quarta-feira, 2 de novembro de 2022

De que lado você estará na história?

Legenda da foto: Imagem de Ricardo Stuckert e postada pelo blog para ilustrar o presente artigo

Texto reproduzido do jornal "Folha de S. Paulo", de 28 de outubro de 2022

De que lado você estará na história?
Por Mariliz Pereira Jorge 

Terei paz ao olhar para trás e ver que engrossei nas ruas o coro de ‘fora, Bolsonaro’

Não há mais nada a ser dito sobre Jair Bolsonaro. Nos últimos quatro anos gastamos todo o vocabulário, importamos palavras, incorporamos outras ao nosso repertório para descrever a tragédia que vivemos.

Eu poderia usar mais 1.900 caracteres para reafirmar que Bolsonaro é um golpista, corrupto, autoritário, insensível, preconceituoso, obtuso. Poderia gastar este espaço inteiro novamente para desqualificar o sujeito mais repulsivo da nossa história mais recente. Mas prefiro deixar aqui uma provocação inspirada no manifesto “Domingo a gente faz um país”.De que lado você estará na história? Assim como Antonio Prata, que assina o texto distribuído pelo grupo Derrubando Muros, daqui a dez, trinta anos, se ainda estiver viva, poderei contar com orgulho que naquele 30 de outubro de 2022 eu estava do lado certo. Assim como Alckmin e Lula, Boulos e Tebet, Armínio e Emicida, João Amoêdo e Mano Brown, escolhi abraçar a democracia.

De que lado você estará na história? Do obscurantismo de Damares, do charlatanismo de Malafaia, do mau-caratismo de Hang, da destruição da Amazônia promovida por Salles, do desrespeito às instituições, às minorias? Neste domingo, reafirmo o meu compromisso com o país, com a liberdade das gerações futuras, com a saúde do planeta, com a ciência, com o Inpe, o IBGE, o Ibama, com os pretos, pobres, gays, mulheres.

Daqui a trinta anos ainda me lembrarei de que nunca tive dúvidas de que a terra sempre foi redonda — para dizer o mínimo. Pensarei com horror nas centenas de milhares de pessoas que morreram porque lhes foi negada a possibilidade de uma vacina. Mas terei paz ao olhar para trás e ver que engrossei nas ruas o coro de #elenão, ainda em 2018, e passei os anos seguintes gritando dentro e fora de casa, nas redes sociais, nas colunas de jornal, nas mesas de bar.

Neste domingo, 30, sei que estarei no lado certo. Fora, Bolsonaro!

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