Política, economia, educação, cultura, cidadania, justiça social, meio ambiente, liberdade de pensamento e expressão.
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quarta-feira, 29 de dezembro de 2021
As férias de Bolsonaro já duram 3 anos
Post de Tabata Amaral, em sua fanpage no Facebook, de 28/12/2021
As férias de Bolsonaro já duram 3 anos.
E, enquanto ele curte as praias de Santa Catarina, a Bahia se afoga no caos de uma tragédia climática.
O presidente deveria liderar o socorro às vítimas, mas, mais uma vez, foge de suas responsabilidades!
(Arte: Desenhos do Nando)
Imagem e texto reproduzidos da fanpage/Facebook/Tabata Amaral
quarta-feira, 14 de abril de 2021
''Machismo não é monopólio da esquerda nem da direita,'' diz Tábata Amaral
Publicado originalmente no site do jornal CORREIO BRAZILIENSE,
em 02/08/2020
''Machismo não é monopólio da esquerda nem da direita,'' diz
Tábata Amaral
A astrofísica, cientista política e parlamentar Tábata
Amaral fala sobre mulheres na vida pública, os enfrentamentos com o governo
Bolsonaro e a sua atuação como ativista pela educação
Por Bertha Maakaroun/Estado de Minas
Interrupções, piadas jocosas, ofensas, ameaças, críticas
dirigidas à aparência, mensagens pornográficas, campanhas de difamação pela
internet com sexualização da imagem... Essas são algumas das manifestações
dirigidas a mulheres que conquistam representação na política, o que faz desse
um dos espaços mais violentos contra vozes que se levantam pela igualdade de
gênero. O relato é da astrofísica, cientista política e deputada federal Tábata
Amaral (PDT-SP). ;Quantas vezes fui interrompida na Câmara? Quantas vezes
disseram que não tinha capacidade, que eu era burra, que não deveria estar ali?
Quantas vezes já insinuaram que eu era teleguiada por um homem, que eu não
tinha capacidade para tomar as minhas decisões? O próprio presidente da
República e os seus apoiadores já publicaram vídeos sexualizando imagens
minhas. Essa violência toda não para por aí;, afirma a parlamentar,
considerando que também dentro dos partidos grassa a discriminação.
O machismo não é monopólio nem da esquerda nem da direita, infelizmente está por todo lado, observa a Tábata, que acaba de lançar o livro Nosso lugar: O caminho que me levou à luta por mais mulheres na política (Companhia das Letras). Desde a infância pobre na periferia de São Paulo até a Universidade Harvard, a campanha eleitoral de 2018 para a Câmara dos Deputados ; em que conquistou 264 mil votos, apesar de desacreditada dentro de seu próprio partido ; são passagens abordadas no livro. Em entrevista ao Estado de Minas, a deputada fala sobre participação feminina na vida pública e outros assuntos, como a recente aprovação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).
O Fundeb foi aprovado pelos deputados apesar da postura do governo Bolsonaro, que só entrou na discussão na reta final, e depois comemorou a votação como se fosse vitória dele. Politicamente, como foram os esforços para a aprovação?
Começamos essa discussão há um ano e meio, em audiências,
conversas e debates, trazendo a sociedade. O governo nunca participou. Nas
últimas três ou quatro semanas, nos reunimos com integrantes do governo, mas
com uma dificuldade muito grande, porque eles não conheciam a matéria, não dão
a entender que priorizam a pauta da educação. No sábado, o governo apresentou
uma proposta que não combina com um país que tem um problema tão grande na
educação, que é o único caminho para que ele se desenvolva e seja mais
inclusivo. Apresentaram uma proposta que deixaria 820 municípios, inclusive
muitos de Minas Gerais, sem nenhum recurso do Fundeb, que retirava recurso da
educação pública para a assistência social. Era proposta que se mostrou
inconstitucional e, no fim das contas, fazia com que as pessoas tivessem de
escolher entre um projeto de renda básica e um projeto de educação pública
forte. Nós resistimos, a população participou e foi muito bonito ver, porque o
governo logo se deu conta de que não teria os votos para aprovar a sua
proposta. Conquistamos a duras penas o Fundeb permanente, maior, mais
redistributivo, e pela primeira vez com o foco não só na equidade de
financiamento, mas também na qualidade da educação, que é o que mais importa.
O campo da educação parece ter sido eleito pelo governo para uma ;guerra ideológica;. O que é possível esperar para o ensino público nos próximos anos?
O governo olha para o Ministério da Educação e vê uma
oportunidade, um palanque para a sua guerra cultural, para a sua guerra
ideológica: enxerga uma ideologia da qual discorda e quer colocar a ideologia
dele no lugar. Eu e muitas pessoas vemos na educação a única oportunidade para
que nosso país seja mais desenvolvido, justo e ético. Essa transformação não
vai se dar com o MEC ditando ideologias ou atacando determinados grupos. Vai se
dar se o MEC de fato sentar na cadeira um coordenador de políticas educacionais
que diga: ;;Vou auxiliar as redes municipais e estaduais;. E pode fazer isso
principalmente provendo recursos para melhorar os índices de alfabetização,
melhorar a formação e a valorização dos professores, resolver os problemas de
infraestrutura que temos ; como escolas que não têm acesso à água ou à
internet. Isso vai muito além de uma discordância ideológica. É uma
discordância de princípio, é injusto, é errado. Em quais momentos tenho
esperança? Quando a gente vê a mobilização da sociedade, que no ano passado
conseguiu reverter a maioria dos cortes na educação. Quando vemos este ano na
votação do Fundeb.
Muitas mulheres sofrem e denunciam discriminação de gênero em suas trajetórias profissionais. Como tem sido a sua trajetória na Câmara dos Deputados?
Infelizmente, a política é um dos lugares mais violentos
para as mulheres. E digo isso como pessoa que se formou também em astrofísica,
um ambiente predominantemente masculino. Mas na política há tentativa constante
de calar as mulheres. Isso se manifesta em piadas, interrupções, ofensas,
ataques, ameaças. Se compararmos a forma como um deputado e uma deputada são
criticados, é evidente que a forma de criticar a deputada vai mencionar a
aparência, a roupa, seu tom de voz, sua vida pessoal. Quando as pessoas se
sentem no direito de ofender e agredir dessa forma, outros se sentem
autorizados a literalmente ameaçar e enviar mensagens pornográficas. A forma
que encontrei de responder a isso é lutando para haver mais mulheres na
política. Temos um movimento, Vamos Juntas, suprapartidário, e apoiamos nestas
eleições 51 candidatas nas cinco regiões do país, de todo o espectro político,
mulheres brancas, negras, com deficiência, mulheres trans. São elas que me dão
esperança. Mas elas estão sofrendo coisas tão absurdas: ameaças, ataques,
mensagens pornográficas. Isso no Brasil inteiro. Acredito que a cada ano vamos
conquistar mais o espaço da política, mas essa conquista não virá por inércia.
Não virá sem muita luta e muita resistência do outro lado.
Apesar das políticas de cotas desde a década de 1990, ainda assim temos a prática de candidaturas laranjas e o boicote dentro dos partidos para desviar recursos das candidaturas femininas. Como superar essa primeira barreira?
O machismo não é monopólio nem da esquerda nem da direita,
infelizmente está por todo o lado; mas quantos partidos não burlaram essa
regra? A explosão que vimos de suplentes de senador mulheres, candidatas a
vice, candidatas que obtiveram financiamento só para as dobradinhas, que eram
com homens. Então, é importante a mobilização da bancada feminina neste
momento, para que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dê uma regulamentação
para isso, um direcionamento. Muitas das nossas conquistas históricas,
infelizmente, primeiro avançaram no Judiciário e só depois no Parlamento.
Quando falamos no Parlamento, há dois tipos de projetos apresentados, mas
enfrentamos resistência para pautar: um deles coloca cotas no Parlamento, é a
medida mais eficaz, mais rápida e que tem evidência mais robusta quando olhamos
para outros países. Outro é um projeto de reforma partidária, que pede mais
transparência, mais democracia interna e ética dentro dos partidos políticos. A
luta é grande, mas este ano acho que conseguiremos fazer mais mulheres
vereadoras e prefeitas. Temos hoje só cerca de 10% de representação feminina
entre vereadoras e prefeitas, então temos espaço muito amplo a ser conquistado.
A senhora é frequentemente retratada como uma integrante da bancada Lemann na Câmara dos Deputados. Qual é a sua relação com Jorge Paulo Lemann?
Não apenas em relação ao Jorge Paulo Lemann. Dependendo da
posição no espectro ideológico, vão dizer que sou financiada por fulano ou
sicrano. Quando apoiadores do governo Bolsonaro querem me criticar e dizer que
não estou aqui de uma forma legítima, dizem que sou financiada por George
Soros, pelo comunismo, pelo globalismo que eu sequer sei o que significa
exatamente. O que as pessoas querem dizer é que não é legítimo eu estar neste
lugar, que alguém me colocou aqui. Jorge Paulo Lemann é um empresário, que tem
uma atuação muito bonita por meio da Fundação Lemann, em prol da educação
pública. Ele é ex-aluno de minha faculdade, um dos fundadores da Fundação
Estudar, que me deu ajuda de custo quanto eu estudava em Harvard, mas uma ajuda
que foi devolvida assim que consegui um emprego, quando voltei ao Brasil. E
nenhuma dessas coisas me desabona. Tenho muito orgulho de ter conseguido essa
bolsa da Fundação Estudar e tenho orgulho de ter podido devolver a minha bolsa
na íntegra, pois tenho certeza de que isso vai ajudar outros estudantes. E a
própria fundação tem essa cultura de retribuição. Então, tem de se esforçar
muito para dizer que (sou influenciada) porque uma pessoa criou uma fundação,
que me ajudou durante a faculdade, mesmo que eu tenha devolvido o dinheiro,
mesmo que tenha recebido uma bolsa 100% de Harvard, trabalhado durante todo o
período da faculdade, em posições administrativas e como babá, para me formar.
Nunca recebi uma ligação de um empresário ou pessoa poderosa, para dizer como
eu deveria votar. Este é um dos muitos absurdos que enfrento.
Eleita pelo PDT, a senhora recorreu à Justiça com pedido de desfiliação da legenda. Quando deixar a legenda, em qual partido no espectro ideológico pretende se filiar?
O meu partido se posicionou a favor de reforma da Previdência durante a campanha, apresentou uma proposta de reforma da Previdência que tinha um impacto maior do que aquela que votamos. Mas não conseguiu criar um consenso entre os deputados e, por uma decisão político-eleitoral, decidiu que seria contra a proposta que era votada. Votei de acordo com o que tinha dito que votaria, e de forma coerente com alguém que participou de todo o processo para melhorar o texto o máximo possível. Depois disso, o partido começou uma perseguição absurda contra mim e não contra os demais deputados que também haviam votado. Eu entrei com processo de desfiliação na Justiça faz um ano, ainda aguardo resultado. Eu me considero progressista, quem me acompanha não tem a menor dúvida em relação a quão objetivos são os meus posicionamentos. Mas não estou conversando com nenhum partido, pois não é o momento.
Num eventual cenário em que estejam concorrendo em 2022 Jair Bolsonaro à reeleição, Ciro Gomes, pelo PDT, um candidato do PT, a chapa Mandetta e Moro, João Doria pelo PSDB, Flávio Dino, pelo PCdoB, além da candidatura esperada do Psol, quem apoiaria para a Presidência da República?
A minha visão de mundo é extremamente conflitante com uma
visão autoritária, antidemocrática, e espero fazer parte de uma construção que
não leve à reeleição de Bolsonaro. Não tive a menor dúvida entre Bolsonaro e
Haddad em 2018: soube que o meu voto seria no Haddad, porque me posiciono pela
democracia, pelos direitos humanos, pela educação. Então, tenho certeza de que
serão essas visões que irão guiar o meu voto. Mas acredito que essa é uma das
coisas que mais atrapalham a nossa política. Estamos a dois anos das eleições,
o que não faltam são problemas para resolver, aprofundados pela crise
sanitária, e as pessoas gastam energia falando sobre uma questão que está tão
distante. O que sei é que os princípios que me guiaram até aqui são os mesmos
que vão me guiar nos próximos anos.
Texto e imagem reproduzidos do site: correiobraziliense.com.br
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
"Não gosto de definir o mundo em esquerda e direita". (Tabata Amaral)
Texto publicado originalmente no site ESPORTE YAHOO, em 12
de fevereiro de 2021
"Não gosto de definir o mundo em esquerda e
direita": dois anos depois, quem é e o que quer Tabata Amaral
Por Anita Efraim
Tabata Amaral foi eleita deputada federal em 2018, sendo a
6ª mais votada por São Paulo, com mais de 256 mil votos. Muito conhecida pela
pauta da educação e da democratização do conhecimento e filiada do PDT, de Ciro
Gomes, Tabata era entendida por muitos como um expoente da nova esquerda.
A parlamentar cresceu na periferia de São Paulo e tem como principal bandeira a educação. Dois anos depois de ter sido eleita, ela continua vendo na área seu grande tema de atuação e não tem medo de se colocar como progressista, já que a diminuição da desigualdade é um dos assuntos mais relevantes para ela. No entanto, pela vivência, ela diminui a relevância da divisão entre esquerda e direita.
“Eu sempre fui muito crítica, e acho que essa crítica tem a ver com eu vir da periferia, a resumirmos o mundo a esquerda e direita. Tem um comentário que eu ouvi durante a campanha, mas me lembro todos os dias, foi o Toni, companheiro da minha mãe, um sergipano super do bem, muito arretado, que me perguntou no final da campanha o que era essa tal de esquerda e direita que eu tanto falava. Porque, para quem está na ponta, isso não leva a nada”, afirma.
É comum nas redes sociais que quem refute a relevância da divisão entre esquerda e direita seja automaticamente chamado de “isentão” ou seja acusado de estar em cima do muro. Tabata nega ser qualquer uma das duas coisas. Ela avalia ter posicionamentos fortes e diz que “isentona” é a última coisa da qual podem chama-la.
Justamente por ter sido compreendida como uma política de esquerda, a deputada foi alvo de duras críticas ao votar pela Reforma da Previdência em 2019 e, mais recentemente, por apoiar o projeto de independência do Banco Central. Pelo apoio a mudança no sistema previdenciário há quase dois, Tabata recebeu ameaças de expulsão do PDT e, recentemente, entrou com um pedido no Supremo Tribunal Federal para sair da legenda.
Sobre o partido, ela garante que vai tentar se reeleger para o posto de deputada federal em 2022, mas por outra legenda. “Entendo que consigo ainda trabalhar muito pela educação aqui [no Congresso], que meu lugar na luta pela educação ainda é no Congresso. Não será pelo PDT por 10 mil razões que eu poderia listar”, diz.
O principal motivo, diz, é ter sentido que o partido colaborou para as ameaças feitas contra ela, especialmente em momentos cruciais de discordância, como a questão da Previdência e do Banco Central. “Não há espaço para construir em um lugar como esse, em que a discordância não é tolerada quando ela vem de uma mulher jovem”, afirma.
Sobre os votos, Tabata explica que constrói seus posicionamentos baseada em estudos, leva horas pesquisando os temas, embasando o voto e tenta fazer um vídeo explicando, de forma simples, o posicionamento. Sobre o Banco Central, ela concorda com tantos que disseram que o tema não deveria ter entrado na pauta em um momento como o que o Brasil enfrenta, mas, a partir do momento em que teria de ser votado, precisou construir uma opinião. Votou a favor por entender que faz parte de uma ideia moderna de economia, entre outros motivos.
Apesar da explicação feita nas redes sociais, nada impediu que ela fosse atacada por opositores. “O que acontece no Twitter em meio a essa polarização toda: você tem expoentes dos dois lados que precisam dessa polarização, que se alimentam desse ódio, que precisam dessa máquina rodando, que mentem, contribuem para essa polarização, mas colocam jargões e são incendiárias e, por trás disso, tem esse efeito manada”, avalia.
Outro aspecto ressaltado pela deputada é que, dada a alta rejeição do governo Bolsonaro, tudo que parte do poder executivo é ruim e tudo que sai da oposição é bom. E ela discorda.
Também favorável à reforma da Previdência, após estudar sobre o tema e formar uma posição, ela assume que não está no espectro da chamada “esquerda clássica” quando o tema é economia. “Sobre a previdência, eu entendi que essas políticas eram importantes para o combate à desigualdade e para o desenvolvimento da economia que, por sua vez, é importante para o combate à pobreza”, argumenta.
A parlamentar classifica a visão econômica que tem como de centro, por isso, acredita que está no espectro da centro-esquerda.
ELEIÇÃO EM 2022
Mesmo com votos a favor de temas propostos pelo governo,
Tabata não deixa de se considerar parte da oposição ao presidente Jair
Bolsonaro (sem partido). Para 2022, ela se diz muito preocupada, mas tem
clareza: não quer participar nem do projeto bolsonarista, nem do projeto do PT,
cujo candidato pode ser, novamente, Fernando Haddad.
“Acredito que foi essa polarização que nos trouxe até aqui. Então, estou trabalhando para que a gente tenha uma alternativa viável a esses dois projetos”, explica. Essa tentativa de criar uma “terceira via” será determinante para que a deputada escolha para qual partido irá até a próxima eleição. Questionada sobre alternativas, ela diz que não pode apontar sequer duas opções, porque está longe de qualquer definição.
Tabata Amaral apoiou a candidatura de João Campos (PSB), namorado da parlamentar, nas eleições municipais. E também foi “madrinha” política de Malu Molina (Cidadania), durante a campanha para vereadora em São Paulo. Ela nega que essa proximidade com qualquer um dos dois seja motivo para pensar nas legendas das quais fazem parte. “Hoje eu não consigo trazer nada mais concreto, até porque eu acho que pessoas que estão há política há muito mais tempo que eu estão tendo muita dificuldade de entender o que está acontecendo. As coisas estão muito bagunçadas ainda.”
Questionada sobre a possibilidade de Ciro Gomes, do PDT, ser essa terceira via, Tabata afirma que gostaria de algo novo para impedir uma repetição de 2018. Ainda assim, caso fosse uma opção entre Haddad e Bolsonaro, votaria em Ciro Gomes.
EDUCAÇÃO E GOVERNO BOLSONARO
Sobre o governo Jair Bolsonaro, as críticas são focadas
especialmente na questão da educação. A avaliação da deputada é que, durante o
primeiro ano de governo, o Ministério da Educação foi usado para divulgar
pautas ideológicas, não ligadas a educação. Depois, quando o atual ministro,
Milton Ribeiro, esse aspecto diminuiu – o que não quer dizer que o trabalho da
pasta tenha melhorado.
Tabata acredita que a pandemia expos e aprofundou as mazelas e desigualdades que já marcavam o sistema educacional brasileira. “Nenhum dos problemas que estamos enfrentando, ou as consequências deles, são exatamente novos. Quando a gente fala do aumento da evasão, do desalento que está tomando conta dos nossos jovens, dos problemas relacionados a saúde mental, da desigualdade que fica tão exposta na pandemia, com alunos que não tem acesso à internet, um canto para trabalhar, que tem que ir para rua para ajudar seus pais, tudo isso fica mais exposto e mais profundo”, aponta.
“A frase mais simbólica do ministro atual é quando ele diz em resposta a um requerimento de informação, em uma reunião, que esse problema [da educação na pandemia] não é de responsabilidade do MEC. E eu li isso muitas vezes. Me preocupa muito. Se o MEC entende erroneamente que não é seu papel coordenar os esforços na pandemia, apoiar as redes que mais precisam, de quem é a responsabilidade, então?”, questiona.
Para ela, o Brasil teve muito azar de viver uma situação tão complexa, como a pandemia do coronavírus, com Bolsonaro no poder.
“Eu digo brincando que eu só conheço a experiência de atuar na política de agora, eu não sei como era antes, porque eu sequer tinha uma vida partidária e não participava da política. Mas agora, sendo sincera e sem nenhum tom de brincadeira: é um grande azar para o Brasil, não para mim. Porque eu sou ativista de educação no final do dia. Eu sou muito grata por estar em um lugar em que eu consigo ver o meu propósito avançando. Poxa, ter um trabalho que te move é um privilégio muito grande, como esse trabalho me move. Mas é um azar para o Brasil, um Brasil já tão desigual, com uma educação tão desigual, com alunos que já estavam muito desesperançosos, diante de uma pandemia tem um líder que, se fizermos um paralelo com uma guerra, está disposto a sacrificar parte de sua tropa.”
ATAQUES E REDES SOCIAIS
Entendida por muitos em 2018 como uma jovem de esquerda, a
frustração fez com que eleitores de Tabata Amaral, ao lado de opositores,
passassem a atacar a parlamentar nas redes sociais.
“Eu faço terapia, faço aula de canto, converso com meus amigos, porque não é simples. Eu tomei um posicionamento técnico [sobre o Banco Central e Reforça da Previdência] e do dia para a noite eu começo a ser ameaçada, inclusive por pessoas que são do meu partido e não tem nem receio de me marcar e falar que eu deveria ser fuzilada, de que estão mandando um veneno para mim, me chamam de puta para baixo”, desabafa. “É muito pesado, porque é na física, é sobre o meu corpo, sobre a minha vida. Você vai aprendendo. O que eu sempre penso: está no pacote de ser deputada federal ser criticada pelas pessoas, mas não deveria estar no pacote que eu receba ameaças de morte, que eu seja ofendida com tanta força, que as pessoas mintam descaradamente sobre mim e sobre meus posicionamentos.”
Em dois anos convivendo diariamente com o ambiente parlamentar, Tabata afirma ter aprendido melhor a lidar, mas continua sem considerar que os ataques sejam normais. A deputada acredita estar mais madura e segura de seus posicionamentos. Se pudesse escolher uma palavra para definir a si mesma, seria resiliente. “E vou continuar achando que as ameaças e os abusos não cabem na política, não tem nada de normal nisso. E a gente vai trabalhar para mudar essa situação um dia.”
Texto reproduzido do site: esportes.yahoo.com
sábado, 10 de outubro de 2020
O financiamento... de transferência de renda terá que sair do andar de cima.
O financiamento de uma política de transferência de renda
terá que sair do andar de cima. Falta coragem ao governo para enfrentar os
privilégios daqueles que recebem salários acima do teto constitucional e também
para enfrentar uma reforma tributária justa, que cobre mais dos mais ricos e
menos dos mais pobres. Está claro que o interesses de Bolsonaro estão focados
nas eleições de 2022 e não nos brasileiros mais pobres. Há rumores, inclusive,
de que o governo só quer implementar uma política de renda básica em um período
mais próximo das eleições presidenciais. Isso é uma covardia com os milhões de
brasileiros que ficarão desamparados depois do auxílio emergencial. Na minha coluna
da Folha de São Paulo desta semana falei mais sobre esse assunto urgente!
Texto e imagem reproduzidos do Facebook/Tabata Amaral