Foto: Divulgação
Henry Sobel, o rabino que desafiou a ditadura brasileira,
morre aos 75 anos
Norte-americano representante da comunidade juidaica teve
complicações de um câncer de pulmão
EL PAÍS
O rabino norte-americano Henry Sobel, ex-presidente da
Congregação Israelita Paulista (CIP), morreu na manhã desta sexta-feira, em
Miami, aos 75 anos. Sobel marcou a história brasileira por ter se recusado, em
1975, a enterrar Vladimir Herzog na ala de suicidas do cemitério israelita,
rejeitando a versão oficial das circunstâncias da morte do jornalista, morto
pela ditadura militar.
Sobel morreu por complicações de um câncer de pulmão e seu
enterro será realizado no próximo domingo, 24, em Nova Jersey (EUA). O rabino
era divorciado e deixa uma filha, Alisha Sobel Szuster. A Federação Israelita
de São Paulo publicou em sua página no Facebook que Sobel se destacou como uma
"voz firme em defesa dos direitos humanos no Brasil", conforme nota
divulgada pela família.
“Se houvesse um outro caso Vladimir Herzog, eu agiria da
mesma forma. Estávamos lutando por um ideal só. A liberdade, os direitos
humanos”, afirmou Sobel em entrevista ao G1, em 2009. Só em 2013, a família do
jornalista recebeu um novo atestado de óbito confirmando que ele morreu em
decorrência de "lesões e maus-tratos sofridos durante o interrogatório nas
dependências do segundo Exército DOI-Codi".
Radicado no Brasil nos anos 1970, o rabino participou, ao
lado do arcebispo de São Paulo, Dom Paulo Evaristo Arns, e do pastor
presbiteriano Jaime Wright, de um ato ecumênico em 31 de outubro de 1975, na
Praça da Sé, uma semana após o assassinato de Herzog. Os religiosos também se
uniram para fazer o Projeto Brasil Nunca Mais, que, clandestinamente, coletou
informações sobre as denúncias de repressão política na ditadura militar. O
material completo pode ser acessado nos sites do Ministério Público Federal.
O rabino Henry Sobel, de 75 anos, faleceu na manhã desta
sexta-feira, 22, em Miami, nos Estados Unidos. Rabino emérito...
A carreira como representante da comunidade judaica no
Brasil teve uma mancha. Sobel foi preso em 2007, em Palm Beach nos Estados
Unidos, acusado de furtar gravatas em uma loja da rede Louis Vuitton. Sobre o
episódio, afirmou muitos anos depois que se tratou de uma “falha moral, não
doença”, como já havia declarado, inclusive, em sua autobiografia Um Homem, um
Rabino (Ediouro, 2008). No livro ele disse que se tratava de um “problema de
saúde, que se manifestou em momentos de grave tensão". O ocorrido
precipitou a aposentadoria de Sobel, que deixou o rabinato em 2013 para voltar
aos Estados Unidos.
Texto reproduzido do site: brasil.elpais.com
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