Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 21 de junho de 2025
O Irã é tudo aquilo que acusam Israel de ser
Esse Estado pária, belicista e genocida aterroriza o Oriente Médio e seu próprio povo há tempo demais. Tim Black, da Spiked, para a Oeste:
Há décadas, um Estado agressivo e quase imperial tem sido o epicentro dos conflitos no Oriente Médio. Ele antagoniza seus vizinhos constantemente e, em alguns casos, ameaça a própria existência deles. E, por meio de seus obscuros agentes militares, tem buscado impor sua vontade tanto a aliados quanto a inimigos.
Esse Estado é a República Islâmica do Irã. É tudo aquilo que os esquerdistas burgueses do Ocidente imaginam que Israel seja. Possui um governo genuinamente “pária” e de extrema direita. Um regime que, por meio de seu infame Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica e de seus representantes regionais fortemente armados, busca projetar seu poder e influência por todo o Oriente Médio. Ao contrário de Israel, ele tem até um objetivo genocida de fato — a saber, a erradicação do Estado judeu, ou a “entidade sionista”, para usar a própria linguagem de seus líderes. Como disse seu governante supremo, o aiatolá Ali Khamenei, em 2020, Israel é um “tumor cancerígeno” que “será, sem dúvida, desenraizado e destruído”.
É por isso que a perspectiva de a República Islâmica desenvolver armas nucleares sempre aterrorizou os líderes de Israel. Porque, para um regime ideologicamente comprometido com a destruição de Israel, as armas nucleares são muito mais do que um meio de retaliação — são um meio para a aniquilação dos judeus.
A ameaça iraniana
E é por isso que, na manhã da sexta-feira, 13 de junho, as Forças de Defesa de Israel realizaram ataques aéreos letais contra instalações nucleares iranianas, cientistas vitais nos planos atômicos do Irã e vários generais de alta patente. A liderança de Israel estava preocupada, com razão, porque o Irã logo estaria em posse de suas próprias ogivas nucleares.
De fato, na quinta-feira, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que monitora os signatários do Tratado de Não Proliferação Nuclear, decidiu que o Irã havia violado suas obrigações. Ela alega que aquele país acumulou 400 quilos de urânio altamente enriquecido, ideal para uso militar. Poucas horas depois do anúncio da AIEA, Israel iniciou uma operação destinada, nas palavras do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, a reverter “a ameaça iraniana à própria sobrevivência de Israel”.
Não precisava ser assim. Apenas nas últimas décadas o Irã passou a representar uma ameaça. Após a fundação de Israel, em 1948, o Irã, sob o regime do xá Mohammad Reza Pahlavi, tinha uma relação cordial com o recém-criado Estado judeu. O Irã era visto por Israel como um mediador regional, em alguns momentos até mesmo um aliado. E vice-versa — o romancista iraniano e crítico antiocidental, Jalal Al-e Ahmad, visitou Israel em 1963 e, posteriormente, elogiou o espírito coletivista do Sionismo.
Enquanto a violência antissemita devastava nações árabes como Egito, Iraque, Líbia e Síria durante as décadas de 1950 e 1960, não houve pogroms ou expurgos no Irã. Embora cerca de 60 mil judeus iranianos tenham partido para Israel durante suas três primeiras décadas de existência, em 1978 ainda havia uma próspera comunidade judaica de 85 mil pessoas dentro do Irã. Constituiu talvez a maior população judaica no Oriente Médio fora de Israel.
Mas tudo isso mudou em 1979, com a Revolução Iraniana e a ascensão do Aiatolá Khomeini e sua camarilha. Com a fundação da República Islâmica, a relação do Irã com Israel tornou-se reconhecidamente hostil quase da noite para o dia. Seus líderes, ardendo em zelo antissemita, transformaram efetivamente a destruição de Israel em uma razão de ser, e tornaram a vida dentro do Irã quase intolerável para sua população judaica. Apenas 9 mil judeus vivem lá hoje.
Apesar da eleição ocasional dos chamados presidentes reformistas, o ódio do Irã a Israel, na verdade, só se intensificou nas últimas décadas. Nas palavras do negacionista do Holocausto Mahmoud Ahmadinejad, presidente entre 2005 e 2013, a “entidade sionista” deveria ser “apagada das páginas da história”.
Isso sempre foi mais do que meras palavras. Ao longo de 40 anos, o Irã cultivou uma temível rede de representantes regionais. Essas milícias islâmicas grandes e poderosas podem ter tido suas próprias causas locais e particulares, mas seu objetivo primordial sob a égide do Irã era a destruição de Israel. E elas foram apoiadas em seus esforços pelo poder militar do regime islâmico, incluindo sua própria força de proteção militar de 200 mil homens, a Guarda Revolucionária.
No sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, a influência maligna e regional dos governantes teocráticos do Irã foi exposta ao mundo. Seu representante, o Hamas, cruzou a fronteira de Gaza e realizou o pior ato de massacre antissemita desde o Holocausto. E, com o início da guerra Israel-Hamas, outros representantes iranianos começaram a atacar, desde o Hezbollah no Líbano, os Houthis no Iêmen e milícias menores sortidas na Síria e no Iraque. Então, em outubro do ano passado, o próprio Irã atacou, lançando quase 200 mísseis balísticos em direção a Israel.
O que temos visto se desenrolar no Oriente Médio nos últimos 20 meses tem sido, de muitas maneiras, o ápice da campanha de longa data da República Islâmica contra Israel. Isso sempre foi mais do que uma guerra entre Israel e o Hamas. É a guerra de sobrevivência de Israel diante de um ataque islâmico liderado e apoiado pelo Irã.
Os últimos 20 meses expuseram não apenas a guerra silenciosa do regime iraniano contra Israel, mas também a fraqueza do regime iraniano. As forças representantes que o Irã têm usado contra Israel, do próprio Hamas ao Hezbollah, foram dizimadas. O regime de Assad na Síria, apoiado pelo Irã, desmoronou. E o próprio Irã foi degradado militarmente. De fato, a destruição de suas defesas aéreas por Israel durante os ataques retaliatórios, em outubro passado, aparentemente tornou possível o ataque aéreo desta semana.
‘Morte ao ditador’
A fraqueza do regime iraniano não é meramente militar — é também política. No contexto de uma economia em colapso, níveis de desemprego sempre crescentes e um Estado repressivo, muitos iranianos estão ficando inquietos. Vimos protestos de grande escala contra o regime em 2019, com manifestantes cantando “morte ao ditador” para o aiatolá Ali Khamenei, e pedindo o fim da República Islâmica. Também vimos repetidas demonstrações de resistência corajosa por parte de mulheres que se opõem à lei do hijab obrigatório, especialmente depois do assassinato de Mahsa Amini pela polícia da moralidade, em 2022.
Mais importante de tudo, a guerra do regime iraniano contra Israel não conta com grande apoio público. Os iranianos querem empregos, investimento. Eles não querem um regime teocrático apoiando milícias antissemitas com dinheiro que poderia ser usado para resolver problemas domésticos crônicos. De fato, tem sido revelador que, nos últimos 20 meses, a maioria dos iranianos mostrou pouco entusiasmo pelos conflitos em Gaza e no Líbano. Houve alguns protestos anti-Israel com baixa adesão, encenados em Teerã desde o início da guerra, envolvendo no máximo alguns milhares de pessoas.
Como observa um analista, os protestos genuinamente populares recentes dentro do Irã apresentam o coro revelador: “Nem Gaza, nem Líbano, minha vida pelo Irã!”. Os iranianos estão pedindo uma vida melhor, não “morte à América” e leis de hijab. Há muito mais apoiadores do Hamas nos campi universitários ocidentais do que no Estado-nação que realmente financia esses lunáticos genocidas.
Sem dúvida, o ataque de Israel à República Islâmica mobilizará mais iranianos em apoio à sua nação ou ao próprio regime. Mas este continua sendo uma teocracia cada vez mais impopular.
Isso poderia tornar a guerra agora em curso ainda mais perigosa. Uma República Islâmica acuada, atacada e militarmente humilhada pela “entidade sionista” tem que responder. Isso pode envolver uma barragem de mísseis e drones contra Israel que diminua a salva do ano passado. Ou algo ainda mais drástico. É crucial também que os falcões de guerra do Ocidente, que anseiam por um conflito direto com o Irã há décadas, não consigam o que desejam. Se este regime terrível tiver que cair, ele deve ser derrubado por dentro, pelo povo.
De qualquer forma, não devemos derramar lágrimas pelos teocratas à frente da República Islâmica. Eles se apossaram da casa dessa grande civilização por tempo demais. Quanto mais cedo a República Islâmica se for, e os iranianos forem libertados, melhor.
Texto e imagens reproduzidos do blog: otambosi blogspot com
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