo de Israel.

Quais as principais demandas do Brasil e de Sergipe? Os candidatos que disputam o pleito este domingo se mostram preparados para o desafio? Discutiram o tema coma atenção devida?

Lamentavelmente, não. A discussão passou muito mais para o lado das fake news, das acusações do que uma discussão profunda dos problemas do Brasil. O Brasil tem 14 milhões de desempregados, uma taxa de juros muito alta, não cresce, tem problema na infraestrutura, não tem dinheiro para investimento, tem uma dívida pública muito alta. Apesar de ter R$ 178 bilhões de reserva, mas está muito vulnerável porque gasta mais do que arrecada. Temos um problema sério na previdência do Brasil e também do estado de Sergipe. É um gargalo sem fim porque a cada ano aumenta o déficit. O Brasil precisa se adaptar à nova realidade do mundo com a aposentadoria, todos estes temas que vão estar na pauta já agora depois das eleições. A gente precisa arrumar as contas públicas. O grande problema do Brasil é a desarrumação das contas públicas. Quem ganha R$ 10 mil não pode gastar R$ 20 mil porque vai ter que tomar dinheiro pegar cheque especial e se endividar. É o caso do estado de Sergipe, que tinha em caixa em março de 2008, segundo Nilson Lima, tinha em caixa mais de R$ 1 bilhão. Esse dinheiro desapareceu. O dinheiro do Proinveste este foi usado para outros fins. O próprio Jackson disse que encontrou o Estado quebrado e essa é uma realidade. Um Estado que tinha uma dívida de R$ 700 milhões, hoje, tem uma dívida de R$ 7 bilhões. A dívida pública é alta, precisa ser resolvido isso. Temos 100 mil crianças fora da escola, a falta de segurança é grande em nosso estado, a saúde é esse caos que está aí, um hospital que nem começou ainda. A infraestrutura do Brasil e do nosso estado é ruim. A BR 101 inacabada, no caso de Sergipe e as BRs estaduais destruídas. Aracaju hoje tem uma malha asfáltica muito ruim. O Estado sempre colaborou com a Prefeitura de Aracaju, e hoje o Estado não tem dinheiro para investimento, está com um gargalo muito grande de cargos comissionados. A gente espera que o próximo governador possa sanear as contas públicas e ajudar o Estado a sair desse gargalo que aí se encontra.

Em Sergipe, o TRE foi acionado várias vezes pelos dois candidatos a governador, neste segundo turno, por conta de fake news ventilado por adversários. Como avalia este elemento, que não é novo na disputa política, mas passou a ser bastante explorado?

Em Sergipe, como no Brasil inteiro, o TRE foi acionado pelos candidatos a governador, muitas delas por questão de fake news dos adversários. Essa questão de fake news foi discutida no mundo inteiros. Foi discutida nos Estados unidos, na última eleição disputada entre Hillary e Trump. É um fato novo. É lamentável que as redes sociais tenham sido usadas para alimentar muitas notícias que não são verdadeiras, mas é um processo de depuração. Antes o forte das eleições era a televisão e o rádio. Hoje são as redes sociais. Isso tem demonstrado nesta eleição que as redes sociais ajudaram muitos candidatos no Brasil a ganharem a eleição de forma surpreendente. Aqui em Sergipe tivemos a própria eleição do delegado Alessandro Vieira, que usou muito as redes sociais. O aspecto das fake news é difícil de resolver, mas ninguém vai perder a eleição. Agora a gente percebe que o PT, para deslegitimar uma possível vitória de Bolsonaro, inventa essa história da fake news, de Facebook e que WhatsApp foram usados para beneficiar o candidato Bolsonaro. O PT sempre foi assim. Cada época sempre inventam uma coisa para justificar a derrota e eles querem deslegitimar uma possível vitória de Bolsonaro com essas próprias fake news produzidas. Eu tenho visto alguns deputados do PC do B, PSOL e PT dizerem que o WhatsApp e coisa do demônio, uma ameaça para a democracia. Balela pura. Claro que há uma depuração que os tribunais e órgãos reguladores têm que se aparelhar melhor para evitar esse tipo de notícias falsas que acontecem em todas as eleições.

João Fontes também define as pesquisas como caso de polícia? Como sairmos do discurso crítico e enfrentar o problema de frente?

As pesquisas foram o grande fake dessa eleição. Todos os institutos saíram desmoralizados. Eu já venho dizendo isso desde 2003 porque aqui mesmo o Ibope nunca acerta. Quem sai na frente na primeira pesquisa do Ibope nunca ganha a eleição. Pesquisa eleitoral no Brasil virou caso de polícia. Lá em 2003, eu apresentei um requerimento de CPI para investigar os institutos. No Congresso, pouca gente tem interesse de apurar isso. Na Lava Jato no depoimento da JBS deixaram claro que pagaram propina ao Ibope para os números de Dilma na eleição de 2014. Agora inventaram uma moda de que a sociedade virou no último dia. Não existe isso. Aqui em Sergipe todos os institutos erraram a eleição de Alessandro, a de Rogério Carvalho, no próprio resultado do primeiro turno, onde apontavam uma polarização muito grande entre Belivaldo e Valadares e Belivaldo chegou o primeiro tubo com 20 pontos de frente. Não teve nenhum instituto que se aproximasse desse resultado de Belivaldo no primeiro turno e no plano nacional a questão das pesquisas eles aproximaram pouco. Essa é uma realidade. O Congresso tem que pautar esse assunto para discutir como ficam as pesquisas no futuro. Se devem ser usadas somente para consumo interno. A verdade é que as pesquisas induzem ao eleitorado e depois passa o ano e todo mundo esquece.

O que esperar da oposição em Sergipe, depois do resultado das eleições no primeiro turno, sobretudo se o candidato do governo for reeleito no segundo turno? Quem vai liderar a oposição?

A oposição em Sergipe saiu derrotada. Saiu derrotado o senador Valadares, o PSB, que não vai ter um deputado federal, saiu derrotado o grupo dos Amorim. No grupo dos Amorim, vai sobrar para ficar pra o futuro o prefeito de Itabaiana, que elegeu o filho o mais votado e deve ser uma liderança do interior que se fortaleceu nesta eleição. Acho que André Moura vai voltar na próxima eleição. Marcelo Déda perdeu a eleição em 90 para Ismael e Renatinho e tinha obtido uma votação estupenda em 1986, com 33 mil votos e levou outro deputado, Marcelo Ribeiro. Depois se recuperou. Acho que André tem espaço, se movimenta bem na política e é do ramo. Ele fez um bom mandato de deputado, mas tinha uma rejeição muito grande pelo fato de ser líder do governo impopular de Temer. Pagou o preço disso, foi traído por várias pessoas que sempre ajudou na campanha, mas acho que tem espaço na política. Outra liderança grande foi Rogério Carvalho nesta eleição. O PT elegeu um deputado federal e dois estaduais. O PT saiu fortalecido com a figura de Rogério para suceder o espólio de Marcelo Déda. Temos sempre que lembrar que Eliane Aquino deu um charme na candidatura de Belivaldo, mostrando que o PT é forte. Fábio Mitidieri sai fortalecido desta eleição. Foi o deputado federal mais votado, é do partido do governador, teve a irmã muito bem votada para estadual. É um bom articulador e tem futuro na política. Vão liderar junto com Belivaldo o agrupamento político em Sergipe. O delegado é um fato novo. Eu já vinha dizendo que, em Sergipe, iria se eleger um senador fora desse eixo dos grupos da velha política. Eu dizia que perderia o senador Valadares e Jackson Barreto porque esse era um momento de renovação. Eu disse que ia acontecer aqui em Sergipe o que aconteceu em 1974, quando Leandro acabou o ciclo e perdeu para Gilvan Rocha e quando, em 1994, Lourival Batista perdeu para Zé Eduardo. Um fato interessante é que os dois que ganharam em 1974 e em 1994 se elegeram senadores uma vez e depois não se elegeram pra mais nada. Alessandro teve uma eleição magnífica, mas o grande desafio é ele quebrar isso. Não ser um senador de um mandato só. Deve liderar um agrupamento novo fazendo um contraponto a esse grupo que está no governo. Fez sua opção agora nós segundo turno, está marcando uma presença forte para delinear o campo de atuação política dele e isso tudo vai depender do futuro, do governo Bolsonaro e de uma série de coisas. Claro que a votação expressiva de Alessandro deixa ele em condições de liderar um bloco político de oposição ao futuro governo de Sergipe a esse bloco que compõe hoje a base do governo Belivaldo. No mais, ainda é muito cedo pra gente fazer uma avaliação das novas figuras da política.

Como explicar que um político que ajudou Sergipe, como o deputado federal André Moura, não consiga se eleger com duas vagas ao Senado? O eleitor está mais sábio ou ingrato?

Em relação a André Moura, ele foi prejudicado porque teve sua imagem muito associada ao governo Temer. A sociedade não o perdoou por isso, mesmo com os grandes benefícios que ele fez por Sergipe. Foi uma surpresa a não eleição de André porque todo mundo avaliava assim. Rogério chegou a dizer, quando saiu o resultado no primeiro turno, que achava que ganharia a eleição com André Moura. Foi uma grande surpresa porque André fez um grande trabalho, tinha um lastro muito grande de prefeitos, mas a rejeição do governo Temer o prejudicou bastante e ele também foi traído por muitos prefeitos. Vários prefeitos que André ajudou se comprometeram a votar com ele, não votaram. Lavaram as mãos. Mas acho que André deve voltar para a política. Ele tem espaço, é movimentado, sabe trabalhar bem, é trabalhador. É questão de tempo.

Na sua ótica, Jackson Barreto e Valadares estão aposentados?

Jackson Barreto e Valadares estão aposentados. João Alves já de aposentou por motivo de doença. Albano também está aposentado. Todos eles saíram derrotados nas eleições. Eu disse a Valadares que as twitadas dele com Jackson ia fazer perder os dois na eleição. Valadares Filho estava presente num café da manhã, no Hotel Del Canto, e eu disse publicamente isso. Eu disse que o povo ia mandar pra casa Valadares e Jackson. Num determinado momento as pesquisas induziram até a gente fazer prognósticos errados. Valadares estava há mais de 50 anos na política. Jackson estava desde 1972. A verdade é que agora se aposentam e deixaram seu papel na história de Sergipe. Valadares foi prefeito, deputado estadual, presidente da Assembleia, deputado federal muito bem votado, secretário de educação de Augusto Franco, depois foi governador do Estado, senador três vezes. Jackson foi tudo, mas não foi destinado que fosse senador por Sergipe. Perdeu em 1988, quando se aliou Albano, e perdeu agora depois de ter feito um péssimo governo. Jackson foi beneficiado com a morte de Déda, era vice e assumiu, depois se reelegeu. Já tinha sido deputado federal, estadual, prefeito, um homem que era uma máquina de fazer prefeitos. A verdade é que os dois cumpriram seu papel na história e essa história fará o julgamento da vida política dos dois.

Diante do desabafo do senador Eduardo Amorim, numa entrevista que concedeu ao Universo, na semana passada, há clima para ele e André Moura continuarem aliados?

Eu acho que o senador Eduardo Amorim, pra voltar e continuar na política, é mais complicado porque teve duas oportunidades de ser governador e perdeu. Foi deputado federal mais votado na eleição de 2006, depois foi senador mais votado em 2010 e saiu muito arranhado do ponto de vista das urnas nesta eleição. Eu acho mais difícil sua volta. A gente vê claramente que Eduardo é uma figura do bem, uma pessoa queridas, um homem sério, mas lhe falta vocação política, entusiasmar as massas. André tem mais disposição para a luta política do que Eduardo. Estão dizendo que podem continuar juntos. Isso é questão de opção pessoal. Doutor Leandro Maciel dizia que o político sem mandato é como rolete chupado e o Thompson dizia que político sem mandato é como puta sem cama. Fica muito difícil pra quem não tem mandato retomar. É o caso do PSB que saiu muito enfraquecido. Sai o PSDB muito desgastado desta eleição sem Eduardo no Senado, sem um deputado federal, o MDB deverá ficar com Fábio Reis, o PT fica muito fortalecido com Rogério comandando o partido com Eliane, fica o PSD fortalecido com o governador, com Fábio Mitidieri deputado federal mais votado. A Rede vai se acabar, o PC do B deve se fundir a outros partidos que não atingiram a cláusula de barreira, que é uma novidade importante nesta eleição que trouxe esse projeto diminuir os partidos políticos no Brasil. Isso deve diminuir pela metade. São 14 partidos que não atingiram a cláusula de arteira e partidos importantes como o PSTU, Rede, PC do B. A Rede elegeu cinco senadores e apenas um deputado federal. A cláusula de barreira vem do número de deputados federais porque a Câmara representa o povo e o Senado representa o estado. A Rede só fez uma deputada federal indígena, que é uma coisa positiva. Vários partidos, já na próxima eleição de vereador, não terão mais coligações – e, em 2030, esses partidos que não atingiram coeficiente eleitoral ficarão sem tempo de televisão e fundo partidário e depois de 2030 deveremos ter de oito a nove partidos. Vamos torcer para que domingo a gente tenha uma eleição tranquila e que o vencedor possa conduzir o Brasil para um rumo que traga prosperidade, progresso, ordem. Que o Brasil seja outro depois da eleição do próximo domingo.

Texto e imagem reproduzidos do site: universopolitico.com.br

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