O bispo foi um grande defensor da Amazônia
Foto: Reprodução Redes Sociais
Publicado originalmente no site do JORNAL DE MINAS, em 08/08/2020
Morre Dom Pedro Casaldáliga, o bispo das causas sociais e
defensor da Amazônia
Notícia da morte foi comunicada pela Prelazia de São Félix
do Araguaia. Dom Pedro tinha 92 anos e estava com infecção no pulmão e
insuficiência respiratória agravada pelo Parkinson
Por Gustavo Werneck
Um homem que é um pedaço da História do Brasil, ícone das
causas sociais e defensor da Amazônia. Morreu às 9h40 deste sábado (8), aos 92
anos, na Santa Casa de Batatais, no interior de São Paulo, o bispo emérito da
Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), dom Pedro Casaldáliga. Ele estava com
infecção no pulmão e insuficiência respiratória agravada pelo Parkinson, doença
que o acometia há mais de 10 anos.
Os testes feitos não acusaram a presença do novo
coronavírus, causador da COVID-19. Natural de Balsanery, província de
Barcelona, na Espanha, o religioso catalão viveu mais de meio século no Brasil
e pertencia à Congregação dos Claretianos.
O anúncio da morte foi feito em comunicado conjunto pela
Prelazia de São Félix do Araguaia (MT), a Congregação dos Missionários Filhos
do Imaculado Coração de Maria (Claretianos) e a Ordem de Santo Agostinho
(Agostinianos).
Em nota, o arcebispo metropolitanao de Belo Horizonte e
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor
Oliveira de Azevedo, lamentou a perda: "Dom Pedro Casaldáliga pregou o
Evangelho em cada atitude. Transmitiu as lições de Jesus com o seu jeito de
ser. A coragem que marcou a sua vida e o fez sempre estar, incondicionalmente,
ao lado dos pobres é própria de quem cultiva no coração uma fé sólida,
inabalável".
Dom Walmor disse ainda que pede em orações "que o seu
exemplo possa inspirar cada vez mais atitudes corajosas, sobretudo neste grave
momento da nossa história, quando os povos tradicionais estão especialmente
ameaçados - além dos já conhecidos interesses econômicos, sofrem com a atual
pandemia".
''Homem radicalmente livre e de fé''
Conforme pesquisa da Província Agostiniana, em Belo
Horizonte, dom Pedro Casaldáliga, desde a década de 1970, incluindo o período
da ditadura militar, teve seu trabalho pastoral ligado a causas como a defesa
de direitos dos povos indígenas e contra a violência dos conflitos agrários.
Os religiosos que conviveram com ele o descrevem "como
radicalmente livre e homem de fé, que só aceitou ter geladeira em casa depois
que os pobres da região puderam ter". Sua casa de chão batido só teve
melhorias depois que os mais simples com quem convivia puderam também melhorar
suas casas.
"Ao lado dos pobres"
Em nota, o arcebispo metropolitanao de Belo Horizonte e
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor
Oliveira de Azevedo, lamentou a perda: "Dom Pedro Casaldáliga pregou o
Evangelho em cada atitude. Transmitiu as lições de Jesus com o seu jeito de
ser. A coragem que marcou a sua vida e o fez sempre estar, incondicionalmente,
ao lado dos pobres é própria de quem cultiva no coração uma fé sólida,
inabalável. Neste dia em que nos despedimos de dom Pedro Casaldáliga, peço em
orações que o seu exemplo possa inspirar cada vez mais atitudes corajosas, sobretudo
neste grave momento da nossa história, quando os povos tradicionais estão
especialmente ameaçados - além dos já conhecidos interesses econômicos, sofrem
com a atual pandemia. Dom Pedro Casaldáliga está junto de Deus, inscrito na
história do Brasil e no coração de quem verdadeiramente professa a fé em Jesus Cristo.
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Fé e coragem
Os fiéis agostinianos lamentam a morte de dom Pedro
Casaldáliga, pois foram mais de 40 anos de caminhada, amizade, vivendo juntos,
na mesma casa, na missão de São Félix. Os freis cuidaram de dom Pedro até os
últimos dias.
Em nota, os freis ressaltam que as causas que o bispo
defendeu em sua trajetória de 50 anos dedicados aos mais simples, sempre
representaram muito para a região do Araguaia "e para a resistência de um
povo que ainda vive diversos conflitos fundiários e de violação dos direitos
humanos".
Até os últimos dias de vida, os freis agostinianos dedicaram
a dom Pedro atenção e cuidados em tempo integral, com o apoio de médicos e equipe
de enfermagem, principalmente nos últimos anos, quando sua saúde já estava
fragilizada...
Texto e imagem reproduzidos do site: em.com.br
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