O PT e a necessidade de abandonar a tática falida e fazer
oposição inteligente
Por Joedson Telles
Assinada por senadores e deputados do PT, uma representação
contra o juiz Sérgio Moro já está nas mãos do corregedor do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ), Humberto Martins. O objetivo? Imaginem? Barrar a nomeação de
Moro como super ministro da Justiça do futuro governo Jair Bolsonaro. Os
petistas argumentam que Moro foi parcial durante o processo eleitoral, ao
autorizar e disponibilizar para a imprensa o conteúdo da deleção premiada do
ex-petista Antônio Palocci, à véspera da eleição. Evidente que tem cara de
cantada de festa: “se colar colou”. Aposto uma Heineken canela que não cola.
Mais do que uma vingança contra aquele se tornou aos olhos
do partido, e de boa parte dos brasileiros, o principal inimigo da maior
estrela petista, sendo decisivo para a sua prisão, o PT, ao tentar barrar a
presença de Moro no governo do desafeto Bolsonaro, mostra que vai insistir na
tese de vítima – sobretudo em se tratando do ex-presidente Lula, cujos
companheiros juram na cruz ser inocente e, portanto, um preso político.
Moro, Judiciário, grande parte da imprensa, Deus…, qualquer
um que disser o contrário é parte da engenharia supostamente montada para
impedir a participação de Lula no processo eleitoral. O que chamam
carinhosamente “golpe”.
O que o partido teima em demonstrar não ter entendido,
contudo, é que a estratégia (mesmo que se consiga provas irrefutáveis da
verdade anunciada) não foi aceita pela maioria da população brasileira, que a
rejeitou com PT e tudo.
É tanto que o Jair Bolsonaro foi eleito sem apresentar um
projeto inteligente para tirar o Brasil do buraco. Bater na tecla da corrupção
e se colocar como o antipetismo, pregando cadeia para petista corrupto, lhe
permitiu ao luxo de vencer a eleição sem sequer aparecer na TV ou ir aos
debates levar sua mensagem à população. Rede social foi o bastante.
O PT, ao persistir na tática que se mostrou falida no
processo eleitoral, continua a subestimar não o Bolsonaro. Muito menos Moro.
Mas o sentimento de rejeição da fatia do eleitorado que decidiu a eleição. É
tanto que não faltou eleitor do Bolsonaro admitindo que ele não tem preparo
para ser a solução do Brasil, mas derrotar o PT se mostrou acima do próprio
país.
O discurso foi mais ou menos assim: “tem que mudar. Se não
der certo, muda outra vez. Mas PT não…” Aliás, até entre os votos que o Haddad
recebeu, no segundo turno, há, evidente, quem não queria o PT e deixou isso
claro no primeiro turno.
Grita pela obviedade que o PT tem papel importante na oposição
– sobretudo diante do governo de um Bolsonaro que chegou ao poder, como já dito
aqui, num tiro no escuro. As urnas deram a missão ao PT, e a sua própria história
ratifica. Todavia, é preciso fazer uma oposição inteligente e produtiva.
Cérebro e não fígado dando as cartas.
O PT não deve se prender a esta tese, como disse, falida de
se fazer de vítima. Não pode tropeçar em miudezas, sabe? Deixa o Moro começar
seu trabalho. O governo Bolsonaro em si. Fiscaliza de perto com uma lupa.
Errou, foi contra o Brasil, aí, sim, parte para cima com argumentos sólidos
para atrair a população à boa causa. É desta oposição que o Brasil precisa. É
difícil enxergar? Não creio.
Texto reproduzido do site: universopolitico.com.br
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