Publicado originalmente no site JLPolítica, em 10 de novembro de 2018
Carlos Cauê: “Não sou marqueteiro que acho que ganhei a
eleição”
“Belivaldo Chagas tem um tirocínio político incrível”
Quando se fala em eleições em Sergipe, ele é imediatamente
associado à alegria de uns e ao terror de outros. Não disputa pleito algum, mas
há 30 anos põe açúcar na competição de determinadas candidaturas e soda
cáustica na de outras. Erige alguns tantos ao panteão dos vencedores e leva à
ruína muito mais outros.
Ele é Carlos Cauê, um quase químico, um jornalista por
formação e marqueteiro político por profissão de fé. Ele nasceu no dia 15 de
julho de 1961 em Maceió, Alagoas. Pelos caminhos da educação superior, há 38
anos foi convertido num sergipano empedernido, e há três décadas é uma espécie
de exterminador profissional de sonhos das gentes que aspiram virar prefeito de
Aracaju ou governador de Sergipe. Mas um agente do sucesso dos que chegam lá.
Nos últimos dias 7 e 28 de outubro, Carlos Cauê acabou de
liquidar mais uma fatura no campo político, ao ver sagrar-se reeleito com
679.051 votos, ou 64,72% dos válidos, o governador de Sergipe, Belivaldo
Chagas, PSD, que desde a pré-campanha “foi um produto” do marketing político
liderado por ele e uma reconhecida equipe.
Mas que ninguém pense que esse Carlos Cauê, que ganha
campanhas eleitorais em Sergipe desde que fez a primeira delas, a de Wellington
Paixão à Prefeitura de Aracaju lá em 1988, carrega por aí, com o peito estofado
dos boçais, a ostentação de um vencedor.
Ao contrário. Apesar de saber do peso do seu papel e da sua
importância nessa seara, Carlos Cauê encara tudo com uma razoável humildade e
está longe de passar recibo como um triunfalista raso. “Não sou marqueteiro que
acho que ganhei a eleição. Quem ganha a eleição são os candidatos. Eu não estou
disputando nada”, diz ele.
Para Carlos Cauê, nessas horas eleitorais é preciso ter a
compreensão do trabalho braçal e sobretudo intelectual que o marketing político
exige de quem se atraca com esta áspera atividade. “Eu estou trabalhando. Dando
o meu melhor possível para potencializar a imagem do candidato. Para realçar
suas características, para mostrar aquilo que ele tem de melhor. Para mostrar o
projeto que ele tem para sociedade”, diz ele.
Carlos Cauê defende que isso, no entanto, não pode ser feito
apenas com a colher dourada da boa-vontade. Do empirismo. “Eu sempre que posso,
busco estudar. Eu não acredito, inclusive, em empirismo nessa área. Acho que
marketing é uma técnica calcada em várias ciências. Você precisa estudar e
entender essas ciências”, avisa ele.
“Estudar o comportamento do eleitor, sociologia, psicologia,
antropologia. Não dá para fazer campanhas por insight. “Ah, tive um insight
aqui”. Não é assim. Isso talvez tenha valido a pena lá atrás. O marketing
político no Brasil é respeitadíssimo lá fora. Os profissionais daqui são
exportados para fazer campanha lá fora. Por que? Porque levam a sério o
trabalho”, diz.
Para Cauê, o seu principal “produto” deste ano, a figura
pública de Belivaldo Chagas, foi uma mão na roda para o seu trabalho. “A melhor
característica dele é ser o que ele é. É ser como ele é enquanto homem, ser
humano, político. Enquanto gente. Isso é o maior cabedal dele. É o patrimônio
dele”, diz Cauê.
Na comparação com outros candidatos com os quais trabalhou o
marketing político, como Marcelo Déda e Jackson Barreto, Cauê aponta Belivaldo
Chagas como o mais maleável. “Exatamente por ainda estar se construindo, ouviu
mais, entendeu mais, se colocou de forma muito humilde. Não que ele tivesse
atitude de Maria vai com as outras. Não. É um homem de opinião, que pensa, que
reflete, que tem um tirocínio político incrível. Mais do que muita gente pensa
e acha que tem. Mas ele se predispôs, disse assim: “Olhe, estou nessa
empreitada, estou chegando agora, é a primeira vez que estou vivendo esse tipo
de coisa, vou deixar””, diz Cauê.
Carlos Cauê era um menino de 19 anos quando pôs os pés em
Aracaju em 1980. Não era uma ave de arribaçã, como alguns jovens do começo
daquela década, e chegou para uma causa nobre: estudar Engenharia Química na
Universidade Federal de Sergipe.
Trouxe da sua Maceió um invisível cartão de apresentação
para os comunistas sergipanos que, como os demais do Brasil inteiro, viviam no
limbo da clandestinidade - era a ditadura militar ainda que sob seus últimos
suspiros, sob a batuta do general João Batista de Figueiredo.
Foi aí que Cauê conheceu Edvaldo Nogueira, Ilka Bichara,
Álvaro Vilela, Cecília Tavares, José Araújo de Santana e José Carlos Pessoa –
todos imbuídos em alimentar os subterrâneos da resistência do PC do B. Na UFS,
Cauê foi contemporâneo de Marcelo Déda, que fazia Direito, e se envolveu na
política estudantil, presidindo o Caleq - Centro Acadêmico Livre de Engenharia
Química - e o DCE - Diretório Central da UFS.
O seu berço é Maceió, capital alagoana.
Mas a capital
sergipana o adotou como filho: ele foi aos prantos
No quinto período, Carlos Cauê saltou fora do curso de
Engenharia Química.
O publicitário e o marqueteiro político nascem
acidentalmente das sobras da campanha de 1988: pela madrugada, quando restava
livre a câmera da Nossa Agência que acompanhava o candidato a prefeito Paixão,
Cauê aproveitava para fazer os takes do candidato a vereador Edvaldo Nogueira,
seu amigo.
Até que Wellington Paixão viu o trabalho dele e exigiu de
Jorgeval Porto, dono da Nossa Agência, que aquele menino lhe acompanhasse.
Assim foi feito.
Passada a campanha e Paixão eleito, Jorgeval contratou Cauê
como publicitário.
Nesta entrevista, Carlos Cauê, que já foi secretário de
Estado e da Prefeitura de Aracaju, fala dos seus, aqueles para quem atua
politicamente, e dos do outro lado. Emite conceitos duros sobre os Valadares e
diz é que um assalariado que não pode se dar ao luxo de ficar um ano sem
trabalhar vivendo do que ganhou de uma campanha - que, ele, naturalmente, não
revela o quanto.
Caros Cauê é irmão de mais sete, com os quais nutre uma
relação muito afetiva, e é um babão de Fernanda Rabelo, a filha de 27 anos,
formada em Marketing numa faculdade de Sergipe e que se casa no dia 16, a
próxima sexta.
A entrevista com ele está bem mais do que recomendável.
Continue...
É um babão de Fernanda Rabelo, a filha de 27 anos
Texto e imagens reproduzidos do site: jlpolitica.com.br
Continue lendo, clicando no link (encurtado) abaixo
Nenhum comentário:
Postar um comentário