sexta-feira, 9 de novembro de 2018

O PT e a necessidade de abandonar a tática falida e fazer oposição inteligente


Texto publicado originalmente no site Universo Político, em 06/11/2018

O PT e a necessidade de abandonar a tática falida e fazer oposição inteligente

Por Joedson Telles

Assinada por senadores e deputados do PT, uma representação contra o juiz Sérgio Moro já está nas mãos do corregedor do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Humberto Martins. O objetivo? Imaginem? Barrar a nomeação de Moro como super ministro da Justiça do futuro governo Jair Bolsonaro. Os petistas argumentam que Moro foi parcial durante o processo eleitoral, ao autorizar e disponibilizar para a imprensa o conteúdo da deleção premiada do ex-petista Antônio Palocci, à véspera da eleição. Evidente que tem cara de cantada de festa: “se colar colou”. Aposto uma Heineken canela que não cola.

Mais do que uma vingança contra aquele se tornou aos olhos do partido, e de boa parte dos brasileiros, o principal inimigo da maior estrela petista, sendo decisivo para a sua prisão, o PT, ao tentar barrar a presença de Moro no governo do desafeto Bolsonaro, mostra que vai insistir na tese de vítima – sobretudo em se tratando do ex-presidente Lula, cujos companheiros juram na cruz ser inocente e, portanto, um preso político.

Moro, Judiciário, grande parte da imprensa, Deus…, qualquer um que disser o contrário é parte da engenharia supostamente montada para impedir a participação de Lula no processo eleitoral. O que chamam carinhosamente “golpe”.

O que o partido teima em demonstrar não ter entendido, contudo, é que a estratégia (mesmo que se consiga provas irrefutáveis da verdade anunciada) não foi aceita pela maioria da população brasileira, que a rejeitou com PT e tudo.

É tanto que o Jair Bolsonaro foi eleito sem apresentar um projeto inteligente para tirar o Brasil do buraco. Bater na tecla da corrupção e se colocar como o antipetismo, pregando cadeia para petista corrupto, lhe permitiu ao luxo de vencer a eleição sem sequer aparecer na TV ou ir aos debates levar sua mensagem à população. Rede social foi o bastante.

O PT, ao persistir na tática que se mostrou falida no processo eleitoral, continua a subestimar não o Bolsonaro. Muito menos Moro. Mas o sentimento de rejeição da fatia do eleitorado que decidiu a eleição. É tanto que não faltou eleitor do Bolsonaro admitindo que ele não tem preparo para ser a solução do Brasil, mas derrotar o PT se mostrou acima do próprio país.

O discurso foi mais ou menos assim: “tem que mudar. Se não der certo, muda outra vez. Mas PT não…” Aliás, até entre os votos que o Haddad recebeu, no segundo turno, há, evidente, quem não queria o PT e deixou isso claro no primeiro turno.

Grita pela obviedade que o PT tem papel importante na oposição – sobretudo diante do governo de um Bolsonaro que chegou ao poder, como já dito aqui, num tiro no escuro. As urnas deram a missão ao PT, e a sua própria história ratifica. Todavia, é preciso fazer uma oposição inteligente e produtiva. Cérebro e não fígado dando as cartas.

O PT não deve se prender a esta tese, como disse, falida de se fazer de vítima. Não pode tropeçar em miudezas, sabe? Deixa o Moro começar seu trabalho. O governo Bolsonaro em si. Fiscaliza de perto com uma lupa. Errou, foi contra o Brasil, aí, sim, parte para cima com argumentos sólidos para atrair a população à boa causa. É desta oposição que o Brasil precisa. É difícil enxergar? Não creio.

Texto reproduzido do site: universopolitico.com.br

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