quinta-feira, 7 de março de 2024

A montanha pariu um rato

Pesquisa Quest: 47% dizem que Bolsonaro participou da trama do golpe

Artigo compartilhado do site JLPOLÍTICA, de 1 de março de 2024

A montanha pariu um rato

A expressão do título é de uma história atribuída a Esopo, que não aparece em sua obra, mas na Arte Poética de Horácio, como pequena história entre as fábulas de Fedro. Ora, se parece muito complicado para um escriba rudimentar, imagina nas cabeças ocas de Bolsonaro, Malafaia e Michelle, sem falar nos demais descerebrados do ato do dia 25 de fevereiro, domingo passado.

Segundo os escritos, uma montanha estava prestes a dar à luz e gemia de uma forma fora do normal. Os barulhos geraram grandes expectativas nas cercanias, mas no final, ela acabou por dar à luz um rato.

Moral da história: essa fábula foi escrita para todos aqueles que após proferirem muitas ameaças, não fazem nada que produzam o efeito propagandeado. E foi isso o que aconteceu na tarde de domingo 25 de fevereiro na Avenida Paulista na cidade de São Paulo.

Em resposta, o coeso colegiado de ministros do Supremo Tribunal Federal disse solenemente: o ato da Avenida Paulista não muda em nada se Jair Bolsonaro tiver que ser preso. Eis aí o rato!

Teve muita gente no ato? Teve sim, senhor! Segundo o Monitor do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo, que não é da esfera do Governo Federal, tinha 185 mil pessoas, o que dá para acreditar pelas diversas imagens divulgadas no decorrer do evento.

Então cabe a pergunta: quem era aquela gente? Segundo a mesma fonte de checagem, a USP, 75% eram brancos, sendo 41% homens com ensino superior e católicos, com renda muito superior à faixa específica da massa trabalhadora, 88% deles acreditam que Bolsonaro venceu a eleição de 2022 e 94% acreditam que as perseguições a Jair Bolsonaro caracterizam uma ditadura. Ufa!

No meio da massa de manifestantes, tinham pessoas de outros Estados, tias do zap, que exibiam bandeiras com estrela de 5 pontas como se fossem de Israel e diziam defender o país porque o povo de lá é cristão e que o presidente Lula agrediu todos os judeus.

Ainda, segundo o Monitor da USP, a massa da manifestação era de eleitores bastante radicalizados de Bolsonaro que defendiam que ele deveria ter dado um golpe utilizando uma GLO, que não sabiam exatamente o que significa ou invocado o artigo 142 da Constituição Federal em flagrante atestado de deficiência cognitiva.

No questionário da pesquisa feita simultaneamente, na pergunta “caso Bolsonaro não seja candidato em 2026, em quem o senhor ou a senhora votaria?” 61% disseram votar em Tarcísio de Freitas, atual governador de São Paulo; 19% em Michelle Bolsonaro e 7% em Romeu Zema, governador de Minas Gerais - todos presentes e no palanque.

Com a cena histórica de uma parte da massa cantando “Para não dizer que não falei das flores”, de Geraldo Vandré, música proibida e autor preso na ditadura militar, cujos ídolos, como o assassino e torturador Brilhante Ustra, eles exaltam até os dias de hoje.

Fazendo comparativo das imagens de domingo com as convocadas em toda a programação das grades da Globo para derrubar Dilma Rousseff da Presidência da República, a chamada massa cheirosa, não se consegue identificar pessoas negras, o que caracteriza uma manifestação de supremacia branca.

Em vez de passos à frente dos radicais de direta, o que se viu em seguida foram recuos e fake news. Em verdade, a saída pelo recuo pode estar ligada ao telefonema de Fabrício Queiroz para Santini, ex-sócio de Flavio Bolsonaro nas lojas de chocolate, com ameaças veladas.

Ainda não dá para cantar vitória antecipada, como alertou o ministro Alexandre de Moraes, mas a pesquisa Quest soltada dois dias depois sinaliza a provável morte do rato.

O declínio já é visível nos números: 47% dizem que Bolsonaro participou da trama do golpe; 50% dizem que é justo que ele seja preso; 39% dizem que não é justo que ele seja preso, sinalizando que a boca do jacaré está abrindo!

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Articulista Rômulo Rodrigues é ex-operário e sindicalista aposentado. 

Texto e imagem reproduzidos do site: www jlpolitica com br

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