Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Publicado originalmente no site do CINFORM, em 4 de fevereiro de 2019
EDITORIAL: Um espetáculo grotesco
Da Redação
Pega! Retire-se! Canalha! Usurpador! Desça e venha buscar!
Gritos, empurrões!
Não – caro leitor ou querida leitora – não foi briga de
torcida no campo de futebol; não foi briga de cachaceiros na porta do cabaré;
tampouco foi intriga de bêbados no bar da esquina.
Essa baixaria foi promovida pelo egrégio colégio de
senadores da República, enquanto o palco foi o outrora altivo Congresso
Nacional. O objeto que motivou a trama também não foi uma disputa pela puta
mais bonita da zona, foi o cargo litúrgico de presidente do Senado, o 4º mais
importante na combalida hierarquia do País.
Perplexos, telespectadores demoravam a assimilar exatamente
o que ocorria, entre risos cínicos de alguns senadores, que se alternavam com
outros sardônicos ou odiosamente retorcidos, gritos aos microfones, dedos em
riste pra lá e pra cá… uma verdadeira desgraça.
O que esperar desse nobre colegiado, que consome bilhões de
reais do Erário, quando se sabe exatamente o que está em jogo? Daqueles que se
digladiam com tanta ferocidade, contam-se nos dedos de uma mão alguns que
estejam, de fato, alinhados com os anseios da população espoliada por essa
mesma classe política.
O que salta aos olhos é o interesse de blindar canalhas que
vivem de sugar os ativos do Estado, com objetivos escancarados de se
perpetuarem no poder, eles próprios e os seus apaniguados.
Nos meandros deste fim de semana tão conturbado, em que até
o Supremo foi convocado na madrugada, para somar esforços, esboçou-se um traço
de reação, de resistência, ainda que isso não determine mudanças no comportamento
do Congresso, mas, pelo menos, renovam-se as esperanças pela troca de velhos e
carcomidos nomes, que mais pontuavam nas crônicas policiais do que na lavra da
boa política.
Essas hienas escancaram os dentes rindo da virtude e da
honra, são seres das trevas, acostumados à lama da corrupção, essa mesma que
dizimou mais de 300 vidas em Brumadinho, vítimas que foram, ninguém duvide,
primeiramente desses parlamentares furtivos, que camuflam processos, e que
fazem isso em troca de milhões desviados da produção, utilizando-os para
alimentar a roda da bandidagem que assola o Brasil. Os sinos dobram pelos
mortos da barragem, enquanto congressistas fazem a única coisa que fazem bem:
brigam por mais poder.
Texto e imagem reproduzidos do site: cinform.com.br
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