Publicado originalmente no site da revista Marie Claire, em 25.03.2019
Janaina Paschoal não descarta escrever um novo processo de
impeachment: "Espero que não seja preciso, mas se for, a conversa é outra”
Por Natacha Cortêz
Deputada estadual mais votada da história do país, a
advogada coautora do impeachment de Dilma Rousseff acaba de tomar posse na
Assembleia Legislativa de SP. Nesta entrevista, ela fala dos planos para o seu
mandato, dos motivos que a levaram para a política e de suas ideias de
feminismo - entre elas a de manter o aborto proibido no Brasil
Aos 44 anos, Janaina Paschoal já é, ainda que nos primeiros
dias de sua estreante trajetória como deputada estadual, alguém que deixou
marcas profundas na política brasileira. Como advogada, foi coautora do
processo que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff, em agosto de
2016. Como parlamentar, conquistou pouco mais de 2 milhões de votos em seu
primeiro pleito eleitoral, se tornando a deputada mais votada da história. E
não apenas do Estado de São Paulo, mas do país.
Janaina Paschoal em seu antigo escritório de advocacia,
onde
recebeu Marie Claire para esta entrevista
Foto: João Bertholini
Paulistana do Tatuapé e filha de um representante comercial
e de uma dona de casa, ela é a mais velha de quatro irmãos - todos, assim como
a primogênita, se formaram em direito. Janaina seguiu na área criminal e até
dezembro do ano passado dividia o escritório de advocacia na região da avenida
Paulista com duas irmãs. Entre os seus clientes, esteve o socialite Chiquinho
Scarpa. No entanto, neste momento não é ele que preocupa Janaina, e sim as
vítimas de crimes sexuais que atendia: “Uma em especial está pedindo para eu
seguir acompanhando o caso. Ainda não sei como vou resolver”.
Quando uma mulher está no palanque e mostra energia, está
possuída. Olha o Lula: sempre que ia ao palanque as pessoas achavam lindo,
porque ele , ‘ele é um animal político’
A ida para política, ela diz, foi uma forma de “encontrar um
outro espaço para a minha manifestação”. Janaina, que também era professora no
Departamento de Direito Penal da USP, se refere ao desconforto que sentiu pela
“situação insuportável” instalada na universidade logo após um discurso
pró-impeachment. Realizado em um evento no Largo São Francisco, onde fica o
campus do curso de direito, ele foi filmado, viralizado e traduzido em meme por
toda a internet. A forte repercussão do vídeo fez a advogada questionar a
reação das pessoas para com as mulheres que chegam aos espaços de poder “Quando
uma mulher está no palanque e mostra energia, está possuída, bêbada. Olha o
Lula: sempre que ia ao palanque as pessoas achavam lindo, porque ele , ‘ele é
um animal político’”, diz.
Diante da reação do público, enxergou uma oportunidade, “a
de alcançar muita gente com as minhas ideias”. “Percebi o quanto grande foi o
meu discurso quando até em uma viagem para os Estados Unidos me reconheciam na rua.
Me paravam para um abraço e me dizer ‘parabéns pelo que fez pelo seu país’.”
Antes de tentar uma cadeira na Alesp, Janaina recusou o
convite para ser vice na candidatura de Jair Bolsonaro à Presidência da
República. Para ela, família vem sempre antes e se mudar para Brasília poderia
afetar o relacionamento com os seus, “seria um preço alto demais”. Além do que,
“meu pai pediu para eu não ir”, diz. “Foi um negócio bem traumático no âmbito
familiar. Tinham medo pela minha segurança.”
Nesta entrevista, a deputada fala dos planos para o seu
mandato, de suas semelhanças com o presidente e de suas ideias de feminismo -
entre elas a de manter o aborto proibido no Brasil: “Legalizar aborto diminui
algo que é estritamente feminino, a maternidade”.
Marie Claire. Por que quis migrar para a política?
Janaina Paschoal. Na USP a minha situação estava
insuportável, qualquer coisa que eu dissesse gerava reações por parte da
chefia, colegas e alunos. Me sentia deslocada, isolada e confrontada. Percebi
que se as coisas continuassem assim, ia ficar inviabilizada de me manifestar.
Aí pensei: "se eu for parlamentar, vou ter o dever de falar" [risos],
porque a palavra já diz, parlamentar. Fui então atrás de encontrar um outro
espaço para minha manifestação. Mas não é uma decisão de mudança de vida, não
tenho aquela convicção de "virou política, não volta mais".
MC. O processo de impeachment influenciou sua decisão?
JP. Não. Durante o processo inteiro eu tinha claro que não
ia entrar para a política. O que influenciou foi a situação na USP.
Toda cidade que visitei ouvi: "Obrigada por ter livrado
a gente do PT
MC. Você foi eleita com mais de dois milhões de votos. Foi o
impeachment que te catapultou para essa eleição tão expressiva?
JP. Majoritariamente, sim. Toda cidade que visitei ouvi:
"Obrigada por ter livrado a gente do PT". Nas ruas isso ficou claro.
Mas acho que tem uma coisa da independência, é difícil no Brasil uma pessoa que
fala o que pensa. A formação jurídica também tem um peso, as pessoas percebem
que existe consistência. O fato de eu ter apoiado o Bolsonaro também, mas não
foi a parte mais significativa. Muita gente me disse que não gostava do PSL.
MC. Você se diz feminista. O que uma feminista faz no PSL de
Jair Bolsonaro?
JP. Olha, na verdade a Janaina foi obrigada a se filiar a um
partido, porque nossa legislação exige. Eu sou uma defensora aguerrida da
candidatura avulsa, que no Brasil é proibida, o que é um atraso em termos de
democracia. Fui obrigada a escolher um partido como qualquer outra pessoa que
pense em se candidatar é obrigada a fazer.
MC. E por que o PSL?
JP. Os demais partidos estavam muito envolvidos com
escândalos de corrupção, então já fui excluindo, digamos assim, pelos
escândalos. Os que não estavam, aqueles mais à esquerda, não tenho
identificação com as pautas. O mais à direita, que é o NOVO, é um partido que
quer explicar tudo pela economia, acham que privatizando tudo se resolve. Não
penso assim. E dos candidatos à Presidência, Bolsonaro era o único que
manifestava preocupações que também tenho.
MC. Por exemplo?
JP. A preocupação com a segurança pública. E com uma
instrumentalização das crianças, para causas que não são das crianças. Muita
ideologia dentro de escola primária, sabe? São coisas que me preocupam. E no
trato que tive com ele, se mostrou menos machista do que meus colegas
esquerdistas de universidade. Eu já ouvi na universidade, por exemplo, que uma
mulher para subir na carreira acadêmica tem que sentar em colo de homem. E não
foi um bolsonarista que disse isso.
MC. Quando e de quem ouviu isso?
JP. Tem uns dois anos. Não cabe aqui dizer de quem. É tão
nojento, tão hipócrita esse respeito às mulheres que os esquerdistas dizem ter.
As pessoa dizem "Bolsonaro é contra mulheres, os esquerdistas defendem as
mulheres'. Não consigo ver dessa forma. Bolsonaro me tratou com respeito, em
todos os sentidos, não só no campo sexual, de não fazer uma gracinha ridícula
dessa, mas no respeito de discutir ideias. Me tratou de igual para igual.
MC. Não à toa, você foi cotada para ser vice dele. Acontece
que recusou. Por quê?
JP. Foram vários fatores. Primeiro, eu não tinha disponibilidade
de mudar para Brasília, minha família não poderia ir agora. Meu pai pediu para
eu não ir. Ninguém queria, tinham medo pela minha segurança. Então esse foi o
primeiro ponto. Propus para o presidente para gente fazer um núcleo do governo
em São Paulo, onde eu ficaria como vice. Aqui na Paulista, inclusive, tem um
escritório da Presidência da República. Mas a ideia não foi bem aceita pela
equipe. Eu, de verdade, continuo achando que seria positivo.
MC. Por quê positivo?
JP. Você descentraliza o poder, tira um pouco de Brasília. E
São Paulo é mais ágil, sob o ponto de vista econômico muita coisa acontece
aqui. Acho que seria inteligente sob o ponto de vista de estratégia e segurança
você ter o presidente num lugar e o vice em outro.
MC. Mas tudo isso era você poder estar em uma base em São
Paulo. O que mais além dessa proposta não foi aceito pela equipe?
JP. Começou a vir crítica dos apoiadores dele ao convite
feito a mim. Não me consideravam de direita o suficiente [gargalhadas]. Eu vivo
esse meio do caminho. Apanhei muito na USP por não me considerarem de esquerda
o suficiente. Quando acontece o convite para vice, não sou de direita o
suficiente…
MC. Voltando para o feminismo: quais causas são mais caras
para você?
JP. Acho importante a mulher ter protagonismo sobre o que
faz. É muito comum ela se conformar com os bastidores. E acho que é culpa dela
[risos]. Sou uma feminista rígida com a mulher.
MC. Por que é culpa da mulher?
JP. Porque se acomoda. Aceita fazer uma petição, e aí o
"âncora" do escritório coloca o nome na frente, sendo que foi ela que
fez. Isso quando o nome dela aparece. Dentro do escritório de advocacia, falo
isso com conhecimento de causa. Geralmente a mulher faz as pesquisas, levanta
toda a temática, escreve as peças, e o nome dela sequer aparece. Agora, por que
isso acontece? Porque ela aceita. Não gosto de feminismo vitimista. "Ah,
fizeram isso comigo porque eu sou mulher." Então, minha filha, vamos
brigar! Porque é muito prático ficar protegida nos bastidores. É difícil estar
no front. Você é acusada, toma pancada, é criticada.
MC. Como deputada, o que pretende fazer pelas mulheres?
JP. Em um primeiro momento garantir à mulher, que já está
numa determinada fase da gestação, o direito de fazer a cesária se quiser
fazer. Porque o que está acontecendo é uma crescentemente dessa ideia de que o
parto normal é melhor que a cesárea, e muitas mulheres estão sendo obrigadas a
fazer o parto normal.
MC. Mas o Brasil tem altas taxas de cesárea. É o segundo
país que mais faz cesáreas do mundo.
JP. Estou falando de ideologia. A resolução diz que se a
gestante chegar no hospital com 39 semanas já pode escolher fazer a cesárea. Só
que na rede pública as coisas não estão acontecendo assim. Então é o seguinte:
tudo bem, você quer parto normal, eu quero parto normal, direito nosso, mas a
gente não pode impor nossas convicções para as outras.
MC. Recentemente você afirmou que a eleição de Jair Bolsonaro
foi uma espécie de resposta da população. Resposta a quê?
JP. A um totalitarismo. Não é só o PT, é essa mentalidade de
que ou você concorda ou você é inimigo. Tem que ser favorável à legalização do
aborto, favorável à legalização da venda de drogas, tem que achar que Venezuela
não é uma ditadura. Não vejo nada disso como progressismo; nenhum totalitarismo
pode ser chamado de progressista.
MC. Mas a pauta do aborto, por exemplo, sequer foi tocada
nos governos do PT.
JP. Olha, todo petista que conheço é a favor de liberar
aborto. Mas talvez eu esteja falando do que vi na universidade, que é muito
dominada pela esquerda. A pauta do aborto dentro das universidades é algo
forte. E não é uma mera descriminalização, é a imposição, para as adolescentes,
da ideia de que é um direito fundamental. É uma bandeira que desmerece a
própria mulher.
MC. Por que desmerece?
JP. Primeiro porque as mulheres têm direito a nascer. Não é
só menino que é gestado, né. E, segundo, que é tão interessante: legalizar
aborto diminui algo que é estritamente feminino, a maternidade. Se você ouvisse
os discursos... Gente que diz que o feto é como se fosse uma lombriga, um
parasita, que a mulher vira hospedeira, que a gravidez é uma escravidão. Não
sei até que ponto um discurso desse é positivo. Ele se vende como libertador,
mas não é. É um discurso que desmerece aquilo que é essencialmente feminino,
porque só a mulher pode engravidar. Só a mulher amamenta, só a mulher menstrua.
MC. Você então concorda que uma mulher seja criminalizada
por abortar, como diz a lei brasileira?
JP. Acho necessário ter a proibição, ainda que a mulher não
seja submetida ao processo por uma suspensão condicional como defendi lá no
Supremo [Janaina discursou na ADPF 442, que discutiu a legalização do STF no fim
de 2017]. Mas o que estou tentando dizer é que não sou alheia, não me fecho
para o debate. O que me incomoda é esse mantra de que o aborto deve ser um
direito fundamental, sobretudo quando professores falam isso em sala de aula
para jovens de 17 anos. Já parou para pensar no que há por trás disso? Os
lobbies das clínicas que querem se estabelecer aqui. É muito dinheiro e
interesse econômico. Existe o interesse que as pessoas engravidem muito para
poder fazer muito aborto. Essa informação é da ADPF, de um procurador que
representava o Sergipe e trouxe esses dados.
MC. Mas temos uma questão de saúde pública aí. A cada dois
dias uma mulher morre no Brasil em decorrência de um aborto inseguro. Como
começar a resolver isso?
JP. O que me parece é o seguinte: o direito da pessoa nascer
é constitucional, está previsto em todos os tratados internacionais. Quando eu
era jovem e estava na faculdade, se falava muito de prevenção à gravidez.
Pararam de falar nisso e só se fala em aborto. Precisamos voltar a falar em prevenção.
MC. Você tem amigos na esquerda?
JP. Sim. E família. Família petista roxa.
MC. E como fazem no natal, no ano novo?
JP. Não se fala de política. Não por mim, porque eu consigo
conversar, mas eles não.
MC. Tem alguma pauta ou ideia de esquerda que você admira?
JP. Dizem que é de esquerda ser contra a diminuição da idade
penal. Sou contra porque entendo que não vai ter eficácia nenhuma. Você só vai
dar mão de obra barata para o crime organizado.
MC. E a liberação ou a flexibilização das armas, como
defende o presidente?
JP. A bem da verdade é que nossa lei admite tanto porte,
como posse. É que vieram vários decretos e resoluções tirando completamente
isso. Eu entendo que a pessoa, cumprindo todos os requisitos, os exames
práticos e psicológicos, tem que ter direito a ter arma. A proposta do
presidente, e que endosso, é que você consiga o que já é direito.
MC. Você teria uma arma? Ou tem?
JP. De segurança a gente não fala.
MC. Já foi ameaçada?
JP. Muito, mas não gosto de falar disso. Nem disso, nem de
medo.
MC. Na época do impeachment, por exemplo, houve ameaça?
JP. Muito. E durante, e depois, e recentemente. Isso que o
Jean Wyllys diz que sofreu é fichinha perto do que passei. É muito estranho ele
abandonar os eleitores e o país por causa de ameaça. Tem alguma coisa aí que
precisa ser investigada. Por que ele não abriu mão de concorrer? Será que já
não tava combinado isso?
MC. Combinado como?
JP. Dele garantir a cadeira pro PSOL e o suplente entrar. Isso
é justo com o eleitor? O mesmo grupo que ameaça ele me ameaça. E eu não
abandonei o mandado.
MC. Que grupo é esse?
JP. Realmente não quero falar sobre isso.
MC. Vamos dizer que você está no seu terceiro mandato e,
assim como ele, sente medo e recebe ameaças diárias, dirigidas não só a você,
mas a sua família. Não seria compreensível pensar em abandonar a política?
JP. Veja, todo ser
humano é uma metamorfose ambulante. Então não estou dizendo que não seja
possível. O que me intriga é: por que concorrer nesse contexto? É nesse
sentido. Acho que tem que ser apurado a fundo o que aconteceu, para qualquer
dos lados.
MC. Além da diminuição da maioridade penal, você e o
presidente diferem em outras pautas?
JP. Cotas. Sou a favor de cota para negro em universidade.
Negro com dificuldade econômica, na verdade. Então seria um duplo critério.
MC. E sobre as cotas para mulheres na política?
JP. Sou favorável às cotas para mulheres para as vagas
eleitorais. Os 30% que já existem.
MC. Você disse ao presidente, em algum momento, que é
feminista?
JP. Acho que não precisa nem dizer né, é só olhar para mim.
As pessoas têm um conceito de feminismo que é distorcido. Fiz uma entrevista
recentemente junto com a Joice [Hasselmann], e a jornalista perguntou se éramos
feministas. Eu disse sim e a Joice ficou brava. "Você não é, você não
é", ela falava. Expliquei: "Joice, eu sou, porque feminismo não tem
nada a ver com esse estereótipo de querer fazer aborto, de tirar a roupa numa
manifestação." Houve uma captura do termo feminista. O que é ser
feminista? É você entender que a mulher tem que ocupar os espaços que merece ocupar,
que ela não tem que se submeter a uma situação de subalterna por ser mulher.
Isso não significa que ela tenha que ser agressiva, que não possa casar e
querer filhos, que não possa querer uma vida familiar.
MC. Você perdeu a presidência da Câmara, para a qual
concorria. Como se sente? Vai atrapalhar seu trabalho na Alesp?
JP. Vou te responder com uma história. Quando eu disse que
ia concorrer, um monte de gente veio me dar recado, perguntaram se eu não
aceitaria o cargo de vice. Respondi que podia até perder, mas concorreria à
presidência. Por que a mulher tem sempre que aceitar ser vice? Me sinto pronta
para trabalhar como me sentia antes.
MC. Você escreveria outro processo de impeachment?
JP. Ai, é tão desgastante. Mas acho difícil dizer não, sabe?
Espero que não seja preciso, mas se for, a conversa é outra. O que te digo com
tranquilidade é: adoraria que isso nunca mais fosse necessário. A gente quer
que os governos deem certo.
MC. Qual é o seu
maior arrependimento?
JP. Não sou muito de me arrepender, mas fiz uma coisa que
acho que foi loucura, até hoje acho que foi loucura. Não sei nem se é bom
falar. Quando fui assaltada, lutei com o ladrão. Não entendo por que fiz isso.
Foi em 2013. Ele estava armado. Eu dirigindo e ele queria entrar e me manter no
carro.
MC. Em uma entrevista recente, você disse que o Brasil é de
um machismo disfarçado. Quando esse machismo disfarçado te alcançou?
JP. Tenho vários exemplos. No escritório, clientes não se
conformam com o fato de uma advogada
querer cobrar os mesmos honorários de um advogado. Na política: por que uma
candidata mulher não pode ser olhada como uma candidata, pura e simplesmente?
Isso me irrita. Então não posso opinar em temas que não têm nada a ver com
mulher? Por que tenho que ter propostas só para as mulheres?
MC. As mulheres estão num momento emergente na sociedade.
Elegemos mais mulheres no Congresso, tivemos uma presidente mulher, há mais
mulheres nos espaços de poder. Talvez por isso faça sentido perguntar para
mulheres sobre mulheres.
JP. Para mim é machismo, e extremamente ofensivo. Estudei
lei penal, estudei violência, estudei prevenção, estudei um monte de coisa. Por
que que as pessoas me perguntam o que que vou fazer pelas mulheres? Você senta
com um político ou com um estudioso e pergunta "o que você vai fazer pelos
homens"?
MC. Será que não perguntamos agora sobre as mulheres porque
ficamos muito tempo as deixando em segundo plano?
JP. Não acho.
MC. Quero falar do seu discurso pró-impeachment na Faculdade
de Direito do Largo São Francisco. Esse vídeo ganhou a internet. Foi parar em
todos os lugares. E a partir daí, acontecerem memes, textos elogiosos e
críticas. Nesse momento, chegou a sofrer de alguma forma?
JP. Quando uma mulher está no palanque e mostra energia,
está possuída, bêbada. Olha o Lula: sempre que ia ao palanque as pessoas
achavam lindo, porque ele , ‘ele é um animal político’. Mas pensei: se aquilo
tudo estava acontecendo, algum motivo tinha. E o motivo foi que eu precisava
alcançar muita gente com as minhas ideias. Por incrível que pareça, o vídeo
ajudou.
MC. O que te levou a querer escrever o processo do
impeachment? Quais foram as suas motivações? Por que quis seguir com oprocesso
adiante mesmo com tantos nãos, mesmo de PMDbistas?
JP. Eu só tive não.
Mas queria, e quero, salvar o país de virar uma Venezuela. Meus motivos foram
cidadania pura. Não foi vaidade. Muito pelo contrário.
MC. Quem é a pessoa viva que você mais admira no mundo?
JP. A resposta vai ficar estranha, mas é Jesus Cristo.
Texto e imagens reprodduzidos do site: revistamarieclaire.globo.com
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