Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 20 de julho de 2025
A máxima 'o patriotismo é o último refúgio dos canalhas' agora é nossa
A direita, sempre burra, atirou no próprio pé, e Trump deu uma sobrevida a um regime, o lulismo, que respira por aparelhos. Luiz Felipe Pondé para a FSP:
Agora somos todos patriotas. A máxima "o patriotismo é o último refúgio dos canalhas" é algo que nós, brasileiros, deveríamos ter junto ao nosso coração.
Em 2022, "patriotas" era um termo que os bolsonaristas usavam para si. "Patriotas" invadiram a Praça dos Três Poderes. Chegou a hora de a galera do outro lado da babaquice nacional dizer que o Brasil nunca usará uma camisa azul, vermelha e branca? Toda a intelligentsia zoava os patriotas bolsonaristas. Agora vestem a camisa da seleção brasileira com orgulho.
O "Lulanistão" deprime. Ser obrigado a conviver com o ridículo do novo patriotismo é humilhante. Quando se pensa que atingimos o fundo do poço, vamos mais fundo. O crítico literário americano Lionel Trilling (1905-1975) dizia que o historiador romano Tácito (século 1º d.C.) escrevia como um intelectual sem nenhuma esperança para com a Roma dos ditadores. Seria uma obrigação moral dos historiadores brasileiros escrever agora sobre o Brasil sem nenhuma esperança?
"Agora somos todos o STF!" A direita, sempre burra, atirou no próprio pé. Trump deu uma sobrevida a um regime, o lulismo, que respira por aparelhos. A chance de sair do coma foi dada de bandeja pelo Trump. Ao contrário de xingarmos o presidente americano —e não me venham com expressões ridículas como "estadunidense"—, a galera do outro lado da babaquice nacional deveria acender velas para ele. Bandeiras americanas queimadas na Paulista! Oh! Finalmente o Brasil foi lembrado pelos americanos. O vira-lata em nós tem um dia de cachorro de madame. Banho e tosa numa clínica de pets chiques.
Na verdade, o Trump ter lembrado de taxar o Brasil significa que, depois de um longo e tenebroso inverno, os ianques lembraram que nós existimos. Da irrelevância geopolítica absoluta, temos nossos 15 minutos de fama internacional.
E como conseguimos tal proeza? Lambendo as botas de Putin, indo celebrar o fim da Segunda Guerra Mundial na pátria da grande guerra patriótica —os russos chamam a Segunda Guerra Mundial assim. Lula, ao lado da fina flor das democracias mundiais, lambendo as botas dos chineses, com a chefe da diplomacia nacional rogando para que eles nos ensinem a defender nossa democracia dos seus inimigos —assim como os chineses defendem a democracia deles, claro. Lambendo as botas do regime teocrático iraniano, pátria do respeito aos povos, vítima da "agressão americana e sionista". Gozando com a ideia de criar uma moeda que "desdolarize" a economia global.
Enfim, temos a nossa "crise dos mísseis em Cuba". Lula quer fazer do seu quintal "Lulanistão" a cabeça de ponte dos regimes não democráticos do mundo. Glória nacional, finalmente. Lula quer transformar o Brasil no representante do "eixo da resistência global" contra a ameaça americana à liberdade. Sendo esta, claro, defendida por China, Rússia e Irã.
A liderança brasileira é regredida. Bolsonaro, por sua vez, exige que o Supremo agilize seu processo, contando, claro, com o poder do seu amigo rico, Trump. A miséria da política nacional atinge seu clímax. Deveríamos fazer um minuto de silêncio para a vergonha nacional. A incompetência é o combustível do Brasil nos últimos tempos.
É possível que Trump, de fato, esteja preocupado com o Bolsonaro —essa outra face do ridículo nacional? Ainda custo a acreditar, apesar de que o presidente americano reforça bem a suspeita de que o mundo seja mesmo um circo. Achar que pode se meter num processo jurídico de outro país é coisa de gente de inteligência duvidosa mesmo. Somos sim a república das bananas, mas deixamos claro que as bananas são nossas e não do Trump.
Enquanto os brios da nação verde oliva acordam —para um pesadelo—, o país continua no buraco. O governo federal continua gastando rios de dinheiro para manter o populismo vivo e atuante no "Lulanistão". Patinamos na nossa incompetência. A soberania nacional —essa expressão que no Brasil de hoje tem tanta segurança semântica quanto a palavra "energia espiritual"— está quase perdida para o crime organizado, mas os novos patriotas acham que as big techs é que são a ameaça a essa pretensa soberania.
A ditadura também falava em soberania nacional. As forças armadas também falavam em soberania nacional. Todos ridicularizados. Agora é "cool" falar dela. Aliás, ela vai bem obrigado na tão cantada em prosa e verso Amazônia, território colonizado em grande parte pelo mesmo crime organizado, esse sócio do mercado, do governo e de todos nós, enquanto nos matam, nos roubam e nos perseguem nas ruas a pauladas. Festa no "Lulanistão". Cantemos nosso hino.
Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com
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