Por Jozailto Lima *
O primeiro e maior de todos os ganhos é o de quem levou para casa o mandato de quatro anos. Esse era um troféu contra o qual se debaterem, no começo, 11 candidatos, mas no final restaram apenas Edvaldo Nogueira, PDT, e Danielle Garcia, Cidadania.
Os 11, e depois Edvaldo e Danielle, enfrentaram uma campanha atípica, sob o crivo de uma pandemia de coronavírus que já matou quase 180 mil brasileiros e inibiu os passos das campanhas.
Por medo das consequências da Covid-19, doença provocada pelo coronavírus, uma montanha de 112.597 eleitores aracajuanos deixou de ir às urnas no domingo, dia 29.
Isso corresponde a bem mais de um quarto dos eleitores da capital de Sergipe, que são 404.901. Exatos 27,81% se abstiveram de ir às urnas.
Outro dado curioso: as abstenções deste ano renderam 37.344 ausências a mais do que as de 2016, quando Edvaldo Nogueira se elegeu também segundo turno.
Ali, somente 75.253 eleitores deixaram de comparecer às urnas - ou 18,94%. Estes 37.344 a mais equivalem a um colégio eleitoral superior ao de 69 dos 75 municípios do Estado.
Ficariam de fora desse quantitativo apenas a capital, mais Socorro, Lagarto, Itabaiana, São Cristóvão e Tobias Barreto. Os demais, todos têm menos de 37.344 eleitores.
Dentro deste contexto, Edvaldo Nogueira se reelegeu com um uma votação nominal apenas levemente superior à de quatro anos atrás: somente 4.552 votos. Foram 146.271 de 2016 contra os 150.823 de agora.
Mas, sua votação proporcionalmente à da pessoa a quem ele venceu agora foi maior do que a do vencido em 2016. Naquele ano Edvaldo saiu do segundo turno com 52,11% e Valadares Filho, PSB, com 47,89%. Agora, ele obteve 57,86% e Danielle Garcia, encolheu a 42,14%.
Estes 42,14% da candidata do Cidadania a fazem desidratada diante da votação daquele a quem Edvaldo venceu em 2016, Valadares, que obteve ali 134.435 votos.
Os 109.886 de Danielle Garcia este ano deixam-na 40.957 votos atrás da votação de Edvaldo Nogueira. Mire a big diferença: Edvaldo vence a Valadares há quatro anos com apenas 11.836 de frente - claro que isso não justificaria aquela telefonada amarela de Jackson Barreto para ela. JB precisa parar com isso. Um derrotado eleitoral é um vencido de guerra, a quem todos os códigos de ética e de elegância exigem respeito e até piedade.
Mas essa volumosa diferença de Edvaldo sobre Danielle na comparação com a vitória dele sobre Valadares Filho atesta algumas constatações quase que óbvias. A principal delas é a de que ter feito de Valadares Filho candidato a vice-prefeito de Danielle foi uma inversão de pesos sem precedentes. Um quase crime político, viu senhora delegada.
E, segundo, uma vez cometido esse erro de cálculo, a campanha de Danielle Garcia jamais poderia incorrer noutro erro, que foi o de sacudir Valadares Filho para debaixo do tapete, pisar-lhe no cangote e asfixiá-lo, tapando o suspiro.
Faltou ação de conselheiros políticos nesse caso - a não ser que a intenção seja exatamente esta: a de reduzir Vavazinho ao pó do nada, para não tê-lo como um obstáculo futuro.
A consequência foi que com Valadares Filho apagado sob a arrogância e a falta de rumo da campanha da candidata do Cidadania, Danielle saiu do segundo turno com 24.569 votos a menos do que o que ele obtivera quatro anos antes contra o mesmo Edvaldo Nogueira.
Possivelmente isso reflita e traduza um erro da estreante política que é Danielle Garcia em consórcio com as fragilidades de outro neófito e arrogante caído do céu da política há dois anos, que é o senador Alessandro Vieira, Cidadania, o paraninfo dela.
Mas de erros fazem-se acertos. Aparadas as arestas do seu violento discurso verbal e corporal de xerife, Danielle Garcia é, a partir de agora, um corpo político bem visível e tem méritos plausíveis. Gostando ou não, ninguém pode negá-la.
Danielle está certa em seu discurso de agradecimento nas cinzas da derrota: “Mais de 109 mil pessoas desejaram mudança. Então vejo como um bom resultado para quem está entrando na política agora. Vou tirar 10 dias de férias e descansar. Depois podemos conversar sobre o futuro político. Só sei que entrei e não tem mais como sair da política partidária. Vejo como uma missão de transformar as pessoas”, disse ela no domingo. E disse bem.
Ademais, num Estado que dia a dia vem sepultando biológica e politicamente alguns mitos políticos, é mais do que necessário que surjam novos nomes. E se for do gênero feminino, melhor ainda.
* É jornalista há 37 anos, tem formação pela Unit e é fundador
do Portal JLPolítica. É poeta.
Texto e imagem reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
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