sexta-feira, 20 de setembro de 2024

'Repelindo cadeiradas', por Odilon Machado


Imagem (Reprodução/Band) postada pelo blog 'Ideias & Lideranças', para simples ilustração do presente artigo.

Artigo publicado originalmente no blog INFONET, de 19 de setembro de 2024 

Repelindo cadeiradas.
Por Odilon Machado (blog Infonet)

Volto ao tema da disputa para a Prefeitura de São Paulo capital, porque virou debate nacional.

Esperava-se que houvesse na Paulicéia um desvairado confronto entre os apaniguados de Lula, o Presidente petista, hoje representado pelo Psolista, Guilherme Boulos, e aqueles que bem ou mal seguem pelas ruas o Ex-Presidente mais-amado do Brasil: o “capitão-de-pijama”, Jair Messias Bolsonaro, que, filiado à liberal sigla, PSL, embandeirado está com o inexpressivo candidato a reeleição, o Prefeito Ricardo Nunes.

Ninguém esperava que na competição cedo amanhecida, ocorreria algo de novo na paulistana contenda, mesmo porque os outros candidatos: o apresentador de vasto Ibope, José Luis Datena, e a terna garota, Tábata Amaral, não ensejavam polarização por surpresa.

Todavia, a surpresa veio.

O candidato Pablo Marçal, um coach ou “ex-coach”, assim aviltado e desprezado, inscrito num partido nanico, o PRTB do baixinho bigodudo, Levy Fidelix, folclórico defensor do aero trem em campanhas presidenciais bisonhas, justo no menor partido  entre todos concorrentes, sem tempo algum na TV e nenhum programa eleitoral, dito gratuito; candidato desprovido de um padrinho e lutando, em duelo contra tudo e todos com as próprias mãos e dedos sozinho, como ninguém o pensaria ter qualquer chance de angariar meia dezena de votos…

E contra a velha imprensa, inclusive, sempre isolado e escanteado, em abundante desarrimo, só com as armas do seu existir, somente…

Armas, com as quais no seu dizer, vencera a pobreza e conseguira acrescer vasto patrimônio, em fortuna de bilhões e não milhões, segundo o seu agir exposto ao Sol e em treva ao desabrigo, e sem negar os seus erros próprios, juvenis cometidos, enodoando-o para sempre, até por condenações exaradas e prolatadas em seu desfavor…

Condenações que lhe não restaram, por final, transitadas em julgado, porque a justiça é assim, lenta, imprecisa e pouco acreditada,,,

E o tempo lhe conferiu a prescrição da pena, por inimputabilidade do erro menor cometido, algo que em política nunca o irá, jamais, perdoar, embora a outros bem caiba a alforria, por “des-condenação”, em figura nova, do filigrano argumento processual, só por estranha troca de destino, em patranho desfecho sem nenhum desafino denunciado.

Em outras vias e em bom ou mal desatinos, a presença de Pablo Marçal tem sido amplamente denunciada porque tem colocado, completamente zonzos, todos os demais candidatos, aí incluídos os seus torcedores espalhados e desarrimados Brasil a fora, e São Paulo, dentro e fora, derrubando-os todos nos argumentos das suas ideias expostas, sendo rápido, objetivo e certeiro, despertando-lhes o umbigo real de cada um, tirando-os do sério, e os desmascarando.

Nos seus embates, Marçal vem utilizando comparações nunca ilícitas, mas jocosas e xistosas  em apelidos recorrentes, como o do “bananinha”, ao Prefeito Nunes, por sua administração inócua e inoperante, o da candidata, nada angelical, Tábata Amaral, chamando-a pejorativamente de “chatábata”, e desfigurando-a como mocinha em inocente pose de  açucena…

E até zurrar a cena contracenando e trocando o nome de Boulos, por “Boules”, ironizando-o enquanto “comedor de açúcar”, insinuando-lhe, dele simpatia pela liberação do consumo de drogas e o seu cultuar tribal, por linguagem neutra Woke, em vasto desprezo e menosprezo aos “filhes dessa terre” no hino pátrio varonil mal cantado; sem falar que por final, tem roubado pior a cena do volumoso Datena”, que em gestos vis e incivis, e dando pena, perdeu a força do argumento, preferindo a grosseria de partir para as vias de fato, com cadeira e tudo, no cenário se armando, ressuscitando o seu orangotango interior; por King Kong enfurecido, a quem não vale qualquer arrazoado.

E neste mal aquinhoado, eu bem poderia parar por aqui, afinal a cadeirada desferida pelo Datena foi louvada e bem advinda até nesse meu esquadrinho onde vagueiam os meus parcos leitores…

Porque é bem comum a ira do vulgo quando lhes despertamos da ignorância onde hibernam, e das pocilgas onde se refestelam…

Daí os muitos gorilas escondidos e mal despertados como Datena, cujo ato foi louvado igual à facada sem êxito no Bolsonaro e até o balaço mal apontado na orelha de Trump.

E como tem sido infeliz o desfecho até agora, alguns já temem a eleição perdida e já querem aproveitar a cadeirada para eliminar o Marçal dos próximos embates.

Quanto a mim, sem fama ou auriflama, alguns me querem cercear, só porque os meus escritos, tolos escritos!, os incomodam também.

Querem cerceá-los, é verdade!

Mas toda quinta, essa gente vem me seguir como ursos sedentos ao  mel.

Teriam os meus “textos de quinta”, algum atrativo canabis, que os prende a tantos como hidromel, espécie de marijuana, enquanto droga de tanta dependência, para fruí-los toda semana?

Se é ou não, não me lancem cadeiradas!

Texto reprodduzido do site: infonet com br/blogs/odilonmachado

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

Não é só esquerda contra direita, é uma luta global entre política e redes

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 8 de setembro de 2024

Não é só esquerda contra direita, é uma luta global entre política e redes sociais.

A política já tinha domado a mídia tradicional, mas as redes sociais mudaram tudo, dispersaram a informação e desmascararam muitas mentiras, narrativas e manipulações. Adriano Gianturco para a Gazeta do Povo:

Pavel Durov, dono do Telegram, foi preso na França. Na Rússia ele estaria bem mais tranquilo, pois o aplicativo é usado por parte das Forças Armadas russas, e ele deve saber muitas coisas. A França proibiu temporariamente o TikTok na Nova Caledônia, porque a rede social estava sendo usada por movimentos independentistas. Recentemente, o ditador Nicolás Maduro entrou em uma disputa com Elon Musk e até o desafiou para uma briga física mesmo. Existe até um episódio de um desenho animado em que Maduro é um super-herói, no qual o Super Bigode manda o magnata para o espaço.

Nos Estados Unidos, Mark Zuckerberg admitiu ter censurado conteúdos sobre a pandemia e o escândalo do laptop de Hunter Biden. Até o perfil do então presidente Donald Trump foi suspenso pelo Twitter, e só voltou depois que a rede social foi comprada por Elon Musk. Tanto nos EUA quanto no Brasil e (ainda mais) na China, viajantes são ou foram questionados no aeroporto, ao entrar no país, sobre publicações de anos atrás nas redes sociais.

No Reino Unido, também estão prendendo gente por publicações em redes sociais, em alguns casos porque de fato incitam a violência física (o que é já normalmente proibido no mundo inteiro), mas, em outros, por opiniões ou informações erradas. Na Rússia, várias pessoas foram presas por se manifestar contra a guerra na Ucrânia, enquanto outros fugiram para o exílio. A última ditadura da Europa, a Belarus, proibiu vários canais de Telegram durante as eleições. Na Turquia, já bloquearam o Instagram e, várias vezes, o Ekşi Sözlük (uma plataforma muito usada no país, similar ao Reddit), porque o povo estava criticando a atuação do Estado depois do terremoto de 2023.

Rússia, China, Myanmar, Venezuela, Turcomenistão e Brasil proíbem o Twitter/X – isso para não nem falar de China e Coreia do Norte... O Brasil lidera: por aqui perfis e contas correntes são bloqueados, passaportes são apreendidos e pessoas são presas. Já houve pedido para pegar os dados de todos aqueles que seguiam o então presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. Agora, o governo quer criar um “WhatsApp brasileiro” para uso de políticos, juízes, militares e burocratas vários, para não passar informações a outros.

Muitos jornalistas e ativistas fogem. A Rússia hospedou Julian Assange e Edward Snowden, fugidos dos EUA, e agora convida críticos da cultura woke que estão sendo reprimidos pelos norte-americanos, que por sua vez hospedam exilados brasileiros. Fugas recíprocas! Do exterior, as pessoas podem falar mais livremente e são usadas como armas contra o outro país.

China e Rússia alegam que WhatsApp, X e Meta passam informações para os EUA. Os EUA alegam que o TikTok repassa dados para a China (e por isso querem banir o aplicativo). As potências se acusam reciprocamente de financiar influenciadores para manipular a opinião pública, e as acusações são sempre as mesmas: extremismo, terrorismo, revelação de segredos de Estado, falta de transparência, segurança nacional, críticas às instituições, fake news, discurso de ódio, ingerência estrangeira na soberania nacional, anonimato, incitação à violência etc.

Parece apenas uma luta contra a direita, já que os perfis cancelados são majoritariamente desse lado. Mas o que ocorre é mais profundo: é uma luta global da velha política contra as redes sociais, uma luta pela informação.

A política já tinha domado a mídia tradicional, mas as redes sociais mudaram tudo, dispersaram a informação e desmascararam muitas mentiras, narrativas e manipulações. A política reagiu, regulamentando as redes sociais com as iniciativas de não neutralidade da rede, de leis como o Stop Online Piracy Act (Sopa) a iniciativas como o Humaniza Redes. É o que o historiador Niall Ferguson chama de “hierarquias contra networks” – mas as hierarquias políticas não agem só no nível doméstico; elas aprenderam a criar networks internacionais. Assange e os “Panama papers” mostram algumas dessas várias articulações da elite global.

Na Primavera Árabe, as redes sociais ajudaram as pessoas a se organizar, a ponto de essa onda ter sido também chamada de “revolução de Facebook”. Mas, depois, Tunísia, Líbia, Síria, Egito etc. conseguiram usar as mesmas big techs para censurar e prender os opositores. É isso que querem. Nossa época, entre outras coisas, será lembrada por essa luta. Quem vencerá? Veremos.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Datena agride Pablo Marçal com cadeirada durante debate em São Paulo

Crédito da foto: Reprodução TV Cultura/SP.

Texto publicado originalmente no site G1 GLOBO, em 15 de setembro de 2024 

Datena agride Pablo Marçal com cadeirada durante debate em São Paulo

Agressão aconteceu durante o debate da TV Cultura, na noite deste domingo (15). Datena foi expulso do encontro, enquanto Marçal foi levado para o hospital. Boletim médico ainda não foi divulgado.

Por Wesley Bischoff, Carlos Henrique Dias, g1 — São Paulo

Datena agride Pablo Marçal durante debate em São Paulo

José Luiz Datena (PSDB) agrediu Pablo Marçal (PRTB) com uma cadeirada durante um debate com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, neste domingo (15). O encontro, organizado pela TV Cultura, foi temporariamente interrompido após o incidente.

Marçal foi levado para o Hospital Sírio-Libanês e, segundo a equipe dele, sofreu uma fratura na costela. O Hospital, entretanto, ainda não divulgou boletim médico.

A agressão aconteceu depois que Pablo Marçal fez uma pergunta para Datena. O candidato do PRTB perguntou ao apresentador quando ele pararia com a "palhaçada" e desistiria da candidatura. Antes, ele havia citado uma denúncia de assédio sexual contra Datena.

"A gente quer saber que horas você vai parar, já abandonou entrevista chorando. Você que é um cara que só fala quando tem uma televisãozinha escrevendo ali. Que horas o Datena vai parar com essa palhaçada que ele tá fazendo aqui?", disse.

Datena disse que Marçal estava fazendo acusações e calúnias contra ele. O apresentador chamou Marçal de "bandidinho".

"A acusação que você fez sobre mim eu já, repito, não foi investigada porque não havia provas. Foi arquivada pelo Ministério Público", disse. "O que você fez comigo hoje foi terrível. Espero que Deus lhe perdoe. Você me pediu perdão anteontem. Eu te perdoei."

Na réplica, Marçal disse que Datena não sabia o que estava fazendo no debate e o chamou de "arregão". Ele disse que Datena queria agredi-lo no debate da TV Gazeta, em 8 de setembro.

"Você não respondeu à pergunta. A gente quer saber. Você é um arregão. Você atravessou o debate esses dias para me dar tapa e falou que você queria ter feito. Você não é homem nem para fazer isso. Você não é homem,” afirmou Marçal.

Na sequência, Datena agrediu Pablo Marçal com uma cadeira. O programa foi interrompido.

Um vídeo publicado no Instagram da jornalista Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo, mostra os momentos seguintes à agressão. As imagens registraram Datena e Marçal sendo separados e trocando ofensas. Marçal, então, voltou ao púlpito.

"A decisão da televisão foi expulsar o candidato Datena do debate, conforme estava previsto no regulamento assinado e aceito por todos", disse.

Leão Serva afirmou que Marçal abandonou o debate para buscar atendimento de saúde, já que não estava se sentindo bem. Ainda segundo o moderador, o candidato também receberia uma advertência da organização por ter agredido verbalmente Datena.

O programa continuou com a presença dos demais candidatos. Em nota, a TV Cultura lamentou o ocorrido. Leia o comunicado na íntegra no fim da reportagem.

Marçal no hospital

A equipe de Pablo Marçal afirmou que o candidato foi encaminhado para o Hospital Sírio Libanês. Ele fraturou uma costela e deve passar a madrugada desta segunda-feira (16) em observação.

O hospital ainda não divulgou boletim médico com detalhes sobre o estado de saúde do candidato.

"Pablo Marçal está ferido, com suspeita de fraturas na região torácica e muita dificuldade para respirar. Esperamos que as medidas judiciais cabíveis sejam tomadas."

A equipe informou ainda que Marçal foi medicado e passou por exames, incluindo uma tomografia. Além disso, um advogado do candidato foi até a Polícia Civil registrar um boletim de ocorrência contra Datena.

A agenda de campanha para esta segunda-feira foi cancelada.

O que diz Datena

Datena comentou sobre o caso na saída do debate e afirmou que "perdeu a cabeça" ao lembrar da morte da sogra por AVCs depois de uma denúncia de suposto assédio sexual contra ele.

"Eu não escolho momento da emoção. Eu sou um cara de verdade. Eu lembrei da minha sogra morrendo ali nos braços da minha mulher e depois de passar por tudo aquilo que eu passei e trabalhando todo dia na televisão me defendendo no foro adequado, com processo arquivado no foro adequado, foram os piores momentos que passei da minha vida", disse.

"Podia simplesmente ter saído do debate e ido embora pra casa, que era muito melhor. Mas do mesmo jeito que eu choro, como uma reação humana, essa foi uma reação humana que eu não pude conter."

"E tenho certeza que minha sogra morreu por causa disso, porque foi em um momento que ela ouviu que havia esse processo e ela teve o primeiro AVC logo em seguida. Eu senti tudo isso voltar na minha cabeça e, na verdade, eu não pude me conter. Tô errado? Tô. Mas fazer o que? Já foi", afirmou.

Nota da TV Cultura

"A TV Cultura lamenta o episódio ocorrido durante o Debate com candidatos à Prefeitura de São Paulo, neste domingo (15/9), envolvendo os candidatos José Luiz Datena (PSDB) e Pablo Marçal (PRTB).

A emissora reitera que, após a agressão, todas as providências foram tomadas, de acordo com as regras estabelecidas previamente - por escrito, entre a Cultura e as campanhas de todos os candidatos presentes -, incluindo a expulsão do candidato José Luiz Datena. Além disso, o Debate foi mantido mediante consulta e concordância dos demais candidatos.

Durante o ocorrido, todas as medidas, incluindo relacionadas à cobertura da imprensa, foram tomadas visando a segurança dos presentes no Teatro B32 e em consonância às regras deliberadas anteriormente."

Texto reproduzido do site: g1 globo com/sp/sao-paulo/eleicoes/2024

sábado, 14 de setembro de 2024

Como Pablo fez sua fortuna? | Ponto de Partida


Como Pablo fez sua fortuna? | Ponto de Partida, em 30/08/2024.
Por Pedro Dória, do Meio.
A extrema direita acredita, porque é isso que seus líderes dizem, que a democracia brasileira é um jogo viciado pronto para evitar que os “lideres do povo” cheguem ao poder. Com Bolsonaro cassado, a rede X potencialmente bloqueada e se Pablo for cassado por uma razão que as pessoas têm dificuldade de compreender, vai ser difícil convencê-las do contrário. As decisões, que parecem querer atingir a extrema direita, acabam a reforçando. E, ainda assim, não se pode deixar de fazer uma pergunta essencial. Como Pablo Marçal fez sua fortuna?

Texto e vídeo reproduzidos do site www youtube com

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Pane na esquerda

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 13 de setembro de 2024

Pane na esquerda

Por onde quer que se olhe, a história é horrível. Ela aponta para um emaranhado de hipocrisias da esquerda e, de maneira mais específica, dos pontas de lança da política identitária dentro do governo. Carlos Graieb e Wilson LIma para a Crusoé:

Nas próximas duas semanas, senadores e deputados de oposição devem levar a votação requerimentos para que a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco vá prestar esclarecimentos sobre as acusações de assédio sexual que levaram à demissão de seu colega Silvio Almeida, que ocupou a pasta de Direitos Humanos até o dia 6 de setembro.

Entre as dúvidas, está o motivo de Anielle não haver formalizado nenhuma denúncia a órgãos de controle, como a Comissão de Ética Pública.

A história só veio à tona porque a Me Too Brasil, uma ONG que se dedica a expor casos de violência sexual contra mulheres, divulgou na noite de 5 de setembro um comunicado que apontava Almeida como responsável por vários casos de assédio. Segundo o site Metrópoles, que primeiro noticiou a história, Anielle era uma das vítimas.

A questão que os parlamentares querem ver respondida é bastante pertinente. Afinal, segundo a Me Too Brasil, a dificuldade de encontrar canais para fazer a denúncia foi uma das razões por que as vítimas procuraram a entidade.

“Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional para a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, diz o comunicado da ONG.

No caso específico da ministra, essa “dificuldade em obter apoio institucional” pode significar que o próprio presidente Lula, ou fez pouco de relatos sobre o comportamento de Almeida, ou tentou esconder o caso. Anielle havia mencionado os episódios de assédio para outros integrantes do governo. Segundo apurou Crusoé, desde julho, pelo menos, denúncias contra Almeida circulavam no Planalto. O diretor-geral da PF Andrei Rodrigues, bastante próximo de Lula, estava ciente do problema.

Esse é outro flanco que a oposição já começou a explorar. Quer que a Procuradoria-Geral da República, PGR, investigue se o presidente prevaricou, ou seja, deixou de agir mesmo sabendo da ocorrência de um possível crime.

Mas há uma outra possibilidade. A própria Anielle deixou de formalizar uma denúncia porque não queria causar dificuldades para o governo. E, apesar de ter recorrido ao Me Too Brasil, recusou-se a fazer comentários públicos sobre o assunto pela mesma razão. Isso é o que dizem em Brasília aliados de Anielle.

Esse é um caminho de defesa que o próprio Sílvio Almeida pretende explorar. Segundo ele, se Anielle não procurou oficialmente a Comissão de Ética Pública, é porque não tinha nada de concreto contra ele. A ministra estaria mentindo.

Almeida negou veementemente todas as acusações de assédio. Diz que nunca fez nada do tipo. E também acionou a PGR, alegando que foi vítima de denunciação caluniosa, um crime previsto no artigo 339 do Código Penal.

Por onde quer que se olhe, a história é horrível. Ela aponta para um emaranhado de hipocrisias da esquerda e, de maneira mais específica, dos pontas de lança da política identitária dentro do governo.

Na sua posse, em 1º de janeiro de 2023, Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto com um grupo de pessoas que representavam a “diversidade” – mulher, criança, gay, indígena, velho. Não faltou nem mesmo um cãozinho vira-lata.

Muito bom como propaganda, mas diante do teste concreto representado pelo caso Silvio Almeida, o petista falhou. Só agiu depois que a história veio à tona – e então correu atrás do prejuízo, consumando a demissão do ministro em menos de 24 horas.

A desculpa de que não fez nada antes porque temia cometer uma injustiça contra o ministro não se sustenta, pois Lula nem sequer chegou a pôr em movimento as engrenagens que poderiam trazer a verdade à tona, inclusive inocentando o homem negro acusado de assédio sexual.

Cabe perguntar por quanto tempo a ferida continuaria supurando no interior do seu governo, caso não houvesse a denúncia do Me Too Brasil. Até quando o presidente da “diversidade” e das “minorias” continuaria convivendo com um caso de possível violência contra uma mulher que integra seu gabinete?

Se fosse qualquer outro presidente, de direita ou mesmo de centro, talvez uma feminista houvesse erguido a voz para denunciar o “machismo estrutural” revelado pela hesitação. Isso não aconteceu com Lula.

Pode-se dizer que o presidente agiu como típico político: não importa o que diga em público sobre valores e princípios, na hora que eles se chocam com o desejo de abafar um escândalo, é sempre isso o que prevalece.

Aliás, o mesmo vale para Anielle Franco, pelo que se sabe até agora. Ela não evitou levar o caso à “compliance” do Palácio do Planalto por estar “digerindo a dor no seu próprio tempo”, ou qualquer coisa do tipo. Fez isso, segundo afirmou a diversas pessoas, para “não causar dificuldades ao governo”.

Tanto Lula quanto Anielle demoraram a tomar a decisão correta – segundo a própria lógica de defesa das minorias que alardeiam – porque estavam preocupados com a preservação do poder. Hipocrisia número um.

Quanto a Silvio Almeida, sua primeira reação quando as acusações contra ele chegaram a imprensa foi recorrer a cartadas clássicas do identitarismo: vitimizou-se e correu a se esconder atrás da raça negra.

“Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro”, disse ele em um vídeo gravado na noite de 5 de setembro.

É digno de nota o uso do plural (“nossas existências”), do coletivo (“o povo brasileiro”) e dos conceitos abstratos (“a pauta de direitos humanos”, “a igualdade racial”). Como todo autodeclarado heroi da política identitária, Almeida julga encarnar todas essas coisas grandiosas. Desconsidera a hipótese de que seja apenas o seu comportamento e a sua responsabilidade individual que estejam sob escrutínio.

Também é digno de nota que Almeida não tenha hesitado um instante sequer em usar a estrutura da pasta dos Direitos Humanos para divulgar seu vídeo. E que no dia seguinte tenha pressionado seus funcionários a apoiá-lo em público. O ministro parecia imaginar que era o próprio ministério.

As denúncias contra Almeida não se limitam às apresentadas pelo Me Too Brasil. Antes mesmo de ele ser demitido, na tarde de 6 de setembro, a gestora pública Isabel Rodrigues, atualmente candidata a vereadora em Santo André (SP) pelo PSB, divulgou um vídeo em que conta ter tido as suas “partes íntimas” tocadas por Almeida durante um almoço em que várias outras pessoas estavam presentes.

Na quarta-feira, 11, uma ex-aluna declarou numa entrevista ter sofrido assédio em 2009, quando o agora ex-ministro integrou sua banca de avaliação na Faculdade São Judas Tadeu.

Nesta quinta, 12, um ex-diretor do ministério dos Direitos Humanos, o sociólogo Leonardo Pinho, narrou episódios de assédio moral ao longo de 2023, com gritos, humilhações e ameaças que teriam sido dirigidas a ele pelo então chefe.

É claro que Silvio Almeida precisa ter o direito de se defender. E terá.

A PF abriu inquérito para apurar as denúncias de assédio. De forma inédita, nem mesmo o nome da delegada responsável pela investigação foi divulgado – segundo Andrei Rodrigues, para preservá-la de interferências e até de eventuais atos de intimidação.

A expectativa é que essa investigação dure pelo menos 90 dias. Por cautela, a PF já questionou o STF se o caso pode tramitar em primeira instância ou se Almeida ainda deteria o foro privilegiado, já que a abertura do inquérito ocorreu pouco antes de sua exoneração.

Na terça-feira, 10, a PF tomou o primeiro depoimento de uma das supostas vítimas, cujo nome foi mantido em sigilo. A ministra de Igualdade Racial ainda será ouvida.

Os policiais também vão solicitar a quebra de sigilo telemático do agora ex-ministro, que deve prestar depoimento, a princípio, na semana que vem.

Em âmbito administrativo, o caso finalmente entrou na mira da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, da Controladoria-Geral da União, CGU, e da Advocacia-Geral da União, AGU.

A Comissão de Ética Pública abriu procedimento disciplinar e o ex-ministro terá até quarta-feira, 17, para apresentar a sua defesa. Apesar de ele não fazer mais parte da Esplanada dos Ministérios, o órgão pode determinar uma “censura ética”, impedindo que ele seja nomeado para cargos federais por pelo menos dois anos.

Anielle Franco já foi ouvida na CGU. A expectativa é que o caso tramite por lá por pelo menos seis meses. O órgão pode emitir recomendações de não contratação do ex-ministro, caso ele seja considerado culpado.

Há um último aspecto infeliz nessa história.

Para substituir Silvio Almeida no ministério dos Direitos Humanos, Lula escolheu a educadora mineira Macaé Evaristo. Mulher, negra e petista, ela atende com louvor aos requisitos da política identitária.

Mas a ministra também chega à Esplanada como ré em um processo de improbidade administrativa. Como secretária municipal de Educação em Belo Horizonte, em 2011, ela é suspeita de ter adquirido uniformes escolares superfaturados – e ainda por cima de uma empresa que estava proibida de contratar com o setor público. Isso teria causado um prejuízo de 3,15 milhões de reais à prefeitura da capital mineira.

Há outro episódio semelhante na trajetória de Macaé Evaristo – uma compra superfaturada de carteiras escolares. Ela se livrou desse processo assinando um acordo com o Ministério Público e pagando uma multa de 10,5 mil reais, o equivalente a um mês do salário que recebia como secretária municipal.

Assim como no caso do ministro Juscelino Filho (União-MA), indiciado pela PF por corrupção, Lula não parece incomodado com essas manchas no currículo da nova auxiliar. Sua tolerância com quem atenta contra os cofres públicos parece ser infinita.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

O fenômeno Pablo Marçal, por Odilon Machado

Imagem postada pelo blog, para simples ilustração do presente artigo. 
 (Crédito da foto: Reprodução/Instagram).

Texto de artigo compartilhado do site INFONET/BLOGS, de 12 de setembro de 2024 

O fenômeno Pablo Marçal.
Por Odilon Machado (blog infonet)

 Analisando o que vem sendo noticiado em prévias eleitorais municipais, o grande fenômeno vem da “Paulicéia Desvairada”.

É o fenômeno Pablo Marçal, alguém que se afirma filho de uma faxineira e de um servidor público, um barnabé ou um bagrinho, por origem humilde, que na pobreza foi explorado, onde ali foi envolvido no crime, muito jovem, quase menino, acusado e condenado, indefeso e à revelia, não cumprindo cadeia, porque seu processo jamais transitou em julgado, sendo por isso alforriado, em razão de ser seu erro menor, e pelo tempo que seguiu, atingindo a prescrição, e com ela a perda de valia.

Em termos de Brasil, a imprensa que aos males bem se serve, em razia e comprazia, demoniza a alforria que abomina, mas dissemina em boa gesta a má ingesta de engolir sem mesmo “enguiar” qualquer “descondenaçao”, palavra nova, no léxico e na dislexia proferida, do que seria vindo e bem-vindo na coisa julgada e melhor proferida.

Como a imprensa vive desse contumaz consumo peçonhento e venenoso de falar pior da vida de alguém, que não seja ninguém, o Marçal que era um Zé-ninguém deixou de sê-lo, e vem agora como candidato a Prefeito da Paulicéia sendo caçado por todo tipo de arapuca, justo ele que em meio a tantos, uma dezena de postulantes pelo que creio, nenhuma atenção iria despertar se lhe não ousassem atalhar, errando o alvo e a rota da pontaria.

E o resultado salta aos olhos e desperta ampla observação nesta ferramenta nova, as “redes sociais”, diante de quem a velha imprensa e sua ampla gama de beletristas e deformadores de opinião vem perdendo, aos milhares de milhões, em adeptos e leitores.

Como está ainda difícil conter a enxurrada de “likes”, por mãozinhas toscas espraiadas e crescentes, aos terabytes extensivos, eis o “coach” ou “ex-coach” execrado pela imprensa ultrapassada, quando toda e qualquer profissão bem exercida deveria ser condignamente tratada e respeitada; do lixeiro ao engenheiro; do enfermeiro ao esculápio; do confeiteiro ao que bola o cardápio; do cuca mestre cozinheiro, ao seu copeiro, lava-louças que tudo arruma, etc…

E quanto mais ao que se apruma, sem verruma, nônio ou tenaz, nas novas profissões surgidas, e a viger, em velocidades da luz, digitais, assomadas, por boolianas álgebras aplicadas à vida sempre desafiada em inspiração e criação?

Que o diga, portanto, a modernidade sempre criativa, sepultando o ontem e despertando o amanhã, com os cemitérios sequiosos de insubstituíveis!

Insubstituível sempre em equívoco, eis que se vê na imprensa um temor por mudança, porque se alguma mutação advier um dia, é preciso que seja aceita de Dom Tommaso de Lampedusa, a sua velha máxima garibaldina: “é preciso tudo alterar para restar igual”.

Igual em todo lugar, e aqui também  o que não pretendo falar, porque não há santos entre os que denunciam os gastos de campanha, em levas de porta-bandeiras pelas nossas ruas espalhadas.

Sem bandeiras nem siglas outras afortunadas, o que se vê na campanha política de São Paulo é que a imprensa perdendo leitores e sem ver o tempo no seu entorno mudar, tomou partido contra o candidato Pablo Marçal, justo porque se dizia da direita, objeto fulcral a combater, já que a esquerda, qualquer dela, é bem-vinda, mundo a fora…

Nesse sentido comum aflorado, vale referir o aforismo gaulês, atribuído a Simone de Beauvoir, aquela mulher de bom gosto, por namorar Jean Paul Sartre e louvando-se a si mesma, contemplando-se qual Narciso em espelho, e a seus companheiros de fé no mesmo esguelho:  “La gauche incarne le parti de la vérité et du bien ; elle a selon elle l’avenir de son côté : changer la société est sa « mission » presque religieuse” (A esquerda incarna o partido da verdade e do bem; somente ela tem o futuro a seu lado: mudar a sociedade é sua ‘missão’ quase religiosa).

Nesse contexto, por não ter tal missão; “presque religieuse”, ou tida como religiosa e quase salvífica, não no além, mas no aquém da terra nostra dos carentes de vinténs, a esquerda é a eterna missionária, enquanto à direita, e no seu além e aquém, bem caberiam todos os tipos de gente, dos criminosos aos perigosos, aí incluídos “os incapazes e os capazes de tudo”, excelente dístico para abarcar por desavinhes, ampla companheirada que bem se nutre nas tetas do Estado: acoimada!

Por ser assim e por ser afim, menos sectária, a direita seria cínica, o que seria bem pior e mereceria bem combater, o que aconteceu com Pablo Marçal obtendo da imprensa um cerco, tão terrível, quão impensável, e que restou roto e inútil, porque a arapuca só serviu para realçar o valor do candidato, que sem tempo de TV, sem sigla a se escudar, sem ter o Presidente Lula por padrinho, sem ter o Governador Tarcísio de Freitas como bom arminho, sem ter o Bolsonaro em bom carinho, nem reter a máquina pública da maior Prefeitura, a de São Paulo, sem qualquer quentura ou doutas juras a exarar, tudo valia combater e caçá-lo no puçá, coifo ou tarrafa.

Caçá-lo de todo jeito porque nenhuma jura o vira tão ousado, sozinho, um louco desvairado  em peito-aberto e desalinho, pousando de gladiador inerme na raia, mais-que-maluco a dar rabo-de-arraia, a quem se lhe arrevessasse à frente, como se fora um insurgente mal indigente, um sujeito inteligente, jamais reconhecido, a desbastar vasta sega de mediana, por medíocre grande imprensa, assaz extrema!

Como poderia este “coach”, justo daquilo que à tipografia tanto incomoda, encarnar um candidato que ninguém conhecia, nem sabia, alguém que virara um grande empresário, sem lograr o fisco, ao que parece, e sem medo do Leão da Receita Federal, a quem todos temem, mais que a Deus, como eterno julgador, porque sem perdão, nem suprema clemência, a tudo e todos fareja, rosna e vigia, vendo maior em nós, por eterno erro, sem perdão nem absolvição, a nossa sempre eterna, maior falta criminal: a inadimplência?

Tratar-se-ia de um aventureiro?

Pelo menos, dizem-no assim ainda os que não o voejam em coragem, galhardia e inteligência, esgrimindo a tantos quantos lhe ataquem em solércia e ausência de nobreza…

Ah, a nobreza! Quanta superioridade sendo desbancada na rasteira mal desferida!

Quem diria que tanto bom jornalista seria posto ao rés da rinha, pala superioridade comezinha de um coachmenosprezado ou “ex-coach”, pior desprezado, quando toda atividade útil lhe deveria ser valorada, e respeitada!, sobretudo no contexto das novas profissões surgidas e a vir a luz!

Nunca ninguém esperaria que em tanta ausência de luz, e sujando tanto o poleiro, em prosa, verso e tinteiro, iria surgir na rinha e no livre debate das ideias alguém que ensejaria um perigo tão tamanho à liderança de Lula, imbatível Presidente, quanto ao do Mito, Bolsonaro, o inelegível mas aplaudido pelas ruas, para agitar o terreiro, no cenário político brasileiro!

Nunca tantos jornalistas foram engolidos e trucidados em suas versões extremas de militâncias!

Chega! Chame a justiça eleitoral para apear o homem!

Ou então não o mais convoquem para entrevistas e/ou conflito de disputas!

O coach ou “ex-coach”, chame-o como quiserem, está sendo um perigo para os jornalões e seus graduados escalões.

Que o diga, o mais-que-famoso e pouco garboso, Josias de Souza, com sua barba filosofal bem cofiada, e a sua mais-que-brilhante, por protuberante calvície sempre  ilustrada, tudo no pouco desconfio da rasa confiabilidade da estulta Folha de São Paulo, sua patroa, ali explicitada no debate em má coroa como “foice”, e foice, enxadeco ou estrovenga, por arma-branca portada e mal afiada, que em desafio foi bem relembrada, sendo roçados ambos; a foice e a pena, usadas como aljavas, ou cimitarras, na briga e na intriga infiel, mal começada, perdendo os dois, o jornal e seu editor, ficando a graça sem graça apenas, com a jaça digna de pena, na  resposta bem recebida, em firme nobreza e contundência, jamais esperada, por açoite!

Ou seja: a imprensa, por Josias bem mereceu a surra que  recebeu!  Ficando para a História, a repetir-se em rasa glória!

O resto é conversa a se repetir, sobrando até para a Revista Oeste e seu vocalista Adalberto Pioto, soando mais maroto que ignoto, querendo que Marçal um candidato a Prefeito de São Paulo capital, se inserisse no equivocado grito cabedal da inútil  Avenida Paulista que se esgoela, tolamente, digo eu, porque lá não vou, nem aprecio.

O tempo e o vento virão a seu contento, com o feito e o rejeito a perquirir, porque de longe eu fico e contemplo, só sorrindo, por aqui!

Chega!

Texto reproduzido do site: infonet com br/blogs/odilonmachado

terça-feira, 10 de setembro de 2024

O 7 de Setembro expôs o desgaste do populismo de Bolsonaro...

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 9 de setembro de 2024

O 7 de Setembro expôs o desgaste do populismo de Bolsonaro, cada vez menos messias e mais monotemático.

Na era da tiktokização da política, o ex-presidente precisaria reciclar os complôs das elites a enfrentar, criar novas crises políticas e atualizar-se como salvador da pátria. Diogo Schelp para o Estadão:

A pretexto de alavancar candidaturas municipais do seu partido e de aliados, Jair Bolsonaro (PL) dedicou-se nos últimos meses a uma agenda de viagens e eventos com o objetivo de manter acesa a chama do seu capital político e elevar o custo de eventuais condenações na Justiça. Por onde passa, ele confirma sua capacidade de reunir multidões, mas há sinais de desgaste nos fundamentos de sua liderança. Isso ficou claro na manifestação de 7 de Setembro realizada em São Paulo, que reuniu cerca de 45 mil pessoas, bem menos do que as 185 mil que estiveram no ato bolsonarista anterior, em fevereiro deste ano.

Os organizadores acreditaram, erroneamente, que a mobilização ganharia impulso por causa da suspensão da rede social X, ex-Twitter, um semana antes, por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, visto como o algoz da direita bolsonarista e principal alvo dos discursos na Av. Paulista. Eis a provável causa da perda de ânimo das massas pró-Bolsonaro: o ex-presidente tem se mostrado incapaz de renovar a sua retórica populista.

A cada dia que passa, fica mais difícil sustentar sua aura de salvador da pátria, pois o foco passou a ser a busca pela própria anistia em processos criminais e eleitorais. Bolsonaro está na defensiva e tornou-se monotemático. O que ele e seus aliados querem, o impeachment de Moraes pelo Senado, é praticamente impossível de se concretizar, além de ser o desdobramento de uma agenda que se repete desde o início de 2019, ou seja, o embate com o STF. Isso é tudo que ele pode oferecer aos seus seguidores, mais de cinco anos depois?

Bolsonaro é um líder populista, o que significa que ele segue um padrão de como fazer política. Segundo o cientista político irlandês Simon Tormey, especialista no assunto, um populista caracteriza-se por 1) eleger “elites” que supostamente atravancam os interesses do “povo”; 2) investir contra o establishment político, alegadamente em crise; 3) apresentar uma visão redentora para os problemas nacionais; 4) ser carismático; 5) ter uma fala simples, voltada para o confronto. Os três primeiros elementos acima perderam força na retórica de Bolsonaro. Na era da tiktokização da política, ele precisaria reciclar constantemente os complôs das elites a enfrentar, criar novas crises políticas e atualizar-se como messias. Bolsonaro não consegue se reinventar como populista, ainda que o fenômeno social que o alavancou siga firme e forte.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com 

Fala Gabeira - 77⁰ episódio - A Ditadura Venezuelana

Maduro fala grosso: forçou o exílio de González e dá banana para Lula.

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 9 de setembrp de 2024

Maduro fala grosso: forçou o exílio de González e dá banana para Lula.

Cerco policialesco e ilegal à embaixada argentina com seis refugiados sob a proteção ao Brasil mostra que o ditador quer briga. Vilma Gryzinski:

O presidente Lula da Silva costumava dizer uma frase que achava esperta para definir adversários e por causa de seu autor, um cantor especialista em relações exteriores: o Brasil “não fala fino com os Estados Unidos e nem grosso com a Bolívia” A Venezuela conturbou essa visão autocomplacente. O governo Lula fala finíssimo com o companheiro de Nicolás Maduro, na verdade, fala como um cúmplice.

Está descobrindo agora que não adianta querer simular imparcialidade: quem dorme com ditadores, amanhece conspurcado. E sob um arbítrio danado, como foi o cerco à embaixada da Argentina, cuja representação passou para o Brasil, como estabelecem as regras mundiais da diplomacia, depois que Maduro mandou expulsar, em 24 horas, todos os diplomatas argentinos e agregados.

A suspensão do cerco mostra como Maduro se sente livre para intimidar os ex-companheiros do governo brasileiro. Também complica uma eventual saída de seis assessores da vitoriosa mas frustrada campanha liderada por María Corina Machado, quatro homens e duas mulheres, que pediram asilo quando estavam prestes a ser presos pelo regime ditatorial, no qual polícia e justiça fazem o que tirano e seus comparsas mandam.

O governo argentino pediu que o Brasil passasse a representá-lo, principalmente na proteção aos refugiados, um dos fundamentos mundiais da diplomacia. Sem o princípio da inviolabilidade das representações diplomáticas, seus ocupantes passam a potencialmente ser tratados como reféns de um regime de força.

MORTE LENTA

Mandar cortar a energia da embaixada onde agora está hasteada a bandeira brasileira e cercá-la por veículos da Sebin, o serviço de inteligência controlado por agentes cubanos, como aconteceu durante o fim de semana, é uma manifestação de poder e um tapa na cara do governo brasileiro. A suspensão do cerco mostra apenas que Maduro morde e assopra conforme acha conveniente.

Maduro está se sentindo poderoso para fazer isso. Com a força das armas por trás de seu trono manchado de sangue e apoio da Rússia e da China, não existe nada que nenhum país possa fazer para que o resultado eleitoral legítimo seja aceito, mesmo que os Estados Unidos redobrem sanções ou façam pegadinhas como a apreensão do avião presidencial venezuelano na República Dominicana.

Mais ainda: Maduro comemora que Edmundo González tenha pedido asilo político e partido para a Espanha.

É exatamente o que queria. Se prendesse González, como poderia perfeitamente fazer com seu simulacro de justiça, aumentaria a projeção do diplomata aposentado, um educado cavalheiro à moda antiga que não era da política e se candidatou por dever moral, mesmo sem a força vital da mulher que o levou a ser eleito, María Corina Machado.

“É necessário para nossa causa preservar sua liberdade, sua integridade e sua vida”, disse María Corina sobre González. Mas na verdade, exílio é uma espécie de lenta morte política. O caso de Leopoldo López é um exemplo: ele era da mesma cepa carismática de María Corina, tinha fogo interior e conquistava as massas, além de ser um homem de boa aparência – isso conta, na força da imagem, tendo aura de mártir por ter passado três anos preso. Hoje vive na obscuridade do exílio na Espanha.

BAIXAR UM ORTEGA?

É exatamente o mesmo destino que Maduro quer para María Corina: se ela não aguentar as perseguições e ameaças, terá que seguir o caminho do exílio.

Irá Maduro em algum momento virar a mesa contra o governo brasileiro, incomodado com as críticas fininhas, fininhas, tipo o cauteloso “decepcionante” usado por Lula da Silva? Ou o “surpreso” com que o assessor/chanceler oficioso Celso Amorim definiu sua reação ao assédio à sede diplomática?

Irá Maduro dar uma de Daniel Ortega, o decrépito “coma-andante” nicaraguense, e partir para a ruptura, com a expulsão de embaixadores e acusações, numa suprema ironia, de conluio com os Estados Unidos?

Algumas versões dizem que o cerco à embaixada argentina sob jurisdição brasileira foi uma forma de intimidar González, então abrigado na embaixada da Holanda, apressando sua ida para a Espanha. Fontes venezuelanas citadas pelo El País dizem que “o problema agora é Maduro. Em seu entorno, já se começa a assumir que a situação é insustentável. Mas ele, não”.

Será verdade?

PAPAI NOEL SINISTRO

Pelos atos, os bolivarianos estão se achando – até insinuações sobre uns certos segredos Daniel Ortega fez. A caixa de ferramentas intimidatórias de Maduro é muito maior.

Um exemplo conhecido, revelado por uma inesperada revista de aeroporto: o jatinho com a mala onde um executivo venezuelano transportava 800 mil dólares para a Argentina, então sob comando da família Kirchner. Por uma incrível coincidência, Cristina Kirchner estava em campanha eleitoral.

As sacolas de dólares para partidos amigos tornaram-se legendárias.

Como os tiranos das obras de literatura, Maduro anda delirante. Acusou os pobres asilados na embaixada argentina de tramar um complô para assassiná-lo. Também antecipou o Natal para outubro – uma grotesca manipulação destinada a distribuir pernis para acalmar os pobres e dar uma de Papai Noel, mesmo que sinistro.

Que surpresinhas estará guardando para uma eventual ruptura com o Brasil? Terá coragem para revelá-las?

E, no final, quem estará falando fino ou grosso?

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com 

domingo, 8 de setembro de 2024

Prof. Villa ENTREVISTA o filósofo Luiz Felipe Pondé

Pablo Marçal: incêndio em São Paulo

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 29 de agosto de 2024

Pablo Marçal: incêndio em São Paulo.

O sucesso de Marçal se deveu ao fato de ele se ter mostrado superlativamente inescrupuloso, ignorante, cínico e debochado; de modo que o eleitorado bolsonarista passou a cultuá-lo com ainda maior fervor do que o dedicado ao capitão. Catarina Rochamonte para O Antagonista:

São Paulo pegou fogo. Focos de incêndio se alastraram pelo estado causando enorme destruição. As queimadas foram causadas, em parte, por questões climáticas, mas há suspeita de que alguns focos de incêndio tenham sido criminosos.

No fim do ano passado, na apreciação do orçamento 2024, deputados e senadores resolveram diminuir a verba para fiscalização ambiental, prevenção e combate de incêndios.

O motivo pelo qual o Congresso corta verbas destinadas a atividades de inquestionável importância é fácil de adivinhar: a prioridade dos congressistas são eles mesmos; sendo preciso cortar da sociedade para que sobre dinheiro para os bilionários Fundo Partidário e Fundo Eleitoral, para as bilionárias Emendas parlamentares, para renovados privilégios que vão transformando os que deveriam ser representantes do povo em uma nova casta, regida pelos códigos e pelos rituais do fisiologismo.

Incêndio político

Enquanto isso, no curso das campanhas das eleições municipais, um incêndio político foi causado pela subida nas pesquisas de um candidato a prefeito, o “coach” Pablo Marçal (PRTB), que resolveu lacrar na disputa em São Paulo.

Com um debate e umas tantas postagens nas suas concorridas plataformas, Marçal subiu atropelando e já ameaça os antes favoritos Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB).

O sucesso de Marçal se deveu ao fato de ele se ter mostrado superlativamente inescrupuloso, ignorante, cínico e debochado; de modo que o eleitorado bolsonarista passou a cultuá-lo com ainda maior fervor do que o dedicado ao capitão. Para a nossa desgraça, o Brasil tem um novo “mito”.

O culto instantâneo a Marçal não se limitou à capital paulista, mas espalhou-se pelo Brasil, ameaçando a liderança nacional do próprio Bolsonaro sobre o bolsonarismo. Marçal já é visto como um potencial candidato a presidente da República, em 2026.

Tabata X Marçal

Causa estranheza que, diante do extravagante candidato em ascensão, apenas Tabata Amaral (PSB) tenha optado pelo caminho óbvio de apresentar a ficha corrida do dito cujo.

Em seu vídeo mais recente, a candidata levanta a questão: “Furto qualificado, quadrilha de fraude bancária, lavagem de dinheiro, ligações com o crime organizado. Nada disso é segredo. Eu sei porque está tudo documentado pela justiça e pela imprensa. Mas os meus adversários também sabem. Então por que eles não se mexem?”

A própria candidata, então, explica a estratégia de ambos. Segundo ela, Nunes acha que vai para o segundo turno com Boulos e quer negociar o apoio de Marçal. Boulos, por sua vez, quer levar Marçal para o segundo turno por achar que tem mais chances contra ele. “Nunes e Boulos estão assumindo o risco de ter um criminoso mandando na maior cidade do Brasil”, conclui Tabata.

Passageiro ou duradouro, o fenômeno Pablo Marçal expõe a lama para a qual a política brasileira vai escorrendo, já faz algum tempo.

Nas democracias, quando em meio a grandes dificuldades, a sociedade costuma ver a chegada das eleições com alguma esperança. No Brasil, onde um picareta de ordem maior consegue ser catapultado eleitoralmente em meio à divulgação da sua própria delinquência, só resta o tédio e a desolação.

Tabata X Boulos

Registre-se, porém, que o confronto em São Paulo comprova que há distinções, nuances importantes a serem consideradas dentro da esquerda.

Tabata representa uma esquerda combativa e democrática, sendo louvável tanto o seu confronto com o delinquente político do momento quanto sua condenação, sem ambiguidades, do regime político da Venezuela, nomeado por ela como ditadura, com todas as letras.

Guilherme Boulos, por sua vez, representa uma esquerda em crise de identidade, sem rumo, sem moral e sem juízo, que se reveza entre adular Nicolas Maduro e entoar desafinadamente o hino nacional com gênero neutro.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

domingo, 18 de agosto de 2024

Os sandinistas ensandecidos

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 17 de agosto de 2024

Os sandinistas ensandecidos

Não há limites para a loucura do poder de Rosario e Daniel Ortega. Vilma Gryzinski:

As perversidades doentias do casal nota vinte — em abusos — da Nicarágua parecem saídas do manual do caudilho latino-americano enlouquecido. Rosario Murillo e Daniel Ortega expulsaram do país as freiras da ordem de Madre Teresa de Calcutá, prenderam um bispo, insultaram o papa, proibiram procissões, tomaram a maior universidade católica do país, deportaram em massa os nomes mais destacados da oposição, fecharam todos os jornais, expurgaram velhos companheiros, encarceraram o irmão de Ortega, baniram o Rotary Club, proscreveram os escoteiros e hostilizaram até a Miss Universo, a linda nicaraguense Sheynnis Palacios, impedida de voltar a seu país. A expulsão do embaixador brasileiro faz parte do nefasto processo de deterioração dessa dupla possuída pelo mais tóxico dos venenos, o poder absoluto. A única coisa que não se pode dizer sobre eles é que não se sabia o tipo de caráter sórdido que têm. Ortega abusou da enteada durante doze anos; Rosario se voltou contra a própria filha, chamando-a de “mal-agradecida”. As denúncias foram feitas no longínquo ano de 1998. Zoilamérica Narváez contou de forma detalhada e irretorquível como foi seu calvário. Os abusos começaram quando ela ainda nem tinha 10 anos; aos 15, a violação passou para o estágio da penetração. Abrangeram o período em que Ortega era o chefe exilado dos guerrilheiros sandinistas e, posteriormente, o presidente da nova Nicarágua, onde não existia mais a ditadura dos Somoza e a esquerda mundial celebrava um regime promissor formado por estudantes, escritores e poetas. Aliás, nem era preciso ser de esquerda para sentir alívio por um país onde a praga dos Somoza havia acabado, com o ditador original tendo se tornado conhecido pela frase: “Vocês ganharam a eleição, mas eu ganhei a apuração”.

O ódio à Igreja católica começou em 2018, quando houve manifestações de protesto, reprimidas com tiros na cabeça, e os bispos simpatizantes da mudança se ofereceram para intermediar um diálogo. Dom Rolando Álvarez chegou a enfrentar a tropa que o cercava na cidade de Matagalpa, com o Santíssimo Sacramento na mão. Acabou condenado a uma pena insana de 26 anos de prisão, sendo depois deportado. O mesmo destino seguiram outros oito padres na semana passada, levando o total a 151. O papa Francisco, conhecido simpatizante do esquerdismo à moda la­ti­no-­americana, pediu discretamente a intervenção do presidente Lula em casos desse tipo de perseguição. Ortega aproveitou que o embaixador brasileiro não foi à comemoração de uma data revolucionária e rompeu com um aliado da estatura de Lula. É a prova de que o despotismo chegou ao inevitável ponto em que aperta o botão da autodestruição. Com o detalhe de que a Nicarágua, ao contrário da Venezuela, onde o mesmo processo se desenvolve, não tem recursos naturais, projeção geopolítica ou instrumento de pressão que não seja o atalho que abriu para lucrar com a imigração de cubanos para os Estados Unidos. La Bruja, ou a Bruxa, como Rosario é chamada, e seu marido — cada vez mais ela, louca para ser a sucessora, do que ele, velho, isolado e apelidado, à cubana, de “el coma-­andante” — só podem fazer mal aos nicaraguenses e aos iludidos esquerdistas que continuam a apoiá-los. “Ortega e Somoza são a mesma coisa”, cantavam os manifestantes reprimidos. Ou coisa pior.

Publicado em VEJA de 16 de agosto de 2024, edição nº 2906

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

Pablo Marçal é Bolsonaro na versão coach

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOS, de 15 de agosto de 2024

Pablo Marçal é Bolsonaro na versão coach

Marçal é, simbolicamente, aquilo que Bolsonaro foi em 2018. Passada essa moda, virá outra; e nós, brasileiros, enquanto não entendermos que temos um longo caminho pela frente, que não pode ser vencido pelo alarmismo anticomunista demodé dessa direita que insiste em permanecer na dependência de um Dom Sebastião. Paulo Cruz para a Gazeta do Povo:

“Ideólogos competem entre si, em uma imaginada fidelidade à sua verdade absoluta; e são rápidos em denunciar os desviantes ou traidores de sua ortodoxia partidária.” (Russell Kirk, A Política da Prudência)

Há muito tempo a política brasileira é uma atividade essencialmente emocional, conduzida por meio do engajamento. Quase nenhum candidato tem chances de obter votos apelando à razão, ao intelecto e à capacidade de discernimento do eleitor. A espetacularização, a “mitada” e até o ridículo são, atualmente, ferramentas indispensáveis para a atividade eleitoral (e política), ainda que o postulante, ao fim e ao cabo, tenha a pretensão de fazer um trabalho sério. E com a campanha eleitoral atual, para prefeito e vereadores, não tem sido diferente. A entrada do coach Pablo Marçal e do apresentador Datena na corrida paulistana tratou de estabelecer a “normalidade” naquilo que tinha chances de ser uma corrida eleitoral, pelo menos na maior capital do país, absolutamente insossa.

Entretanto, a entrada de Marçal na disputa em São Paulo trouxe ao bolsonarismo, que tinha tudo para abraçar tranquilamente a campanha do péssimo prefeito Ricardo Nunes – em articulação de Valdemar Costa Neto, cacique do PL (atual partido de Jair Bolsonaro) e, é bom que não esqueçamos, condenado a sete anos e dez meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no mensalão –, alguns problemas, digamos, de identidade.

Pablo Marçal é, na política brasileira atual, uma espécie de troll; retórico habilidoso, oriundo do universo neopentecostal brasileiro – em que o discurso apelativo e manipulatório encontra larga aceitação entre pessoas carentes material e espiritualmente –, alcançou, com seu discurso ousado, triunfalista e que não mede consequências no enfrentamento de seus adversários, um caminho para o coração dos eleitores de Bolsonaro, carentes de seu líder que não só os deixou à mercê de Alexandre de Moraes após a derrota eleitoral, mas, no momento, está inelegível e obediente ao Centrão que negou, mas do qual, atualmente, parece se orgulhar em fazer parte – não só ao esfregar na cara de seus eleitores o fatídico “vocês votaram num cara do Centrão”, mas por receber mais de R$ 40 mil por mês do PL de Valdemar.

E não sou só eu que estou percebendo essa sedução de bolsonaristas em relação a Pablo Marçal. Isso é assunto na imprensa, mas, também, entre os próceres, os guaridões do espólio do ex-presidente. O youtuber Kim Paim, numa live recente, disse – num trecho que repercutiu nas redes sociais:

“Pessoas estão se deixando tomar pelo sentimento puramente... estão ficando cegas pelo emocional. A coisa não pode ser assim, gente. O fato do Nunes não ser um cara bom não pode transformar o Marçal num ídolo. O Marçal pode se transformar numa alternativa. Tudo bem, coloque: ʻele é uma alternativa, ele é meu candidato, ele é melhor que o Nunesʼ. Mas o que tá acontecendo é que existe um movimento que é uma idolatria cega ao Marçal.”

Mas o que me parece muito curioso na admoestação de Paim é que ela poderia ser – e, de fato, foi –utilizada para alertar as pessoas, lá nos idos de 2017/18, a respeito de ninguém menos que Jair Bolsonaro. Eu mesmo escrevi várias vezes sobre isso, aqui mesmo, nesta Gazeta do Povo. Como, por exemplo, em um artigo de 12 de julho de 2018, intitulado “É urgente ter paciência”, em que eu disse: “a todo tempo, somos tentados pela ilusão de que somos capazes de suplantar as imperfeições inerentes a essa vida e, em geral, de modo inconsequente, depositarmos nossa esperança numa ideia, num grupo ou até mesmo numa pessoa. Em todo momento nosso senso de prudência é testado pela urgência de nossas aspirações imediatas”. Ou no seguinte, “Siracusa é aqui”, de 19 de julho de 2018, em que digo:

“A verdade é que somos quase todos, de fato, ingenuamente impacientes. A tentação por tomarmos nas mãos o destino do mundo, de manipularmos o imponderável, de, na expressão bíblica, recalcitrarmos contra os aguilhões de nossa natureza imperfeita, é quase irresistível. Dos nossos interesses mais íntimos àqueles cuja finalidade é o interesse de muitos – como a política –, as implicações de realizarmos tudo apressadamente são sempre incertas e quase sempre desastrosas.”

Ou mesmo quando, abertas todas as urnas e declarada a eleição de Bolsonaro, em 1.º de novembro de 2018, afirmei, num artigo intitulado “O que esperar dos governados por Bolsonaro?”, o seguinte: “Se você acompanha meus artigos aqui, nesta Gazeta do Povo, estimado leitor, sabe que considero nosso papel, como nação, como indivíduos, muito mais importante que o papel dos políticos. Já disse e repito: a política é o resultado do que somos como nação, e não o contrário”.

Ou seja, foram vários e vários artigos alertando para o perigo da paixão política, para o desastre, demonstrado ao longo da história, que há na tentativa de antecipar, política e materialmente, e entregar nas mãos de um político (ou de um grupo) o curso daquilo que só a educação e a cultura podem produzir. No entanto – pobre de mim! –, eu apelava à razão de meu leitor. Eu, como professor, humildemente valorizava a capacidade de discernir daqueles que me liam – um articulista declaradamente conservador, que preza pela liberdade que ilustra essa coluna desde o primeiro artigo. Mas fui vencido e serei novamente.

Que fique registrado, mais uma vez, que Marçal é, simbolicamente, aquilo que Bolsonaro foi em 2018. Passada essa moda, virá outra; e nós, brasileiros, enquanto não entendermos que temos um longo caminho pela frente, que não pode ser vencido pelo alarmismo anticomunista demodé dessa direita que insiste em permanecer na dependência de um Dom Sebastião, patinaremos no atraso, na irrelevância e numa posição que não só fortalece, mas confirma as teses de nossos adversários sobre nós.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

sábado, 17 de agosto de 2024

ELEIÇÕES 2024 > SERGIPE

Candidatos a Prefeitura de Aracaju/SE.

Eleições 2024: veja quem são os candidatos a prefeito e a vereador nos 75 municípios de Sergipe

Listas de candidatos foram divulgadas após o prazo de registro de candidaturas e podem ser atualizadas até o dia da eleição. Acompanhe por meio das reportagens de cada cidade.

Por g1 SE

> Clique no Link abaixo para acessar:

https://g1.globo.com/se/sergipe/eleicoes/2024/

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Terrorista que explodiria fãs de Taylor Swift ‘acha certo matar infiéis’

Artigo compartilhado do BLOG DO ORLANDO TAMBOSI, de 9 de agosto de 2024

Terrorista que explodiria fãs de Taylor Swift ‘acha certo matar infiéis’

O que explica a ideologia ultrarradical de jovem de 19 anos planejou um atentado em grande escala contra show da cantora em Viena. Vilma Gryzinski:

“Ele claramente se radicalizou na linha do Estado Islâmico e acha certo matar infiéis”. As palavras do diretor de Segurança Pública do Ministério do Interior da Áustria, Franz Ruf, são de arrepiar. Mostram que a praga do extremismo islâmico que parecia controlada na Europa só procura uma brecha para aflorar de novo.

O terrorista, que confessou o crime planejado para ontem ou hoje, é austríaco com origem num país que a maioria das pessoas nem sabe que existe, a Macedônia do Norte. Foi identificado apenas como Beran A., como exigem as leis austríacas.

Vivia com a família num bom sobradinho – ser refugiado na Áustria tem muitas vantagens. A polícia está investigando se ele tinha cúmplices infiltrados no esquema de segurança do show cancelado de Taylor Swift. Um outro jovem, de 17 anos, também foi preso.

No atentado, ele planejava jogar o carro contra fãs da cantora do lado de fora do estádio onde seria o show, usar um colete-bomba e facas e machetes. Vários materiais explosivos foram encontrados em sua casa. As armas aparecem no vídeo que ele fez antes do atentado frustrado, prestando juramento ao Estado Islâmico.

É um ritual comum do terrorismo que se tornou tragicamente conhecido depois do 11 de Setembro de 2001, o maior conjunto de atentados terroristas da história.

AGENTE INFILTRADO

A radicalização, refletida em sinais externos como barba muito grande e roupas longas de mangas compridas, não era nenhum segredo. “Ele parecia um agente terrorista infiltrado”, resumiu uma jovem moradora do mesmo bairro.

Não seria um atentado sem precedentes. Em 22 de maio de 2017, Salman Abedi explodiu uma mochila-bomba no saguão de entrada do Manchester Arena, onde a cantora Ariana Grande atraía o habitual público de meninas e adolescentes. Foram 22 mortos, na maioria menores.

Abedi foi ajudado por seu irmão, Hashem, e deveria estar sob vigilância estreita – ou simplesmente ter sido expulso da Grã-Bretanha. Os dois irmãos tinham estado na Líbia e mantido contatos com o braço da Al Qaeda no norte da África.

A Inglaterra atualmente está vivendo momentos de alta volatilidade por causa de um outro caso, cujas investigações ainda são sigilosas, mas que provocou reações extremas: o esfaqueamento em massa de meninas que participavam de uma aula de dança com tema Taylor Swift na cidade de Southport. Três crianças morreram. O assassino é Axel Rubakubana, de 17 anos, filho de exilados de Ruanda.

ATÉ AS PEDRAS

O processo de ultra-radicalização de jovens que vivem em países democráticos, avançados e cheios de projetos para dar uma chance a todos (a polícia alemã, por exemplo, cogita dar um ano de Netflix grátis para imigrantes que entregarem suas facas) é intensamente estudado por autoridades de policiamento e inteligência, além de acadêmicos.

Todos costumam tomar os maiores cuidados para não criminalizar toda a religião muçulmana, com centenas de milhões de seguidores que vivem na lei e na ordem. Mas existe evidentemente uma conexão dos ultrafundamentalistas com os preceitos que se propagaram a partir do século VI. É possível tanto usá-los para uma vida pacífica, com atos de fé e filantropia, quanto usar trechos do Corão para pregar que os muçulmanos não podem “tomar cristãos e judeus como amigos” e que até as pedras dirão “tem um judeu atrás de mim, venha matá-lo”.

A radicalização sempre aflorou em várias correntes da religião muçulmana, mas o fenômeno moderno surgiu no Egito do começo do século XX, com a Fraternidade Muçulmana, um movimento cuja ideologia fundamentalista predomina entre os palestinos do Hamas. Pelo lado da minoria xiita, uma palavra que se tornou sinônimo de radicalismo, o extremismo domina as instituições do Estado no Irã. Ambos, atualmente aliados, pregam a extinção de Israel.

“SÓ UMA VEZ”

As autoridades policiais europeias têm feito um trabalho extraordinário para coibir atentados terroristas, inclusive como se viu agora na Áustria. Mas a realidade é que na Inglaterra, na França, na Bélgica e outros países com grandes populações com origem em países muçulmanos a quantidade de suspeitos de radicalismo que precisam ser acompanhados pelos serviços de inteligência é de muitos milhares. Os “lobos solitários”, jovens que se radicalizam na internet sem integrar uma organização, são os mais difíceis de policiar.

Na França, os suspeitos de extremismo são conhecidos como “ficha S”. Todos os autores de atentados terroristas no país estavam nessa categoria de vigiados, mas não processados. A vigilância foi redobrada por causa das Olimpíadas, mas é impossível garantir que algum desses radicais não consiga driblar os serviços policiais.

“Só precisamos dar sorte uma vez”, disseram os terroristas irlandeses do IRA depois de tentarem assassinar Margaret Thatcher com uma bomba escondida em seu quarto de hotel, em 1984.

Já a polícia tem que acertar sempre, como aconteceu agora na Áustria, nem que seja nos últimos instantes.

Imaginem o que é a tensão agora em torno dos shows de Taylor Swift em Londres, com protestos misturando a extrema direita, cidadãos comuns revoltados com o esfaqueamento das meninas, contramanifestações de esquerda e grupos organizados de muçulmanos atacando ingleses brancos. Um vereador foi preso por gritar “temos que cortar a garganta” dos fascistas. É uma amostra do clima que se instalou no país.

Texto e imagem reproduzidos do blog: otambosi blogspot com

quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Alexandre fez | Ponto de Partida


Meio - Alexandre fez | Ponto de Partida

Existe uma diferença entre o que é legal e o que não deveria ser legal.

As ações dos assessores do ministro Alexandre de Moraes talvez não devessem ser legais, só que são.

E isso é só a ponta da crise da democracia brasileira. 

Morre Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica que atingiu Hiroshima

 


Texto reproduzido do site G1 GLOBO JN, de 13 de agosto de 2024  

Takashi Morita, sobrevivente da bomba atômica que atingiu Hiroshima, morre aos 100 anos

Ele era policial militar e sobreviveu à explosão que matou, instantaneamente, entre 60 mil e 80 mil pessoas. Morita se mudou para o Brasil aos 31 anos e, aos 60, se tornou ativista pela paz.

Por Jornal Nacional

Sobrevivente da bomba atômica de Hiroshima morre em SP aos 100 anos

Morreu em São Paulo, aos 100 anos, o pacifista japonês Takashi Morita. Ele foi um sobrevivente da bomba atômica lançado pelos Estados Unidos sobre Hiroshima no último ano da Segunda Guerra Mundial.

Durante os últimos 40 anos, o Senhor Takashi Morita repetiu por onde foi um mesmo pedido:

"Nunca mais, neste mundo, bomba atômica”.

Foi na luta pela paz que ele encontrou a forma de lidar com o dia que mudou sua vida.

“Em Hiroshima, com 21 anos de idade, fui batizado pela bomba atômica. De repente, um grande clarão. E com o grande impacto, fui arremessado uns 10 metros. Um prédio de dois andares que estava na minha frente foi esmagado instantaneamente”, contou Takashi Morita.

Ele era policial militar e sobreviveu a uma explosão que matou, instantaneamente, entre 60 mil e 80 mil pessoas. Morita se mudou do Japão para o Brasil aos 31 anos, mas foi só aos 60 que ele se tornou um ativista pela paz. Ele fundou a Associação de Sobreviventes da Bomba Atômica e começou a percorrer o país.

"Até os seus 95 anos, nós viajávamos dando palestras em vários colégios pelo Brasil e lá fora. Então, uma grande quantidade de pessoas nos ouviu pelos quatro cantos do Brasil”, diz o professor de história André Lopes.

A filha lembra que os jovens sempre foram o alvo principal de Morita e a maior esperança dele.

"Ele falava para muitos jovens nas escolas era: 'Nós, velhos, estragamos o mundo. Vocês têm que consertar”, conta Yasuko Saito, filha Takashi Morita.

A associação chegou a ter 270 pessoas. Junko Watanabe é uma delas. E para quem também foi batizada pela bomba nuclear, as guerras de hoje tocam de uma maneira diferente.

"Dias, a guerra está começando em muitos lugares da Terra. Todo dia, notícias... Ucrânia, Palestina, Gaza... O que vamos vivendo? Crianças morrendo, né? Não pode, não pode”, diz Junko Watanabe.

E foram essas guerras que, no final da vida, deixaram uma certa frustração para Morita.

"Ele falava: 'A gente não fez o trabalho direito. Tinha que ter feito mais'. E assim foi uma tristeza que ele acabou levando, porque viu que a Ucrânia, Gaza, essas coisas assim, deixavam ele muito triste.

"Muito se faz para a guerra, né? E pouco se faz para a paz. Isso a gente tem que reverter”, afirma Yasuko Saito, filha Takashi Morita.

Texto reproduzido do site: g1 globo com/jornal-nacional

domingo, 4 de agosto de 2024

'A Tragédia Venezuelana', por Fernando Gabeira

Artigo compartilhado do site do GABEIRA, de 2 de agosto de 2024.

A Tragédia Venezuelana 
Por Fernando Gabeira (In Blog).

Aliados brasileiros de Nicolás Maduro acham que a Venezuela tem eleições até demais. O problema é que nestes 25 anos o chavismo perde terreno e não se pode falar de eleição limpa: há fraudes demais.

Na noite anterior ao domingo de 28/7, os mais ansiosos nem dormiram. Queriam estar cedo nas urnas para derrotar Maduro. Era a maior chance que a oposição já teve.

Foram eleições deformadas, mas ainda assim competitivas. Maduro impediu que a oposição tivesse a candidata que escolheu, María Corina Machado. Ao longo desse processo, prendeu um oposicionista a cada três dias.

O acordo celebrado em Barbados com a participação do Brasil não foi cumprido. Estados Unidos e União Europeia perceberam que Maduro trapaceava.

De fato, como observaram muitos, é rara a possibilidade de uma ditadura se afastar por meio de eleições livres.

Maduro bloqueou a possibilidade de participação de observadores europeus. São os mais experientes do planeta, costumam empregar 120 pessoas e realizar um trabalho rigoroso. Expulsou da Venezuela alguns deputados independentes que queriam acompanhar o processo. E, finalmente, impediu a entrada no país de quatro ex-presidentes latino-americanos: Mireya Moscoso (Panamá), Miguel Ángel (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia) e Vicente Fox (México).

Quem acompanhou o passo a passo das eleições de domingo encontrou poucos incidentes, sobretudo alguns casos de voto assistido, como o de estudantes forçados a votar em Maduro. O problema central surgiu logo após o término das eleições. Os delegados da oposição foram impedidos de acompanhar as apurações. Nesse momento, creio, o acordo de Barbados foi totalmente para o espaço. A lei garante a presença de opositores pois o processo precisa de transparência.

O governo brasileiro se fez representar pelo ex-ministro Celso Amorim. Mas ele não comentou esse incidente, que foi decisivo para que se articulasse a fraude.

De madrugada, o Conselho Nacional Eleitoral, presidido por Elvis Amoroso, amigo de Maduro, proclama a vitória de forma patética. Segundo ele, a diferença em favor de Maduro era de um pouco mais de 700 mil votos e faltavam 2,3 milhões para serem apurados. Os matemáticos contestaram a visão de irreversibilidade de Amoroso.

O que se seguiu a partir dessa farsa foi uma previsível coreografia internacional. Os amigos de sempre – governos autoritários, como Rússia, China, Irã e Síria – reconheceram a suposta vitória de Maduro. Mas os outros não. Com nuances, todos querem conhecer as atas, mesmo porque a oposição afirma que ganhou com pouco mais de 70% dos votos.

As nuances são importantes para localizar o Brasil, o grande fiador dessas eleições, que se coloca agora numa posição delicada. Países como o Chile e o Uruguai pedem transparência, mas duvidam abertamente da vitória de Maduro. O Brasil se limita a pedir a publicação das atas eleitorais. E Lula da Silva afirma que não houve nada de grave.

Se a ideia inicial era a de legitimar Maduro por meio das eleições, para grande parte do mundo o processo apenas realçou seu viés autoritário. O isolamento de Maduro ficou mais dramático, sobretudo agora, que pediu a retirada de diplomatas de sete países latino-americanos. O Panamá, por exemplo, já suspendeu as relações com a Venezuela.

O período que se inicia é de grande tensão. Os opositores vão tentar valer o que consideram uma ampla vitória sobre a ditadura. Ao mesmo tempo, o regime se prepara para reprimir, prender e, se possível, retirar de cena a grande líder da oposição, María Corina Machado.

Os venezuelanos que contavam com a volta dos 8 milhões de compatriotas que se foram no período ditatorial estão frustrados. A juventude que votou na oposição para não ter de sair do país possivelmente tomará o caminho do exílio.

O êxodo maciço dos venezuelanos se reflete até nas eleições norte-americanas, pois Donald Trump costuma atacar a presença deles nos EUA. Colômbia e Brasil já receberam grande parte desses refugiados. Isso aconteceu num momento em que os governos dos dois países eram adversários de Maduro. Mas, de qualquer forma, caso a Venezuela mergulhe mais na ditadura e, sobretudo, na pobreza, no colapso dos serviços públicos e na corrupção, a tendência é de que escapem pelas fronteiras.

A posição de romper com a Venezuela não resolve. Apoiar o regime de Maduro, por outro lado, não expressa o consenso nacional, apesar de o PT ter divulgado nota reconhecendo uma eleição misteriosa, talvez por ter recebido as atas eleitorais por telepatia.

Continuaremos tendo questões comuns que não se resumem aos 300 mil refugiados, mas à compra de eletricidade, proteção da Amazônia e dos yanomamis, o monumento turístico que é o Monte Roraima – enfim, é preciso pragmaticamente tratar de tudo isso, sem comprometer a defesa da democracia, sepultada pelo regime de Maduro.

Se o governo, como o PT, for além do pragmatismo e defender a existência de um regime democrático onde ele escandalosamente não existe, entrará em conflito com o consenso nacional e se transformará em mais um dinossauro no continente.

Texto e imagem reproduzidos do site: gabeira com br/blog